Ana Sá Lopes –
Jornal i, opinião
O resultado de
futuras eleições é um nó cego. Um bloco central à grega?
O barómetro
i/Pitagórica traz vários resultados inesperados: era pouco provável que depois
da aprovação do pior orçamento do Estado de todos os tempos em conjugação com a
pior crise das nossas vidas, os partidos que compõem o governo aparecessem
violentamente fustigados pela opinião pública. Mas não. Tanto o PSD como o CDS
conseguem extraordinariamente aumentar os seus scores eleitorais relativamente
ao mês de Novembro. E se o PSD se mantém longe do resultado com que venceu as
eleições de 2011 – teve 38,7%, agora tem 29% – a verdade é que o CDS consegue
obter um resultado praticamente idêntico ao que recolheu nas eleições
legislativas – 11,4%.
Em directa
correspondência com estes resultados extraordinários dos partidos que compõem o
governo, a sondagem apresenta outro indicador surpreendente. Como é possível
que o maior partido da oposição diminua – numa conjuntura destas – as suas
expectativas eleitorais face ao mês anterior? É muito difícil ser líder da
oposição quando a economia está em crescimento e pujança económica, mas a
situação actual parece introduzir um elemento novo: está a ser muito difícil
para António José Seguro ser líder da oposição no meio do caos. É verdade que o
PS está à frente nas intenções de voto – mas apenas por cinco míseros pontos.
Se as eleições
fossem hoje, segundo os dados do barómetro, o PS tinha 34%, mas o PSD e CDS
juntos obtinham 40%. É verdade que há maioria de esquerda: 34 do PS mais 11,2
da CDU e 8,4 do Bloco dão para uma coligação com maioria absoluta. Acontece que
essa coligação persiste nos abaixo-assinados mas não na vida real. Entende-se
que muitas personalidades, com Mário Soares à cabeça, queiram correr com Passos
Coelho mas recusem eleições antecipadas. O previsível resultado é um nó cego –
e mais depressa redundaria num novo bloco central à grega.
É um facto que
António José Seguro só muito recentemente vestiu o fato de líder da oposição –
até aqui participou no tão festejado “consenso político” em torno das medidas
decisivas do governo. Infelizmente, agora que rompeu com o memorando, a sua
alternativa tem sido pouco perceptível. O ano de 2013 vai ser um ano decisivo
para Seguro: ou se impõe ou é derrubado, porque o horror ao vazio faz parte das
organizações. O congresso do PS – que se realiza ou antes ou depois do Verão –
vai ser o acontecimento político do ano.
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