O bispo de Baucau,
Basílio do Nascimento, defendeu hoje que é necessária uma renovação na classe
política timorense, mas é preciso "fazê-lo com cuidado", porque que
na nova geração ainda não surge uma figura de consenso.
"Na geração
nova, neste momento, ainda não aparece uma figura que crie consensos. Há-as,
evidentemente, mas ainda não se impuseram de forma que a gente olhe e diga, se
um dia Xanana desaparecer, pelo menos podemos fazer confiança neste",
disse.
Em entrevista à
Lusa em Lisboa, onde esteve após uma visita à Santa Sé, o bispo timorense
reconheceu que o seu desejo de uma renovação de gerações na política do seu
país esbarra na ausência de personalidades com as características necessárias
para assumir o poder.
Questionado sobre
se o anúncio do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, de que abandonará o cargo
ainda este ano, pode dar início a esse processo de renovação, Basílio do
Nascimento reconheceu que "há figuras facilmente substituíveis e outras
que não".
"Neste momento
goste-se ou não do Xanana, ele continua a ser uma figura carismática e uma
pessoa de consenso. Quando ele intervém, as suas decisões são acatadas e ele é
ouvido", afirmou, reconhecendo que a questão que surge quando se fala na
sucessão de Xanana é: "quem?".
O bispo de Baucau
afirmou que o presidente da República, Taur Matan Ruak, é uma personalidade
que, "a nível carismático, será capaz de segurar o país".
"É muito bem
aceite, uma pessoa muito serena, não é tão espaventoso como o primeiro-ministro
Xanana, não é uma figura tão imponente, mas Taur, na sua maneira de pensar as
coisas, é uma pessoa que segura o país", afirmou, admitindo no entanto ter
dúvidas de que presidente queira assumir a chefia do Governo.
Recordou que a
própria Fretilin "anda à procura de renovação" e afirmou que os
restantes partidos "não parece que tenham assim muita audiência da parte
da nação".
"É necessário
renovar-se. É necessário fazê-lo com cuidado", concluiu Basílio do
Nascimento, afirmando que os chefes históricos do país -- Xanana Gusmão, Ramos
Horta ou Mari Alkatiri - têm uma preocupação: "Nós estamos a passar o Cabo
da Boa Esperança, mas a quem vamos entregar o leme?".
"Todo o país
tem consciência disso. O facto destes históricos terem consciência disso
parece-me extremamente positivo, mas também cabe aos novos mostrarem-se",
disse ainda o bispo.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
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