Díli, 05 dez (Lusa)
- Os juízes que vão conduzir a arbitragem internacional entre Timor-Leste e a
Austrália reúnem-se hoje em Haia, na Holanda, para discutir formalidades do
processo em que timorenses acusam australianos de espionagem durante
negociações sobre recursos no Mar de Timor.
Segundo o
primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, o trio de arbitragem vai reunir-se
com as duas partes.
O painel é composto
por Michael Resiman, professor em Yale (escolhido pela Austrália), Lawrence
Collin, antigo juiz do Tribunal Supremo britânico (escolhido por Timor-Leste) e
um terceiro Tullio Trevs, professor da Universidade de Milão e antigo juiz do
Tribunal Internacional para a Lei do Mar (indicado pelos dois países).
O primeiro encontro
dos juízes que vão conduzir a arbitragem internacional ocorre depois de o
escritório do advogado que representa Timor-Leste Bernard Collaery ter sido
alvo, terça-feira, de um rusga pelos serviços secretos australianos, que
confiscaram vários ficheiros eletrónicos e documentos.
Na terça-feira, a
secreta australiano apreendeu também o passaporte a um antigo espião, que é uma
testemunha-chave do processo.
Timor-Leste acusou
formalmente junto do Tribunal Internacional de Haia, a Austrália de espionagem quando
estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajuste Marítimos no Mar de Timor,
em 2004.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim
negociar a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os
proveitos da exploração do Gretaer Sunrise.
Aquele campo de gás
está situado a cerca de 100 quilómetros da costa sul marítima timorense e,
segundo peritos internacionais, se forem delimitadas as fronteiras marítimas de
acordo com a lei internacional o Greater Sunrise ficará situado na zona
exclusiva económica de Timor-Leste.
O CMATS determina
que os resultados da exploração do Greater Sunrise, que vale milhões de euros,
são repartidos igualmente entre os dois países e impede a definição das
fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália durante um período de 50
anos.
Na quarta-feira, o
primeiro-ministro timorense lamentou, em comunicado, as rusgas realizadas em
Camberra, considerando as ações do Governo australiano
"contraproducentes", sublinhando que invadir as instalações de um
representante legal de Timor-Leste e tomar medidas tão agressivas contra uma
testemunha-chave é uma conduta "inconcebível e inaceitável".
O primeiro-ministro
australiano, Tony Abbott, afirmou que a Austrália não interfere em casos, mas
realiza sempre ações que assegurem que a segurança nacional do país está
resguardada.
"Uma das
coisas importantes que o Governo faz é proteger a segurança nacional",
insistiu o primeiro-ministro australiano, citado na imprensa australiana.
MSE // PMC - Lusa
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