segunda-feira, 30 de junho de 2014

ÁFRICA SEM GUERRA



Jornal de Angola, editorial

A segurança e a estabilidade em África são um assunto que permanece na agenda dos dirigentes do continente, que não deixam de concertar acções em diferentes fóruns, no sentido de se encontrarem as soluções apropriadas para se pôr fim aos conflitos que ocorrem nos Estados.


Os dirigentes africanos acreditam ser possível resolver muitos problemas no continente, se houver vontade para se atacar as reais causas dos conflitos armados para um envolvimento nos processos internos que levem à promoção da reconciliação e do respeito das instituições.

É um dado adquirido que só a estabilidade de África cria as condições para que o continente venha a conhecer a via irreversível para o crescimento das economias e para o desenvolvimento dos seus povos. A África tem capacidades humanas e recursos naturais capazes de inverter a actual situação de pobreza em que vivem milhões de africanos, que continuam a ter esperança de ver concretizados os diversos projectos de desenvolvimento que, devido à guerra, têm de ser adiados.

Os dirigentes africanos estão hoje concentrados na busca de caminhos que possam fazer do continente um espaço em que os seus milhões de habitantes possam desfrutar da transformação das suas riquezas naturais.

Os governos africanos têm compreendido que é hora de muito trabalho em direcção à estabilidade, para que as instituições possam funcionar normalmente e ocupar-se da construção do bem-estar das comunidades.

É positivo o empenho de países africanos na procura de fórmulas que conduzam à paz e segurança definitivas em vários países africanos, no quadro da União Africana e de outras organizações do continente, como a SADC e CEDEAO, que têm concebido mecanismos de resolução de conflitos.

Trata-se de um processo complexo, o de resolver conflitos de natureza diversa, mas a diplomacia tem desempenhado um papel importante para se obterem soluções pacíficas, não sendo de subestimar a acção de chefes de Estado africanos que, pela sua experiência e sabedoria, têm contribuído para a consolidação de regimes democráticos.

Temos visto o incansável trabalho realizado por Presidentes da República e chefes de diplomacia de alguns países africanos dirigido para a criação de condições que permitam juntar a uma mesma mesa partes em conflito, a fim de se chegar a consensos que abram portas para a instauração de uma estabilidade assente em bases seguras.

A Guiné-Bissau acaba de entrar numa nova era, com a realização das eleições legislativas e presidenciais, esperando-se que sejam definitivamente enterrados os desentendimentos entre filhos de uma mesma pátria. Os africanos olham para a Guiné-Bissau como o exemplo de como é possível pôr as instituições a funcionar para que todos possam construir em paz um país de progresso.

O respeito pela ordem constitucional é uma das condições essenciais para se evitarem conflitos que só paralisam os processos de dinamização das economias, não permitindo que se acabe com o subdesenvolvimento. Os povos africanos têm dado provas de que só querem viver em harmonia. Que os governantes do continente saibam captar esses sinais que derivam da vontade dos povos do continente de construir a harmonia e a concórdia. As armas devem calar-se para entrarmos num período que crie prosperidade para todos os africanos.

Alberto Vaquina, primeiro-ministro de Moçambique, manifestou recentemente a convicção de que os africanos podem conseguir a paz em todo o continente. Disse que "temos de acabar com a ideia de que África é um continente de sofrimento, de guerra e fome. Temos o direito de olhar para a frente com esperança. Chegou o momento de deixarmos um legado, da mesma forma que as outras gerações lutaram pela independência."

É incontornável o compromisso que as actuais gerações têm em relação à conquista da paz, pois dela depende a felicidade dos povos africanos. Nós, africanos, podemos viver felizes se formos capazes de ultrapassar as nossas divergências e pôr sempre os interesses das comunidades acima dos interesses individuais ou de grupo.

Que os bons exemplos de resolução de conflitos em África sejam seguidos, para que tenhamos uma África completamente pacificada. Vale a pena, a propósito, citar mais algumas palavras do primeiro-ministro moçambicano, segundo as quais "o sonho de uma África sem guerra é possível, desde que todos nos comprometamos nesse sentido".

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