terça-feira, 23 de abril de 2013

Homicídios, prisões e desigualdade social são preocupantes em Cabo Verde – ONU





23 de Abril de 2013, 20:25

O aumento dos homicídios, os gangues juvenis, a situação nas prisões e as desigualdades sociais são algumas das preocupações apresentadas hoje na Revisão Periódica Universal de Cabo Verde, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

A Revisão Periódica Universal (RPU) é um mecanismo para avaliar a situação dos direitos humanos nos países realizada pelo Conselho dos Direitos Humanos (CDH), órgão supervisionado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), realizado a cada quatro anos.

A RPU de Cabo Verde, no qual participaram inúmeros países, acontece hoje, em Genebra, e a troika organizadora da avaliação do país foi composta por Burkina Faso, Cazaquistão e Guatemala.

O Alto Comissariado dos Direitos Humanos preparou um relatório - que abrange as preocupações e recomendações de vários organismos da ONU – para ser apresentado hoje na RPU.

Neste documento, o Escritório das Nações Unidas em Cabo Verde indicou que houve um aumento do número de homicídios, especialmente entre os jovens na Cidade da Praia e em outros centros urbanos, sendo que, em 2011, tinha alcançado o nível máximo registado.

O aumento da delinquência nas cidades, os gangues juvenis e a circulação de armas de pequeno porte têm preocupado as autoridades cabo-verdianas, que têm realizado investimentos importantes no âmbito do fomento da capacitação da polícia, entre outras medidas, para actuar de forma adequada, de acordo com o documento.

O Comité dos Direitos Humanos expressou preocupação com a brutalidade policial contra os jovens como forma de punição extrajudicial, referindo ainda que as denúncias de violência policial devem ser investigadas.

Cabo Verde deve adoptar medidas concretas para combater a delinquência juvenil e a proliferação de gangues, assim como abordar as verdadeiras causas destes problemas, instou o organismo.

O escritório das Nações Unidas no país diz que Cabo Verde tem tido dificuldades para cumprir suas obrigações de direitos humanos em relação às condições das prisões. Algumas medidas vem sendo tomadas, como a construção de prisões na Ilha Sal e na Ilha de São Vicente, de acordo com o documento.

No relatório indica-se que Cabo Verde tem ainda de assinar tratados internacionais relacionados aos direitos humanos.

A ONu destaca os grandes progressos na alfabetização no país desde a independência, mas recomendou o reforço na educação, em todos os níveis, para que se proporcione um maior desenvolvimento do país.

Apesar das reformas profundas no país, as desigualdades sociais continuam e ainda se mantêm as diferenças de género e a violência de género, assim como o preconceito contra pessoas portadoras do VIH/Sida, referiu o documento.

Já o relatório nacional preparado por Cabo Verde referiu que o país tem fortalecido o sistema nacional de protecção dos direitos humanos, realizado uma cooperação técnica com os mecanismos internacionais e ainda aderido a tratados internacionais.

O país indicou ainda que tem promovido o respeito e a protecção das crianças, dos direitos civis e políticos, dos direitos humanos na administração da justiça e no sistema penitenciário, pela igualdade de género e contra a violência de género e pela protecção protecção dos grupos vulneráveis.

Desde o anterior exame (em 2008), Cabo Verde referiu que dedicou consideráveis esforços na aplicação das recomendações e o cumprimento de seus compromissos internacionais e que conseguiu progressos significativos nesta área, mas a escassez de recursos limitam sua actuação nesse campo.

O Reino Unido, Eslovénia e Holanda apresentaram questões a Cabo Verde relacionadas com a violência de género e doméstica e trabalho infantil, já o México preocupou-se com a questão da discriminação e sobre o aumento da população carcerária.

Na sexta-feira será adoptado o relatório da RPU, com as recomendações para o desenvolvimento dos direitos humanos no país.

Lusa

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