Paulo Gaião –
Expresso, opinião
Cavaco Silva fez a
vida negra aos governos da AD de Pinto Balsemão em 1981 e 1982, um ano
antes da assinatura de mais um pacote de ajuda do FMI a Portugal (o primeiro
tinha sido em 1978).
Os executivos
Balsemão tinham uma maioria no Parlamento mas Cavaco não se importou com
isso.
Conspirou, escreveu
cartas abertas, fez reuniões secretas no Banco de Portugal, na sua vivenda
algarvia Mariani (de Maria e Anibal). Até em traineiras de pesca com sardinhada
ao almoço conspirou.
Destruiu mas nunca
apresentou alternativas. Na hora da verdade, não apresentava listas nos órgãos
nacionais do PSD.
Contribuiu
fortemente para a instabilidade política, que levou os governos Balsemão à
queda, e nesta medida, é também responsável pela degradação na altura das
condições económicas do país e pelo recurso inevitável ao FMI para se evitar a
bancarrota.
Em Fevereiro de
1983, com o PSD em fanicos e o país aflito, a três meses de ser resgatado,
Cavaco nem se dignou ir ao Congresso laranja de Montechoro. Preferiu ficar no
bem-bom da Mariani, a 200
metros da assembleia magna do PSD.
Nem quis participar
na campanha para as eleições de 25 de Abril de 1983.
Durante o governo
do Bloco Central, entre 1983 e 1985, Cavaco recusou negociar enquanto quadro do
Banco de Portugal com as equipas do FMI que estiveram no país.
Quando Mota Pinto
lhe pediu para expor, num Conselho Nacional do PSD, a politica económica
do governo, primeiro não quis e depois acabou por fazer um discurso muito
crítico para a política do governo, que fez tremer o executivo e ameaçou
o cumprimento do programa de assistência internacional.
De vez em quando
Cavaco dava apoio mitigado à direcção do PSD, fazendo jogo duplo com Mota Pinto
e o governo do Bloco Central. Tinha o único objectivo de se manter à tona, à
espera do melhor momento para aparecer, após os outros terem feito o trabalho
difícil da recuperação do país.
Em 1985 chegou essa
hora. Venceu o Congresso da Figueira da Foz e rompeu o acordo do Bloco Central,
o que conduziu à realização de eleições antecipadas que já sabia que ia ganhar,
esmagando o PS com a ajuda de Ramalho Eanes e do seu novo PRD.
É este homem, hoje
Presidente da República, que fala no 25 de Abril na necessidade imperiosa de acabar
com a crispação política, gerando consensos e "condições estruturais
de governabilidade" para evitar um segundo pacote de resgate e
critica quem explora "politicamente a ansiedade e a inquietação dos nossos
concidadãos"...
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