O antigo Presidente
da República diz ser necessário colocar os mercados no lugar
Mário Soares
alertou nesta segunda-feira para o facto de os governos estarem reféns dos
mercados e avisou que, se não se colocarem os mercados “no lugar”, se pode
caminhar para uma “terceira guerra mundial”.
Durante a
conferência Portugal no Mundo, no âmbito dos 40 anos do semanário Expresso,
o antigo Presidente da República reagiu com pouco optimismo ao
discurso optimista do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que
abriu o encontro.
"Acho muito
difícil que se possa ultrapassar [a crise]. A crise começou nos EUA. São os
mercados que governam e os governos não têm margem, porque não querem ter. Se
fôssemos eu e [Felipe] González [antigo chefe do Governo espanhol], obrigávamos
os mercados a estar dependentes do Estado. Os mercados não podem ser os
senhores do Estado e tem de haver regras”, afirmou.
Ao lado de Soares
estava o antigo chefe do Governo espanhol Filipe González, que salientou a
pouca margem que os governos têm, referindo que "quem manda é Wall Street
e a City”, e mostrou-se preocupado com a ausência de um projecto de país para a
Espanha.
"Fomos os
melhores alunos da união monetária. Em 2007, o nosso défice público não
existia. Tínhamos um superavit. Tínhamos dívidas de 30% do PIB. Mas as
dívidas das famílias eram de 90% do PIB e as das empresas chegavam aos
160%-170%. E fomos vítimas da bolha especulativa”, afirmou o socialista
espanhol.
Além de Mário
Soares e Felipe González, participam durante todo o dia nos debates personalidades
como Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia; José Ramos-Horta,
ex-Presidente da República Democrática de Timor-Leste; Joaquim Chissano,
ex-Presidente da República de Moçambique; Celso Lafer, ex-ministro das Relações
Exteriores do Brasil; António Damásio, professor universitário; Miguel Poiares
Maduro, professor de Direito Europeu no European University Institute; e
Henrique de Castro, director de operações da Yahoo.
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