O secretário-geral
da UGT, Carlos Silva, disse hoje que "não haverá nada assinado pela UGT
sem mexer no salário mínimo nacional" e exigiu que o Governo "fale
verdade" sobre se vai haver ou não mais cortes.
Carlos Silva, que
presidiu à abertura do seminário 'Os Sindicatos nas Empresas, com os
Trabalhadores' no Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria de
Cerâmica, Cimentos, Abrasivos e Vidros, o único sindicato operário da central,
desafiou o Governo "a dizer claramente aos trabalhadores se os cortes nos
salários e nas pensões são para manter, ou se são transitórios como estava
previsto há dois anos".
"Não é
possível que o primeiro-ministro diga uma coisa e que o presidente do grupo
parlamentar do partido que suporta o Governo diga outra. Os portugueses querem
saber quem é que fala verdade", disse.
O secretário-geral
da UGT insistiu na atualização do salário mínimo nacional, de que faz depender
qualquer acordo com a central sindical.
"Não há
acordos de negociação nem nada assinado com a UGT sem nesse momento estar o
salário mínimo nacional e não é só para entrar [em vigor] em 2015, senão não há
acordos com ninguém", declarou.
Carlos Silva
justifica a posição com a necessidade de promover o crescimento económico, que
não pode depender apenas do aumento das exportações, mas tem de passar também
pela dinamização do mercado interno.
"Uma empresa
que não consiga pagar mais 15 euros a 10 trabalhadores mais vale fechar a
porta. Não é por aí, até porque os patrões estão de acordo com o aumento do
salário mínimo nacional e o desbloqueamento da negociação coletiva. Quem não
quer é o Governo", disse.
Essa é a condição
para a central sindical voltar a fazer qualquer acordo, a que junta o regresso
à negociação coletiva, tanto mais que "a UGT assinou em 2012 um acordo de
concertação, que em alguns aspetos foi um acordo dramático para os
trabalhadores" porque não foi cumprido.
"Foi num
cenário excecional, em que era necessário subscrever uma garantia, um aval
financeiro do Estado para garantir que vinham 78 mil milhões de euros. Foi o
que o país precisou. A UGT atravessou-se nisso e fez muito bem. É verdade que
prejudicou os trabalhadores, mas acima de tudo, quem prejudicou os
trabalhadores foi quem não cumpriu o acordo. Nós cumprimos a nossa parte e
tínhamos o direito de ver desbloqueada a negociação coletiva já há dois
anos", comentou.
Lusa, em Dinheiro
Vivo
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