Zorrinho acusa
Cavaco e Governo de empobrecer o país
Diário de Notícias
- Lusa
O líder parlamentar
do PS acusou hoje Cavaco Silva e a maioria de serem "um mesmo bloco ao
serviço das políticas de submissão e empobrecimento" e defendeu que o
partido deve liderar "um novo rumo" para o país.
O presidente da
bancada socialista, Carlos Zorrinho, que discursava durante o XIX Congresso do
PS, criticou novamente a intervenção do Presidente da República na sessão
solene do 25 de Abril e acusou-o de ser juntamente com o PSD e o CDS "um
mesmo bloco ao serviço das políticas de submissão e empobrecimento que são
impostos".
"Se o
Presidente da República dividiu em vez de unir, nós temos de dar o exemplo
contrário, temos de unir em vez de dividir, esse exemplo deve emergir de dentro
de nós, é isso que está a acontecer e a colocar tão nervosos os nossos
adversários", sustentou.
Neste contexto,
Zorrinho salientou que "os portugueses têm quem os defenda" e apontou
o PS como "o reduto da esperança, da mudança, da ambição, da
modernidade":
"Os
portugueses sabem disso e esperam muito de nós, é porque sabem disso que os
portugueses nos atribuem mais responsabilidade quando o país vive momentos de
crise, que não criamos e somos sempre chamados a resolver", declarou.
Antes, o antigo
secretário-geral da UGT João Proença defendeu que o país precisa urgentemente
de "uma aposta no emprego, nas qualificações e na melhoria das condições
de vida".
Proença considerou
que deve ser feita uma "mutualização de parte da dívida portuguesa" e
que o PS quer "mais tempo mas não quer mais dinheiro".
"O PS é o
partido da democracia, da liberdade e da igualdade, do progresso económico e
social, deve ser capaz de devolver a esperança aos portugueses, exige-se uma
clara mudança de políticas porque estamos fartos desta austeridade, precisamos
de crescimento e emprego, de políticas viradas para o investimento
produtivo", vincou.
Por outro lado, o
socialista Eduardo Cabrita considerou que o PS deve bater-se por "um
consenso em torno da renegociação do memorando e um acordo de estabilização da
economia pelo menos até ao final da década", ao nível fiscal mas também na
política de rendimentos e preços.
"O PS deve ser
a resposta e a voz dos que dizem basta, o PS tem de ser o partido que, como no
passado, lidera o desafio das reformas", referiu, apontando como
prioritárias as reformas da justiça, do sistema eleitoral ou da regionalização.
O deputado
socialista advogou que o partido deve abrir-se à sociedade com "propostas
como as primárias para a escolha do candidato a primeiro-ministro" e
realizar "um profundo estudo".
Neste contexto,
Cabrita deixou um apelo à pluralidade de opiniões no PS nesta
"transformação da relação com a sociedade como mobilizador",
afirmando que o partido tem de "ouvir tanto o Luís Amado como o Pedro Nuno
Santos".
Costa diz que há
mais Europa para além da troika e de Merkel
O presidente da
Câmara de Lisboa considerou hoje que há mais Europa para além da
"troika" e mais Alemanha para além de Merkel e defendeu a
renegociação do memorando para evitar a morte do devedor.
Este segundo dia do
XIX Congresso Nacional do PS foi aberto por uma intervenção do presidente do
Parlamento Europeu e dirigente social-democrata germânico, Martin Schulz.
Um discurso que
serviu depois ao dirigente socialista António Costa para tentar demonstrar a
tese de que se impõe a renegociação do memorando da "troika" (Banco
Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) e que há
uma alternativa para Portugal no contexto europeu.
"Ouvimos aqui
hoje o nosso camarada Martin Schulz. Há mais Europa para além da 'troika', há
mais Alemanha para além de Merkel", disse, recebendo palmas dos
congressistas socialistas, numa alusão crítica à atuação da chanceler germânica
Ângela Merkel.
No plano europeu,
António Costa afirmou que "Portugal não pode capitular na defesa do
interesse dos outros" e, pelo contrário, tem de bater-se pela
imprescindível renegociação do memorando, alegando que nenhuma das metas
propostas foi atingida.
A seguir, Costa
argumentou que essa renegociação não só é necessária, como também é muito
possível.
"Nenhum credor
quer a morte do devedor. Qualquer credor quer que o devedor esteja de boa saúde
e produza o rendimento suficiente para sobreviver e para ter o excedente
necessário para pagar o que deve", advogou.
Num discurso de
caráter programático, o presidente da Câmara de Lisboa defendeu a estabilização
da economia, através da recuperação do setor da construção com um plano de
reabilitação urbana e através da dinamização do mercado interno com medidas
como o aumento do salário mínimo e a redução do IVA da restauração.
António Costa
advertiu neste contexto que Portugal tem de negociar e aplicar de forma
diferente o próximo programa de fundos comunitários.
Os fundos
comunitários, de acordo com a sua conceção, têm de servir de base de
investimento e para atacar os problemas estruturais que "minam" a
competitividade da economia portuguesa.
Nesse sentido,
propôs duas frentes territoriais: uma do litoral com capacidade competitiva no
mercado transatlântico, e uma zona fronteiriça com vocação para o mercado
ibérico.
"Nesse mercado
ibérico, nós não somos interior mas sim centrais, porque estamos no centro do
mercado da Península Ibérica. Não há nada mais inteligente do que mobilizarmos
os fundos comunitários para um grande programa de empreendedorismo e de
empregabilidade, sobretudo dirigida à geração mais qualificada em
Portugal", advogou.
Outra ideia
apresentada por António Costa relacionou-se com a celebração "de um grande
acordo estratégico de concertação", capaz de resolver os impasses
políticos (reforma do sistema político), estabilizar o quadro fiscal e
assegurar a sustentabilidade do Estado social.
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