segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Portugal: O ANO DE ANTÓNIO JOSÉ SEGURO




Ana Sá Lopes – Jornal i, opinião

O resultado de futuras eleições é um nó cego. Um bloco central à grega?

O barómetro i/Pitagórica traz vários resultados inesperados: era pouco provável que depois da aprovação do pior orçamento do Estado de todos os tempos em conjugação com a pior crise das nossas vidas, os partidos que compõem o governo aparecessem violentamente fustigados pela opinião pública. Mas não. Tanto o PSD como o CDS conseguem extraordinariamente aumentar os seus scores eleitorais relativamente ao mês de Novembro. E se o PSD se mantém longe do resultado com que venceu as eleições de 2011 – teve 38,7%, agora tem 29% – a verdade é que o CDS consegue obter um resultado praticamente idêntico ao que recolheu nas eleições legislativas – 11,4%.

Em directa correspondência com estes resultados extraordinários dos partidos que compõem o governo, a sondagem apresenta outro indicador surpreendente. Como é possível que o maior partido da oposição diminua – numa conjuntura destas – as suas expectativas eleitorais face ao mês anterior? É muito difícil ser líder da oposição quando a economia está em crescimento e pujança económica, mas a situação actual parece introduzir um elemento novo: está a ser muito difícil para António José Seguro ser líder da oposição no meio do caos. É verdade que o PS está à frente nas intenções de voto – mas apenas por cinco míseros pontos.

Se as eleições fossem hoje, segundo os dados do barómetro, o PS tinha 34%, mas o PSD e CDS juntos obtinham 40%. É verdade que há maioria de esquerda: 34 do PS mais 11,2 da CDU e 8,4 do Bloco dão para uma coligação com maioria absoluta. Acontece que essa coligação persiste nos abaixo-assinados mas não na vida real. Entende-se que muitas personalidades, com Mário Soares à cabeça, queiram correr com Passos Coelho mas recusem eleições antecipadas. O previsível resultado é um nó cego – e mais depressa redundaria num novo bloco central à grega.

É um facto que António José Seguro só muito recentemente vestiu o fato de líder da oposição – até aqui participou no tão festejado “consenso político” em torno das medidas decisivas do governo. Infelizmente, agora que rompeu com o memorando, a sua alternativa tem sido pouco perceptível. O ano de 2013 vai ser um ano decisivo para Seguro: ou se impõe ou é derrubado, porque o horror ao vazio faz parte das organizações. O congresso do PS – que se realiza ou antes ou depois do Verão – vai ser o acontecimento político do ano.

Sem comentários:

Mais lidas da semana