quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Moçambique: “Não é por falta de meios que não acusamos casos de corrupção” - PGR

 


Procurador-geral da República, Augusto Paulino, critica o aparelho da Justiça
 
Orlando Macuácua – O País (mz)
 
“Há companheiros que podem ser tentados a justificar a nossa ineficiência com falta de meios. Outros recorrem a inverdades para agradar a direcção. Esse não deve ser o nosso caminho”.
 
O procurador-geral da República, Augusto Paulino, disse, ontem, que é preciso purificar as fileiras da administração da Justiça no combate ao crime de raptos no país e avança inclusive que não é satisfatória a resposta que o Estado tem dado no combate a este crime, na medida em que já foram reportados múltiplos casos só no presente ano.
 
“Os raptos não cessarão enquanto não houver uma profunda purificação de fileiras dos infiltrados no nosso seio, no seio do judiciário”, afirmou o procurador, para depois acrescentar que alguns raptos “são planificados na B.O e já foram também (planificados) nas celas do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) da cidade”.
 
O envolvimento de agentes da polícia nos casos de raptos indignou Paulino, tendo lembrando o caso recentemente julgado, na cidade de Maputo, no qual dos cinco condenados três são agentes da polícia.
 
“Estes companheiros não dignificaram a farda que usaram. Usaram nas armas do Estado para a prática de raptos contra o nosso povo. São companheiros que se colocaram claramente ao serviço do nosso inimigo - o crime organizado”, acrescentou.
 
Paulino, que falava na abertura da segunda sessão do Conselho Coordenador da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decorre no edifício-sede da instituição, na capital do país, disse que a resposta do Estado ao fenómeno dos raptos que grassa as cidades de Maputo, Matola e Beira tarda para as expectativa dos seus agentes e muito mais para “as expectativas dos cidadãos”.
 
Recorde-se que, de 2011 (período em que inicia a onda de raptos) a esta parte, já foram reportados mais de quatro de dezenas de casos de raptos.
 
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