sábado, 23 de agosto de 2014

ESCOLHER A PAZ



Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião

No “Público” de quarta-feira, Miguel Esteves Cardoso deu à estampa um escrito sobre os mais recentes acontecimentos na Faixa de Gaza. Com o título “Escolher Israel” e com os mesmos argumentos que serviram de farda intelectual às maiores barbaridades, Esteves Cardoso tergiversa sobre “foguetes mais assassinos” fundamentando-se em certezas sobre a proporcionalidade de apoiantes de um e de outro lado como se de um jogo de futebol se tratasse. Não fosse a situação tão grave, o escrito perder-se-ia na espuma dos dias de um dia mau do cronista ou com outros afazeres prioritários que não o de cumprir as exigências do texto diário. Recupero-o, não apenas para tipificar uma forma de pensar dita civilizada, ocidental e democrata, mas também porque ilustra bem o âmago da falsa dicotomia em que se pretende arrumar a questão: a existência de uma guerra entre Israel e o Hamas.

O que se passa na Faixa de Gaza é o metódico genocídio de um povo às mãos de um governo de extrema-direita. Se se quiser moderar a dimensão do genocídio, então que se diga que é um conflito entre o governo de Israel e o povo palestiniano, mas que não nos esqueçamos que ele também põe em risco o povo israelita.

Defender a vitória de Israel, nos termos em que MEC o faz, significa defender a guerra, significa defender a vitória da extrema--direita, significa defender a vitória de quem que usa as diferenças culturais e religiosas para instaurar o medo e estimular o conflito, significa abdicar da civilização e escolher a barbárie.

Israelitas ou palestinianos nunca terão paz enquanto os seus governos não escolherem a paz.

Escreve ao sábado

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