sábado, 12 de janeiro de 2013

Cabo Verde - Portugal: CÂMARA DA AMADORA RECUOU NOS DESPEJOS




Liberal (cv) – com foto

Talvez incomodados com a presença de ativistas sociais e jornalistas, os funcionários municipais bateram em retirada, levando consigo a retroescavadora que se preparava para arrasar várias habitações e colocar famílias sem-abrigo

Praia, 12 janeiro 2013 – Os despejos previstos para a última sexta-feira no Bairro de Santa Filomena, Amadora (Portugal), acabaram por não se efetuar. Um camião da Câmara Municipal, transportando uma retroescavadora, ainda chegou ao local logo pela manhã, mas a presença de dezenas de ativistas sociais e de vários jornalistas parece ter contido o ímpeto demolidor, e os funcionários municipais, as máquinas e respetivo enquadramento policial acabaram por bater em retirada.

Entretanto, moradores do bairro deslocaram-se durante a manhã aos Paços do Concelho intentando falar com o edil, Joaquim Raposo, em cuja gaveta repousa um pedido de audiência com data de Junho último. Em vão.

Para além dos ativistas sociais, também marcou presença o deputado Emanuel Barbosa, eleito pelo Círculo Eleitoral da Europa e Resto do Mundo, que desde o início tem vindo a acompanhar o processo de despejo e manifestado solidariedade com os moradores do bairro. No local, o parlamentar do MpD falou com os jornalistas e deu uma entrevista ao canal de televisão português TVI. Da Embaixada de Cabo Verde em Lisboa é que, mais uma vez, não se viu vivalma, nem tão-pouco se conhece qualquer diligência promovida pela representação diplomática.

Recordamos que, durante a última semana, fiscais da câmara contactaram com vários moradores anunciando as demolições de ontem. Entre eles, estão duas famílias não abrangidas pelo Plano Especial de Realojamento (PER), entre as quais o agregado familiar de Jailson Fonseca Amador, cuja história tivemos ocasião de aqui contar em 11 de dezembro último.

Os despejos no bairro tiveram duas expressões de grande violência em Julho e Novembro do passado ano, colocando sem teto crianças, idosos e pessoas de saúde precária, algumas delas ali residente há quase duas dezenas de anos, sem que a Câmara Municipal alguma vez tenha obstado à sua permanência ou à construção de novos fogos, excluindo-as de qualquer processo de realojamento que garantisse habitação a preços justos e adequados aos rendimentos familiares. Pelo contrário, a “solução” encontrada pelo município é o pagamento de uma semana de alojamento numa pensão de Lisboa, posto o que as pessoas (todas elas com autorização de residência e grande parte com cidadania portuguesa) são colocadas no olho da rua.

Ao que o Liberal apurou, ativistas sociais e defensores dos direitos humanos preparam nova concentração na próxima segunda-feira, 14, temendo ser nesse dia que a autarquia retome o processo de despejo.

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