quinta-feira, 7 de agosto de 2014

GUEBUZA



Gustavo Mavie, da AIM, em Washington

Washington, 07 (AIM) – O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, considera que a Cimeira EUA/África, na qual ele foi um dos participantes, foi um sucesso porque melhorou consideravelmente o entendimento entre as partes. 

Este entendimento traduz-se numa melhor compreensão sobre as potencialidades em que as partes assentarão a sua cooperação público-privado em todos os domínios da vida socioeconómica.

A Cimeira, o primeiro evento do género, teve como patrono o seu anfitrião o estadista norte-americano, Barack Obama.

Como que para revelar o seu acordo à afirmação feita pelo Obama na noite do dia anterior, em que o estadista norte-americano anunciou que a relação que agora pretende estabelecer com África estaria para além da simples “extracção de minerais do subsolo (africano) para o nosso crescimento económico”, Guebuza disse durante o briefing que concedeu aos jornalistas moçambicanos que cobriram esta cimeira, ter sido um momento único na longa história do relacionamento entre as duas partes, porque “nunca antes nos reunimos assim em Cimeira só entre nós e logo aqui em Washington”.

“Foi uma Cimeira atípica, porque desde que os EUA nasceram até hoje, nunca antes nos reunimos em cimeira como esta, como já nos reunimos com outros países num formato como este que acabamos de realizar aqui na nossa qualidade de membros da União Africana”, disse, adiantando que teve características inéditas, porque foi concebida para que os líderes africanos pudessem ter discussões também com os empresários daquele país país que estão a investir ou que querem investir no continente africano.

“Ficamos surpreendidos porque aqui encontramos grandes homens de negócio, mas também das finanças e, por isso, foi uma grande oportunidade de nos conhecermos melhor e juntos perspectivarmos o que podemos fazer em prol do progresso dos nossos países”, explicou Guebuza.

Revelou que durante a Cimeira propriamente dita, que teve lugar na quarta-feira, o seu homólogo norte-americano deixou claro que deseja que a cooperação entre o seu país e África seja mais abrangente e não se limitar apenas simples trocas comerciais. 

Na noite anterior, Obama disse aos estadistas africanos durante um encontro mantido na Casa Branca que deveria ser feito um maior esforço para o incremento das trocas comerciais. 

Para melhorar ilustrar, Obama disse que “o nosso intercâmbio comercial com África é ainda igual ao nosso comércio com o Brasil”, vincando que “quero ver africanos a comprarem mais produtos americanos; e quero ver americanos comprando mais produtos africanos”.

Durante o encontro, Obama anunciou que decidiu aumentar de sete para 12 biliões de dólares o valor concedido pelo seu Governo aos países africanos para co-financiar o projecto Power África, que visa a construção de mais centrais ou fontes energéticas no continente africano, cujo custo total é de 300 biliões de dólares a ser implementado nos próximos 10 anos.

Obama promoveu também uma iniciativa que resultou na disponibilização de mais 14 biliões de dólares das empresas norte-americanas que querem fazer novos investimentos em África, incluindo cinco biliões de dólares da Coca-Cola, uma das multinacionais americanas que possui avultados investimentos em Moçambique.

OBAMA DEU APENAS UM PASSO MAS TERÁ QUE CORRER MAIS PARA ACERTÁ-LO

Obama, que deve estar a inspirar-se na tese russa que diz que antes vale tarde que nunca, convocou esta Cimeira depois de várias outras organizadas entre África e outros gigantes, incluindo China, Japão, Índia e mesmo com a América Latina.

O certo é que não só é tarde que os EUA estão fazendo-a, como é muito pouco o que prometeu, principalmente quando se arroga o título de única Superpotência no Mundo.

Isto porque os 12 biliões de dólares que Obama colocou para co-financiar o tal Power África, está muito aquém dos 30 biliões de dólares que o Japão disponibilizou para África na última cimeira, melhor, Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento da África realizada em 2013, o ano passado em Tóquio.

Mesmo a China, disponibilizou durante a última cimeira China-África, em Beijing, 20 biliões de dólares um crédito bonificado para os países africanos, valor que viria a ser incrementado em mais 14 biliões de dólares, quando o primeiro-ministro chinês, fez uma digressão por quase todos os países africanos, o que totaliza já 34 biliões de dólares, ou seja, mais do que o dobro do que os EUA doaram agora.

Olhando para outras áreas em que os EUA e África têm cooperado, acaba-se dando razão aos analistas que dizem que Washington está a correr atrás de prejuízos, e que tudo indica que se não o fizer será para sempre. 

Apontam o baixo volume das trocas comerciais como sendo a prova de que Washington terá de acelerar e eliminar muitos dos condicionalismos para o acesso aos seus fundos, se quiser ter uma cooperação dinâmica e mutuamente benéfica.

Um dos aspectos apontados como prova de que Washington está a dar passos de camaleão, é o facto de ter apenas pouco menos de 15 adidos comerciais nas suas embaixadas em todo o continente africano, contra 155 da China mantém em todo o mundo, estando a maioria no chamado continente mãe da espécie humana. 

A China está apostada em fazer trocas comerciais com África e os factos são evidentes pois só nos últimos 10 anos, aquele gigante asiático investiu no continente 75 biliões de dólares contra os 500 milhões em igual período contado até 2003. 

Beijing fez trocas comerciais com as 47 nações africanas que passaram de 60 biliões de dólares em 2012, para 210 biliões em 2013, segundo um estudo da “United World Lda”, publicado num suplemento inserido nas edições de terça e quarta-feira da USA TODAY, um dos maiores jornais diários americanos.

(AIM) GM/SG

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