Maputo, 26 mar
(Lusa) - O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, defendeu hoje que
a CPLP deve evitar ter "uma visão estática" relativamente aos oito
Estados-membros que a compõem, numa referência à possível entrada da Guiné
Equatorial na comunidade lusófona.
"Não podemos
ter uma visão estática dessa comunidade [CPLP]. Ela não pode ser uma comunidade
voltada para o passado, tem de estar voltada para o futuro, e não pode,
portanto, ficar centrada naqueles que a fundaram e constituíram", defendeu
Passos Coelho.
O primeiro-ministro
português falava durante um jantar oferecido pelo chefe de Estado moçambicano,
Armando Guebuza, à comitiva portuguesa que participou hoje, em Maputo, na II
Cimeira Moçambique-Portugal.
Em fevereiro,
durante um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), decorrido em Maputo, foi aprovada uma
deliberação que recomenda a adesão plena da Guiné Equatorial, mas a decisão
final só poderá ser tomada na próxima reunião de chefes de Estado e Governo da
comunidade lusófona, agendada para julho.
Na base da decisão
esteve a introdução de uma moratória de suspensão da pena de morte pelas
autoridades da Guiné Equatorial, que foi aprovada apenas três dias antes do
encontro ministerial, a 17 de fevereiro.
Hoje, num
comunicado enviado à agência Lusa, a Amnistia Internacional acusou as
autoridades de Malabo de terem executado pelo menos nove pessoas, 15 dias antes
de o país ter anunciado a suspensão da pena de morte.
O país pode mesmo ter
"executado todos os presos que se encontravam no corredor da morte",
refere o comunicado.
"Os nossos
ministros dos Negócios Estrangeiros fizeram uma avaliação do roteiro seguido
pela Guiné-Equatorial com vista à sua plena adesão e foram claras na sua recomendação
de que, na próxima cimeira de Díli, os chefes de Estado e de Governo possam vir
a tomar a decisão de produzir o primeiro alargamento da nossa comunidade",
disse Passos Coelho.
No seu discurso,
Armando Guebuza expressou "satisfação" de Moçambique, que preside
atualmente à CPLP, pela "determinação da Guiné Equatorial em se guiar
pelos princípios e valores democráticos" defendidos pela comunidade.
"Esperemos que
esta determinação nos ajude a tomar a decisão de acolher este país como o novo
e nono Estado-membro da CPLP na próxima cimeira de Díli", disse Armando
Guebuza.
São atualmente
Estados-membros da CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
EMYP // ARA - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário