Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
No
“Público” de quarta-feira, Miguel Esteves Cardoso deu à estampa um escrito
sobre os mais recentes acontecimentos na Faixa de Gaza. Com o título “Escolher
Israel” e com os mesmos argumentos que serviram de farda intelectual às maiores
barbaridades, Esteves Cardoso tergiversa sobre “foguetes mais assassinos”
fundamentando-se em certezas sobre a proporcionalidade de apoiantes de um e de
outro lado como se de um jogo de futebol se tratasse. Não fosse a situação tão
grave, o escrito perder-se-ia na espuma dos dias de um dia mau do cronista ou
com outros afazeres prioritários que não o de cumprir as exigências do texto
diário. Recupero-o, não apenas para tipificar uma forma de pensar dita
civilizada, ocidental e democrata, mas também porque ilustra bem o âmago da
falsa dicotomia em que se pretende arrumar a questão: a existência de uma
guerra entre Israel e o Hamas.
O
que se passa na Faixa de Gaza é o metódico genocídio de um povo às mãos de um
governo de extrema-direita. Se se quiser moderar a dimensão do genocídio, então
que se diga que é um conflito entre o governo de Israel e o povo palestiniano,
mas que não nos esqueçamos que ele também põe em risco o povo israelita.
Defender
a vitória de Israel, nos termos em
que MEC o faz, significa defender a guerra, significa
defender a vitória da extrema--direita, significa defender a vitória de quem
que usa as diferenças culturais e religiosas para instaurar o medo e estimular
o conflito, significa abdicar da civilização e escolher a barbárie.
Israelitas ou palestinianos nunca terão paz enquanto os seus governos não escolherem a paz.
Escreve
ao sábado
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