Jornal i - Lusa
Otelo Saraiva de
Carvalho afirmou hoje que Cavaco Silva apenas "gere o seu poder
pessoal" e que "nunca teve a capacidade", que "apesar de
tudo" Oliveira Salazar tinha, de preservar a soberania nacional na relação
com países estrangeiros.
Em Guimarães, à
margem do colóquio "Ontem, Hoje e sempre Abril", Otelo apontou ainda
o dedo ao presidente da República ao afirmar que "foi com este que
começou" o "grande problema do país".
Para o
"general de Abril", como lhe chamaram os populares presentes, Cavaco
Silva foi "sempre" um "homem do partido", embora o tenha
andado a "disfarçar" ao longo do tempo.
"Como
governante, [Cavaco Silva] nunca teve a capacidade que teve Salazar, que,
apesar de tudo que ele era, tentou preservar sempre e foi sempre extremamente
duro em relação às negociações com países estrangeiros no que se referia à
soberania do nosso país. Cavaco silva não", comparou.
Para Otelo,
"Cavaco Silva foi gerindo o seu poder pessoal como primeiro-ministro e
agora como Presidente da República à custa de toda uma degradação politica e
sobretudo económica".
Questionado sobre o
discurso do Presidente da República nas cerimónias de comemoração do 25 de
abril, Otelo, apontou que as palavras de Cavaco ilustraram "aquilo que ele
é" na verdade.
"De facto, o
Presidente Cavaco Silva foi sempre um homem de partido, embora tenha procurado
disfarçar durante algum tempo, com os consensos e não sei o quê. Agora vai
procurar o consenso mas castigando violentamente a oposição", referiu.
Para Otelo, Cavaco
Silva "deve ter tento e não procurar perturbar a ação governativa".
Sobre o atual
Presidente da República, o militar apontou ainda "culpas" na atual
situação do país.
"Foi com ele
[Cavaco Silva] que começou, de facto, o grande problema do país. Ele foi um mau
primeiro-ministro. Fez muitas autoestradas mas não era isso que interessava.
Interessava consolidar economicamente um país que tem pouca indústria",
apontou.
O militar disse
ainda que o "objetivo" do 25 de Abril não era "este" país
mas sim "instaurar um regime de democracia representativa segundo o modelo
ocidental, acabar a descolonização, libertar esse peso angustioso que era e
tentar desenvolver o país".
Segundo Otelo,
"perderam-se os grandes ideais” e "perdeu-se o ideal que é todo um
povo viver em coesão, feliz, com um sentido de bem-estar e dignidade que hoje
não existe".
Ainda assim,
admitiu, "valeu a pena" a revolução.
"Fundamentalmente
porque permitiu rapidamente a um povo, subjugado durante uma ditadura de 48
anos, pela primeira vez, sentir o que era a liberdade. Só por isso valeu a
pena", exclamou.
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