sábado, 5 de outubro de 2013

A hipócrita corrupção governamental cabo-verdiana e os seus efeitos negativos

 


Carlos Fortes Lopes, M.A. - Cabo Verde Direto, opinião
 
Em Cabo Verde quando um pobre, apodera-se ilegalmente de um pão ou uma bolacha, por necessidade e sobrevivência familiar, e inicialmente crucificado publicamente, posteriormente julgado e judicialmente condenado como ladrão

Ironicamente, quando um funcionário publico rouba aos cofres do Estado o caso e tratado com todo o cuidado, com convenientes demoras judiciais, "com o intuito de proteger o chefe etc., etc.".

Entre o número muito limitado de processos criminais instaurados, a maioria desses processos prescrevem-se, por incompatibilidade do sistema judicial partidarizado existente no Pais, deixando os autores ilibados de qualquer culpa.

Mesmo com documentos demonstrando as ilegalidades dos atos, as investigações ficam sempre aquém das exigências judiciais do lesado (Estado de Cabo Verde) e os documentos acabam por "evaporar" das gavetas do esquecimento, dos departamentos institucionais e judiciais Cabo-Verdianos.

Na generalidade, esses processos são alcunhados de "desvios" monetário institucional mas, os valores monetários nunca são retribuídos as contas dos sectores inicialmente contemplados com essas verbas.

Portanto, é obrigatório relembrar a todos que: "Desvio", monetário institucional significa empréstimo interdepartamental com a posterior retribuição do valor do empréstimo, ao departamento inicialmente contemplado com a verba. Uma definição que é objetivamente deturpada pela Sociedade Politica Cabo-verdiana, por conveniências pessoais e de camaradagem.

Consoante as denuncias feitas pelos eleitos Municipais e Deputados Nacionais, através da Comunicação Social, são inúmeros os casos de roubos nas Camaras e outras instituições públicas do País, incluindo Ministérios.

Entretanto, nada tem sido feito e as graves anomalias de gerência dos Bens Públicos Nacionais tem sido atiradas para as máquinas do esquecimento desta sociedade contaminada pela corrupção.

Por cumplicidade dos que deviam fazer algo e nada fazem.

Mesmo com claras e contundentes decisões do Tribunal de Contas, nada e feito e, o Pais continua a sua derrapagem, fortificando ainda mais esta catástrofe Social Nacional.

Nalguns casos, talvez seja por incompatibilidades políticas dos que de uma forma ou outra envolveram-se em atos de corrupção governamental com o objetivo de enriquecer a custa dos cofres do Estado.

Noutros casos, talvez por medo de serem denunciados pelo envolvimento noutras atividades ilícitas do passado ou ainda por serem pressionados pelas cúmplices maquinas políticas nacionais.

Alias, os Cabo-Verdianos continuam debatendo, diariamente, as suas fortes suspeitas de pessoas que, "sem eira nem beira", anoiteceram-se pobres e amanheceram-se ricos e são socialmente respeitadas como grandes empresários e ate, reconhecidas, estadualmente, como poderosos investidores nacionais.

Como estes casos existem dezenas mais que, apesar de terem sido publicamente relatados e nunca desmentidos, acabaram nas profundezas das gavetas do esquecimento, nas instituições judiciais do Pais. Casos como os do Município do Tarrafal de S. Nicolau, Brava, Santa Catarina do Fogo, São Felipe do Fogo, Mosteiros do Fogo, Porto Novo, Santo Antão, Praia, Santiago, etc., etc.,....apenas alguns exemplos.

Entretanto, como tudo neste Pais funciona de acordo com as programações e objetivos de Campanhas dos partidos políticos, os municípios que não pautam com os ideais do Executivo são geralmente estrangulados, ate o extremo.

Sistema semelhante ao das políticas ditadoras e autoritárias do continente africano. Estrangular comunidades, no nosso caso ilhas, com o objetivo final de criar a devida vulnerabilidade na fragilizada consciência humana, de forma a ser explorada, durante as campanhas, pelo poder de compra dos partidos políticos.

Precisamente o que acabou de acontecer em S. Vicente e Santo Antão, com os partidos políticos a jogarem com a consciência dessa gente que já foram sacrificadas ate ao extremo das suas capacidades de sobrevivência.

Enquanto o povo e estrangulado, são inúmeras as reportagens sobre roubos efetuados em instituições governamentais e publicas – ex.: recentes: Ministério das Finanças - que, entretanto, até agora nao foi justificado e ninguém e responsabilizado.

A Sra. Ministra das Finanças, com as suas públicas e contraditórias declarações não convenceu ninguém. Alias, ao esforçar-se demasiado, na tentativa defensora dos atos de roubos efetuados no seu Ministério, demonstrou uma vez mais o nível e peso da corrupção política nacional.

A corrupta epidemia governamental e social e originaria da contaminada mentalidade de proteção politica de familiares e amigos, assim como as ilegais ofertas de cargos com altas remunerações e de privilegio social que continuam sendo o "pão nosso de cada dia" dos nossos dirigentes nacionais, ao mais alto nível.

É logico e intuitivo que o que esta acontecendo hoje e o resultado dos atos de um passado muito próximo. Alias, controlar ou eliminar esta epidemia de roubos institucionais e uma luta muito difícil para a sociedade Cabo-verdiana, devido ao indireto envolvimento generalizado das diversas camadas políticas do Pais.

As nossas investigações levou-nos a concluir que esta crise de, "desvios", roubos nas instituições publicas do Pais ganhou a dimensão milionária durante a primeira Republica, apos a abertura politica e as eleições multipartidárias de 1991.

Com a afluência dos milhões provenientes da privatização das Empresas Publicas Nacionais alguns dos dirigentes não conseguiram conter as suas ganancias humanas de enriquecimento fáceis e iniciou-se assim o ciclo vicioso de "desvios" roubos institucionais, etc., etc..

A contínua gulodice milionária está ganhando outra dimensão social.

A maioria enriqueceu e outros continuam enriquecendo através de vendas de terrenos adquiridos durante as suas presenças como funcionários, deputados ou Presidentes das Camaras Municipais do Pais.

Enquanto isso, uma minoria usa outra estratégia, aproveitando dos contratos com empresas de sociedades duvidosas que apoderaram-se dos contractos milionários de infraestruturação do Pais, financiados por instituições e governos amigos de Cabo Verde.

Com tudo o que vem acontecendo, ao mais alto nível da governação nacional, só nos resta solicitar o bom senso dos políticos nacionais, se e que ainda existe algum por ai, para que estas e muitas outras cenas do filme "A Corrupção Governamental Cabo-verdiana", com membros deste governo como atores, deixe de fazer parte dos "transcripts" cinematográficos da nossa opinião escrita.

Os Cabo-Verdianos espalhados pelas 9 ilhas habitadas, são as únicas vítimas nesta comedia e exigem, taxativamente, que algo seja feito, a nível do Executivo e da Assembleia Nacional, para por cobro a estas graves anomalias.

O Povo Sofredor exige, Ação, Transparência e Integridade de todos os Governantes, Diretores e Chefes Departamentais.

A Voz Do Povo Sofredor
 
*Mestre em Psicologia Industrial e Organizacional
 
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