O embaixador
angolano em Portugal assegurou em entrevista à SIC Notícias que os
investimentos portugueses em Angola são “bem-vindos” e garantiu que os
portugueses que trabalham no país “não estão a ser perturbados”.
“Os investimentos
portugueses em Angola são bem-vindos. Os portugueses que estão a trabalhar em
Angola não estão a ser perturbados, nem o Estado angolano vai permitir que
sejam perturbados na sua vida normal pelo facto de serem portugueses”, garantiu
José Marcos Barrica numa entrevista ao programa “Sociedade das Nações” que será
exibida este sábado no canal noticioso.
O diplomata, nas
primeiras declarações desde a polémica declaração do Presidente angolano José
Eduardo dos Santos a anunciar o fim da pretendida parceria especial entre os
dois países, assegurou que o seu país continua a “precisar” de Portugal e do
contributo dos portugueses.
“Não se disse que
terminaram as idas dos portugueses a Angola. Não se disse que Angola não
precisa de Portugal. Precisamos dos portugueses, precisamos de Portugal para o
nosso desenvolvimento, como precisamos também de outros países que tenham algo
para oferecer-nos do ponto de vista tecnológico, do ponto de vista do
conhecimento”, disse.
No entanto, e no
pequeno excerto das suas declarações hoje divulgadas na página ‘online’ da SIC,
José Marcos Barrica advertiu que “esta boa vontade (…) não pode ser feita a
qualquer preço” e mesmo tendo “consciência” que é sempre encarada com
“desconfiança”.
“Os angolanos, os
seus dirigentes, não se sentem confortados quando sabem que o seu par de
relação, no caso Portugal, o território português por exemplo, é um território
onde avultam sinais de desconfiança por parte destas pessoas, muitas delas bem
colocadas no Estado português”, sublinhou o diplomata.
E concluiu: “Quer
dizer, não é bom que um dirigente angolano, por exemplo, que venha a Portugal,
saiba que a opinião que se tem dele é de um criminoso”.
Na terça-feira,
durante o discurso sobre o estado da Nação na Assembleia Nacional de Angola, em
Luanda, José Eduardo dos Santos anunciou o fim da parceria estratégica com
Portugal.
"Só com
Portugal as coisas não estão bem. Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula
e o clima político atual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da
parceria estratégica antes anunciada", considerou o Presidente angolano.
Portugal e Angola
têm previsto realizar em Luanda, em fevereiro do próximo ano, a primeira
cimeira bilateral, cuja realização foi anunciada em fevereiro passado pelo
então ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas.
Fonte oficial do
Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse na quarta-feira à Lusa que
Portugal continua a preparar o encontro dos líderes dos dois países.
Também na
quarta-feira, o primeiro-ministro português afirmou que fará tudo o que está ao
seu alcance para que a relação entre Portugal e Angola não seja abalada,
referindo ainda não ter falado com o Presidente angolano sobre este assunto.
"Eu farei o
que está ao meu alcance, como chefe do Governo português, para que essa relação
entre os dois países não seja abalada por episódios de qualquer espécie”, disse
Pedro Passos Coelho.
“Portanto, aquilo
que iremos fazer, como temos vindo a fazer desde o dia em que eu tomei posse, é
realizar uma aproximação muito grande com o Governo angolano, mas também com
instituições angolanas, de forma a cultivar e a aprofundar esta relação que é
importante para as duas nações e para os dois povos", declarou o
primeiro-ministro à comunicação social portuguesa, num hotel da Cidade do
México, onde se encontra em visita oficial.
PCR (EL/IEL) // VM - Lusa
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