Téla Nón (st)
Talvez não existam
palavras para descrever o nível tão extremo da insatisfação das nossas
necessidades mais básicas e o aumento da frustração entretanto, enquanto nos
resta força, pedimos socorro. Não só como forma de clamar pelos nossos direitos,
mas sobretudo porque não sabemos até quando aguentaremos sobrevivente.
ESTUDANTES
SANTOMENSES EM CUBA, DESCONTENTES COM A MODALIDADE DE PAGAMENTO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, FACE A UM ANO DO ESTIPENDIO EM ATRAZO
Exmos. Senhores:
Dirigentes, Pais e
Encarregados de Educação, antes de mais recebam os nossos melhores
comprimentos, e votos de boas entradas.
Estimados, esta é
mais uma carta que nós os estudantes de Santa Clara, em representação dos
estudantes Universitários Santomenses em Cuba, enviamos para os órgãos de
soberania, comunicação social e toda a sociedade civil em geral, para vos dar a
conhecer a triste e lamentável situação em que vivemos actualmente na República
Socialista de Cuba.
Talvez não existam
palavras para descrever o nível tão extremo da insatisfação das nossas
necessidades mais básicas e o aumento da fustração entretanto, enquanto nos
resta força, pedimos socorro. Não só como forma de clamar pelos nossos
direitos, mas sobretudo porque não sabemos até quando aguentaremos sobriviver
em tais condições, estamos cientes de que as condições económicas do nosso país
não são as melhores e que ante tal situação todos devemos sacrificar. Mas sem
fruta-pão, safu, matabala, mandioca, jaca, búsio de mato etc, este sacrificio pode
ser fatal. É até certo ponto è incomodo estarmos sempre a bater na mesma tecla
e de forma pública, dada a situação de calamidade que encontramos. Já não temos
e nem sabemos até que ponto os nossos debis corpo vão aguentar os apertões dos
cintos imposta de forma visivel e desuhumano pelos senhores dirigentes da nossa
patria querida pois, as necessidades vão mais para lá do nosso sacrificio e
esforço humano.
Lhes informamos
que, antes da caida do ultimo governo, nòs enviamos uma carta aberta alertando
ao anterior Governo na altura sobre a nossa triste situação, do atraso já mencionado.
Analizando, a
relação necessidade/felicidade é muito relativa, tanto é que para
João, levantar e saber que tem sabão para banhar, pasta dental para escovar os
dentes e talvez um pão para comer ele já estaria feliz; Maria, talvez se pudesse passar a quadra festiva de Pascúa, Natal e Ano Novo comendo
maxipombó ou peixe coelho com os seus familiares estaria feliz (…), enquanto
que Pedro contentaria simplesmente com saber que poderia comprar um sumo na
referida quadra festiva. Preferimos esquecer o sonho do Alberto e da Ana porque
eles pensam em ter um computador, viajar e divertir (algo também normal).
Entretanto, a nossa
luz vermelha consiste em vos informar que neste momento estamos pior que João
ou seja, levantar e não ter sabão para banhar e roupa limpa para vestir, pasta
dental e talvez um pão para comer é muito incerto, e não esquecendo de outros produtos necessários para satisfação da higiene pessoal.
Tendo em conta esta metáfora voltamos a dar-vos a conhecer detalhadamente mais uma vez a situação
em que vivemos hoje nesta ilha, informando-lhes que:
Há estudantes que
dependem 100% deste estipendio, para compra de artigos básicos.
Existem estudantes
que não têm um centavo para se quer pagarem um autocarro para dirigirem as suas
faculdades.
Estudantes que com
problemas de saúde necessitam de seguir uma dieta alimentícia rigorosa e que
esta a passar fome estrema, devido este atraso.
Estudantes que ja
terminaram e necessitam de uma intervenção do governo junto a Embaixada de
Portugal em Cuba para os trâmites de regresso e porem as suas contas em dias com
terceiros (pagos de renda de casa).
Agora perguntamos:
Crêem que é normal um estudante viver um ano sem estipendio num país onde não se pode
trabalhar nem inventar?
Isto só acontece em
São Tomé e Príncipe, um país como nosso.
Nesta ordens de
ideias, apresentamos o nosso descontentamento total face a injustiça na
modalidade de pagamento do Ministério atendendo o abandono do governo face a
nossa pessoa. Pais e encarregados de educação, o termo injustiça outrora
abordado é devido a que è do nosso conhecimento que pagaram um grupo de
estudantes (filhos de papai ) antes do natal e fim do ano enquanto
que uma maioria continua no esquecimento.
Voltamos a
perguntar:
Crêem que é justo?
Será que este
governo priva pelos direitos iguais, aplicando esta modalidade ?
São milhares de
questões pendentes, e como aprendemos que as roupas sujas se deve lavar em
casa, por isso que não estendemos mas as nossas suplicas.
Pedimos, em nome da
lei que protege os estudantes, o pago dos subsídios em atraso nos próximos dias, mesmo sabendo que o país esta nas situações que se encontra, para que
depois não digam na praça pública que “os estudantes de Cuba são rebeldes”, pois
se o somos, é com a nossa grande razão (isto porque muitos de vos,
passaram natal e o ano novo em grande).
E nós quê?
Esperamos a vossa
boa atenção e que nos próximos dias, tenham a amabilidade de fazer algo em
função destas tais situações correntes.
Terminamos esta
mesma, esperando que tenham a consciência do que realmente esta passando com os
filhos dos outros, que supostamente, não seria do vosso agrado caso fosse os
vossos filhos nestas condições.
Em nome de todos,
nossas saudações.
Os subscritores:
Samnio Lima.
Yuri Sebastião.
Davidson Narciso.
Onezio da Mata.
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