Beatriz Gamboa
Anda polémica no ar
e na sociedade timorense sobre Timor-Leste participar em concursos de misses. É
o caso de Miss Timor-Leste que se possa balançar e concorrer ao certame mundial
de Miss Mundo. A discussão é acesa. Aquela discussão, a polémica, não é mais
nem menos que uma parolice. Uns porque manifestam-se fanáticamente contra o tal
certame, outros porque alimentam a polémica ao se declararem também
fanáticamente a favor. É assunto que não merece polémica. Existe um certame
mundial e os países devem e merecem ser representados. No caso é de misses.
Pois bem, as jovens timorenses são potenciais vencedoras. Beleza nas jovens
timorenses é o que não falta. Então por que razão não devem representar o seu
país e as mulheres de Timor-Leste?
Que é um certame
fútil. Dizem os contra. Talvez seja. Não é. Dizem os a favor. Talvez não seja.
Útil, não fútil. Digo eu. Que mal tem em encher o ego das jovens timorenses que
se revejam com a representação no certame? As mulheres timorenses não sofreram
já mais que o suficiente para que agora experienciem fazer parte do mundo? Não
podem ser belas e mostrar-se ao mundo, competir? Quem está contra? Os falsos
moralistas (padrecas pedófilos) e velhos decrépitos, senis, sexualmente
disfuncionais e impotentes? Mulheres gordas e feias?
Pois, “mas é uma
despesa do país que se deve evitar, porque Timor-Leste é um país onde há fome,
muito desemprego, muita miséria, muitas carências em coisas básicas e essenciais
como no caso da saúde, habitação, água potável, esgotos, educação,
infraestruturas, etc.,etc.” – argumentam os que estão contra as misses.
Então o problema é
as verbas aplicadas pelo estado timorense nas misses. Porque essas verbas podem
reverter para o bem-estar da população. Tal argumento seria pertinente se por
mero acaso não houvesse uma elite timorense e internacional que se impôs e que
rouba descaradamente o que é de todos os timorenses. É vê-los. Mas como é que
uns quantos enriqueceram em tão curto espaço de tempo? Já eram ricos? Não.
Muitos até eram paupérrimos e andavam com uma mão atrás e outra à frente no
tempo indonésio e depois… Até à fase da “chuva” de milhões da comunidade
internacional e dos dinheiros do petróleo ou do que quer que fosse que os
enriqueceu por obra e graça de um espírito santo ladrão, corrupto,
desonesto e digno das labaredas do inferno. Apliquem-se a sério na caça aos
ladrões e aos corruptos. Deixem a juventude em paz. Deixem a juventude
concretizar os seus sonhos. É ela que é o futuro de Timor-Leste e não os
sevandijas que se apoderaram dos poderes num misto de intenções puras e
impuras, patrióticas e anti-patrióticas Além disso não privem
aqueles que no mundo apreciam a beleza de se regalar a olhar e apreciar as mulheres
timorenses formosas, dignas de serem misses, tal qual o sonho que alimentam e
que a sociedade timorense lhes deve.
Ser misse significa
viajar, aprender, socializar com outras culturas, cultivar-se, desinibir-se,
conhecer melhor o certo e o errado, deixar-se sensibilizar pela necessidade de
prestar solidariedade que estes ou aqueles seres humanos – aquele povo
martirizado ou doentes – precisam. Ser misse pode significar a abertura de
várias portas e janelas para o mundo e o preenchimento de mulheres que se
revejam na jovem que as representa, que representa o seu país e que lhe leva
prestigio. Ser misse pode ser o modo que aquela ou aquelas jovens adquirem para
deixarem de olhar somente para o seu próprio umbigo e sentirem-se cidadãs do
mundo em representação do seu país e das suas compatriotas.
A propósito de
olharem só para o seu próprio umbigo… Não será que está a acontecer isso mesmo
com a elite timorense e também com mais uns e umas quantas iluminados(as)?
Preconceitos, racismos e xenofobias, nacionalismos egoístas
depravados e bacocos, manias, não foi o que levou a solidariedade internacional
dos povos do mundo a contribuir para a luta dos valorosos resistentes
timorenses. Foi o internacionalismo e os valores humanos. A beleza não é um dos
valores humanos? Ainda mais se uma jovem, uma mulher, uma pessoa, fizer o
pleno: bela por fora e por dentro. Expondo-nos e conhecendo outros no mundo de
certeza que somos muito mais belos como seres humanos. Nem que apesar disso
tenhamos de pagar um preço mais ou menos alto pela exposição e pela lição, pelo
prazer ou pela mágoa e pela desilusão. É assim que crescemos, que aprendemos.
Aprender, aprender sempre. Se isso é ser fútil…
Deixem as misses em paz. Tenham vergonha e reformulem-se. Declarem caça efetiva
aos ladrões, aos corruptos, aos pedófilos, aos proxenetas… Têm imensas frentes
de batalha para lutar, vencer e fazer valer a justiça, e assim também erradicar
a miséria. Porque são esses que devem caçar que são os grandes causadores da
fome e de todos os tipos de carências que vitimam a maioria dos timorenses. Não
são as misses nem manifestações culturais ou desportivas. São os que
roubam, os que ludibriam o povo… Mas em quem muitas vezes até votam (quase
sempre) e elegem-nos. Cada vez dou mais razão à minha santa mãe: “ser timorense
é muito complicado”.
Publicado em Timor
Lorosae Nação
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1 comentário:
Querida Beatriz Gamboa,
Que se faca a Miss TL, as meninas Timorenses estao a deixar as saias compridas e a arranjar-se, cada vez estao mais bonitas, com mini saias e calcoes curtos.
A sociedade tem evoluido no bom sentido, em TL nenhuma rapariga e atacada por usar camisas de alcas ou mini saias, ninguem lhes chama putas por andarem vestidas como gostam.
Uma evolucao tremenda em relacao a Indonesia.
Enfim Timor,
Beijinhos da Querida Lucrecia
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