José Ribeiro – Jornal
de Angola, opinião - 28 de Julho, 2013
O mundo
desenvolvido está em crise económica. O caminho seguido está levar os povos
para o beco da recessão e da pobreza. No lugar de alguns países antes prósperos
está a surgir a penúria.
A crise eclodiu por
erros sistemáticos na regulação financeira e porque a ideologia do mercado se
sobrepôs à política a favor do bem comum. A solução agora adoptada, na Europa e
nos EUA, está em fazer cortes nas despesas sociais e isso debilita os Estados e
esmaga os mais vulneráveis.
Alguns países desenvolvidos estão a viver graves problemas sociais. A falência de Detroit, a cidade dos EUA que se tornou em fantasma, é mais um exemplo. Os que chegaram ao fim da sua vida activa perdem grande parte das suas pensões de reforma e são castigados com impostos cada vez mais elevados. O desemprego entre os jovens atinge números assustadores.
O Estado Social Europeu, construído ao longo de décadas após a II Guerra Mundial para eliminar graves convulsões sociais e o perigo de novas guerras, está a ser desmantelado, deixando sem protecção milhões de seres humanos.
Neste crítico quadro planetário, Angola, ainda com o fardo da guerra do “apartheid” e da rebelião destruidora de Jonas Savimbi, vive as mesmas dificuldades de todos os países com as suas características. As economias emergentes tentam a todo o custo libertar-se das amarras da grande crise nascida na febre especulativa de Wall Street e remar contra a maré mundial, procurando soluções entre si e multiplicando os investimentos públicos e privados.
Angola tenta recuperar a economia e reabilitar a infra-estrutura, como forma de fazer renascer o tecido social, promover o emprego e criar riqueza. O Governo angolano, em pouco tempo, retirou milhões de pessoas do flagelo da fome, alargou a protecção social às franjas mais vulneráveis, universalizou o direito à Educação, à Saúde, à Habitação.
O Executivo lançou políticas que multiplicam os postos de trabalho. Criou condições para a criação da própria empresa, a formação profissional, o acesso ao crédito bonificado.
A crise global está a criar grandes dificuldades a Angola, mas no meio da tempestade, aqui ninguém fica para trás. Como disse o Papa Francisco aos jovens no Rio de Janeiro, nenhum ser humano é descartável.
O Presidente José Eduardo dos Santos defende há muitos anos políticas arrojadas e inovadoras para a Juventude. Foi ele que, ainda na vigência do regime centralista, que terminou em 1992, chamou os jovens do seu partido, para com eles protagonizar a abertura vitoriosa e única na História que desembocou no pluripartidarismo e na economia de mercado. Todos os seus governos têm a marca da juventude, nos conteúdos e nas estruturas.
O Presidente José Eduardo dos Santos teve sempre o cuidado de lançar pontes para que as novas gerações tivessem sempre uma importante palavra a dizer nas decisões políticas e nos grandes desígnios nacionais. A renovação dos quadros políticos é um a evidência, desde que assumiu a liderança do país. E hoje, os que estão à frente dos destinos do nosso país, das instituições e das empresas são, na grande maioria, jovens.
A grande riqueza de Angola é a sua juventude. Temos uma população cada vez mais jovem e, na última década, mais qualificada. Ainda temos um longo caminho a percorrer até que essa qualificação atinja o nível ideal. Mas é inquestionável que existe uma explosão da população escolar a todos os níveis e que o Ensino Superior está a afinar a qualidade, depois da sua expansão a todas as províncias e até aos mais importantes municípios do interior.
O regime político liderado por José Eduardo dos Santos é popular e democrático. A juventude angolana tem de perceber o que isto significa. O poder político e económico está nas mãos dos angolanos e os órgãos de soberania exercem a soberania. É evidente que todos gostávamos que já tivéssemos pleno emprego e que as nossas Universidades estivessem nesta altura a contribuir decisivamente para o desenvolvimento de que Angola necessita.
Mas uma década de paz não é suficiente para permitir o nível ideal. O nosso país tem um défice de quadros, por isso o esforço tem de ser redobrado. A economia tem horror ao vazio e se não formos nós a criar rapidamente as elites angolanas necessárias nas ciências, no empresariado, na cultura e nas artes, outros ocupam o vazio. É necessário trabalho árduo para recuperarmos o tempo perdido.
Esta missão fica simplificada e facilitada se os departamentos ministeriais fizerem mais para orientarem e ajudarem os jovens a encontrar os caminhos certos. Os jovens precisam de saber como se devem formar e onde podem procurar emprego. As oportunidades em Angola para os jovens que querem entrar na vida activa, são imensas, mas os procedimentos a adoptar para conseguirem o emprego, são poucos ou mesmo desconhecidos. O caminho alternativo é desperdiçarem o elevado potencial e a grande energia que têm no mercado informal ou baterem à porta da “cunha” e das empresas que já têm números excedentários de trabalhadores.
Quem entra nas empresas espalhadas pelo país, apenas vê jovens a trabalhar. Isso é bom. Mas orientar e explicar aos jovens desempregados, através de campanhas de informação permanente e em massa, quais as vias para conseguirem trabalhar por conta de outrem ou abrirem a sua empresa particular ou familiar, é responsabilidade dos departamentos governamentais, em primeiro lugar. Depois vêm as instituições especializadas do Estado, os meios da comunicação social, as organizações não governamentais, os voluntários e a sociedade civil. Um bom começo para cada um conhecer o que se perde com o desemprego por falta de informação, sugerido há tempos por um economista, é começar a registar quem está a trabalhar no mercado ambulante, quem está no mercado informal e paralelo, qual a população de jovens e adultos que precisa de informação.
O programa de auscultação da juventude lançado pelo Executivo vem no momento certo preencher uma lacuna de comunicação. A Juventude é a maior riqueza de Angola e está uma vez mais provado que tem sempre uma via sempre aberta para dialogar com os detentores do poder político. Num momento de forte proteccionismo mundial e em que a manipulação e a demagogia são utilizadas para lançar os jovens em aventuras, esse diálogo permanente está a ser reforçado.
Poucos países do mundo dão aos jovens tanta atenção como Angola. Em poucos países os jovens têm tantas facilidades de acesso ao ensino técnico e profissional, à constituição das suas próprias empresas, ao crédito, ao apoio institucional. Em poucos países do mundo se colocam os jovens no centro das políticas de Estado. O poder político em Angola cuida bem dessa grande riqueza que é a juventude angolana. Essa opção política é importante. Mas é preciso fazer mais.
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