MDR – MLL - Lusa - foto Josá Goulão
O ex-ministro
português Luís Amado afirmou hoje que “as grandes decisões” necessárias à
Europa só vão ser tomadas após as eleições na Alemanha, em setembro, e que é
“pertinente” questionar se “a pressão social” aguenta até lá.
Amado falava à
imprensa à margem da conferência “Portugal na Balança da Europa e do Mundo”, a
decorrer em Lisboa, na qual falou do “problema gravíssimo” que a Europa
enfrenta desde que as divergências económicas decorrentes da crise criaram uma
“disfunção política” entre os 27.
“As grandes
decisões que serão necessárias para estabilizar definitivamente este processo
de reorganização do processo de integração da Europa, de facto, só ocorrerão
quando o Governo alemão estiver relegitimado por novas eleições”, disse o
ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.
Para Luís Amado,
tendo em conta que essas eleições só se realizam em setembro, “é pertinente”
questionar se “a pressão social que hoje se sente nas democracias, em países
com programas de ajustamento tão duros e tão austeros do ponto de vista social,
como é o caso português, aguentam muito mais tempo”.
Mas, considerou, a
situação é sustentável “desde que haja boa capacidade política” para transmitir
às populações “confiança” na resolução dos problemas do país.
O ex-ministro
rejeitou, por outro lado, que haja falta de solidariedade na União Europeia,
afirmando que “tem havido gestos de solidariedade”, como a decisão tomada hoje
pelos ministros das Finanças da zona euro de alargar em sete anos o prazo para
Portugal e a Irlanda pagarem os empréstimos concedidos ao abrigo dos programas
de ajustamento.
Segundo Luís Amado,
a solidariedade devia, no entanto, ir mais longe, “designadamente sob a forma
de uma intervenção mais efetiva das instituições europeias” no apoio a países
como Portugal e a Grécia, que “têm que fazer o ajustamento todo por conta da
política fiscal e da política orçamental”.
Sem comentários:
Enviar um comentário