quarta-feira, 11 de junho de 2014

Há mais de 80 anos a dar voz aos portugueses nos Estados Unidos




Em 1928, um grupo de portugueses decidiu fundar o Luso-Americano, um jornal, que, mais de 80 anos depois, continua a ajudar na manutenção da cultura portuguesa nos Estados Unidos, com vendas próximas dos 30.000 exemplares.

Com sede em Newark, numa das zonas com maior implantação de portugueses nos Estados Unidos, o Luso-Americano é o único órgão de informação em língua portuguesa com circulação nacional entre as comunidades portuguesa e brasileira nos Estados Unidos.

António Matinho, o diretor executivo, lembrou à agência Lusa um pouco da história do jornal, fundado em 1928 e que tem sido publicado continuamente desde 1938, com algumas pausas durante a depressão nos Estados Unidos no final dos anos 20 e início dos anos 30. Desde 1979, passou a sair duas vezes por semana.

"Duas razões [para jornal se manter], uma pelo número de portugueses que se encontram nos Estados Unidos e outra pelo interesse do que acontece em Portugal, assim como coisas que lhes dizem respeito aqui nos Estados Unidos. É o que fazemos, elucidar, informar a comunidade para resolverem os problemas que surgem", referiu.

Apesar da globalização e do acesso cada vez mais fácil à informação, o Luso-Americano mantém uma "tiragem muito razoável" de 30.000 exemplares em cada edição e com vendas de cerca de 90 por cento, de acordo com o responsável.

"No entanto, o Luso-Americano, com a idade que tem, com o serviço e com a consideração que os leitores têm por eles, continua a ser uma publicação desejada por todos, em que eles confiam e não deixam de ler", considerou.

Antigo correspondente da RTP e da SIC nos Estados Unidos, Luís Pires é agora diretor do Luso-Americano, considerando que "as comunidades são uma fatia muito importante, que muitas vezes os governos em Portugal não ligam, não gostam, mas que são o espírito vivo de Portugal fora".

"Toda esta gente são espécimes que já não existem em Portugal, gente boa, de bom coração, que trabalha diariamente, que dá o seu melhor para sustentar a sua família e voltar um dia a Portugal. Se calhar não com tanta evidência como há alguns anos, mas a verdade é que estas pessoas continuam a falar português e precisam de apoio também", salientou.

Sobre a política editorial do jornal, Luís Pires diz que "os temas fortes são indiscutivelmente as comunidades" e "tudo o que importa aos portugueses residentes nos Estados Unidos, não só de política americana que diga respeito aos portugueses, como também de política internacional que diga respeito aos portugueses na América".

"Isso obriga a um trabalho de investigação muito grande, porque encher 64 páginas com notícias dessas é complicado, mas o objetivo é sempre falar português, manter a cultura, as tradições e tudo o que diz respeito aos portugueses, não só aos de lá, mas também aos de cá, e compilar tudo em 60 páginas", afirmou.

O jornal dá também voz às reivindicações que os portugueses "fazem para que o aparelho local determine o seu nível de vida", pois "têm de pedir e exigir aos políticos locais que satisfaçam as suas obrigações".

"É assim que se faz em termos de política americana. E o jornal tem contribuído muito para isso", afirmou.

O Luso-Americano tem uma estrutura de 16 pessoas, entre os quais sete jornalistas, "a maior parte que já trabalham no jornal há muitos anos e que mantêm um padrão de qualidade muito grande, que conhecem muito bem as comunidades", além de correspondentes em vários estados norte-americanos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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