Gustavo
Mavie, da AIM, em
Washington
Este entendimento traduz-se numa melhor compreensão sobre as potencialidades em
que as partes assentarão a sua cooperação público-privado em todos os domínios
da vida socioeconómica.
A Cimeira, o primeiro evento do género, teve como patrono o seu anfitrião o
estadista norte-americano, Barack Obama.
Como que para revelar o seu acordo à afirmação feita pelo Obama na noite do dia
anterior, em que o estadista norte-americano anunciou que a relação que agora
pretende estabelecer com África estaria para além da simples “extracção de
minerais do subsolo (africano) para o nosso crescimento económico”, Guebuza
disse durante o briefing que concedeu aos jornalistas moçambicanos que cobriram
esta cimeira, ter sido um momento único na longa história do relacionamento
entre as duas partes, porque “nunca antes nos reunimos assim em Cimeira só
entre nós e logo aqui em Washington”.
“Foi uma Cimeira atípica, porque desde que os EUA nasceram até hoje, nunca
antes nos reunimos em cimeira como esta, como já nos reunimos com outros países
num formato como este que acabamos de realizar aqui na nossa qualidade de
membros da União Africana”, disse, adiantando que teve características
inéditas, porque foi concebida para que os líderes africanos pudessem ter
discussões também com os empresários daquele país país que estão a investir ou
que querem investir no continente africano.
“Ficamos surpreendidos porque aqui encontramos grandes homens de negócio, mas
também das finanças e, por isso, foi uma grande oportunidade de nos conhecermos
melhor e juntos perspectivarmos o que podemos fazer em prol do progresso dos
nossos países”, explicou Guebuza.
Revelou que durante a Cimeira propriamente dita, que teve lugar na
quarta-feira, o seu homólogo norte-americano deixou claro que deseja que a
cooperação entre o seu país e África seja mais abrangente e não se limitar
apenas simples trocas comerciais.
Na noite anterior, Obama disse aos estadistas africanos durante um encontro
mantido na Casa Branca que deveria ser feito um maior esforço para o incremento
das trocas comerciais.
Para melhorar ilustrar, Obama disse que “o nosso intercâmbio comercial com
África é ainda igual ao nosso comércio com o Brasil”, vincando que “quero ver
africanos a comprarem mais produtos americanos; e quero ver americanos
comprando mais produtos africanos”.
Durante o encontro, Obama anunciou que decidiu aumentar de sete para 12 biliões
de dólares o valor concedido pelo seu Governo aos países africanos para
co-financiar o projecto Power África, que visa a construção de mais centrais ou
fontes energéticas no continente africano, cujo custo total é de 300 biliões de
dólares a ser implementado nos próximos 10 anos.
Obama promoveu também uma iniciativa que resultou na disponibilização de mais
14 biliões de dólares das empresas norte-americanas que querem fazer novos
investimentos em África, incluindo cinco biliões de dólares da Coca-Cola, uma
das multinacionais americanas que possui avultados investimentos em Moçambique.
Obama, que deve estar a inspirar-se na tese russa que diz que antes vale tarde
que nunca, convocou esta Cimeira depois de várias outras organizadas entre
África e outros gigantes, incluindo China, Japão, Índia e mesmo com a América
Latina.
O certo é que não só é tarde que os EUA estão fazendo-a, como é muito pouco o
que prometeu, principalmente quando se arroga o título de única Superpotência
no Mundo.
Isto porque os 12 biliões de dólares que Obama colocou para co-financiar o tal
Power África, está muito aquém dos 30 biliões de dólares que o Japão
disponibilizou para África na última cimeira, melhor, Conferência Internacional
sobre o Desenvolvimento da África realizada em 2013, o ano passado em Tóquio.
Mesmo a China, disponibilizou durante a última cimeira China-África, em
Beijing, 20 biliões de dólares um crédito bonificado para os países africanos,
valor que viria a ser incrementado em mais 14 biliões de dólares, quando o
primeiro-ministro chinês, fez uma digressão por quase todos os países
africanos, o que totaliza já 34 biliões de dólares, ou seja, mais do que o
dobro do que os EUA doaram agora.
Olhando para outras áreas em que os EUA e África têm cooperado, acaba-se dando
razão aos analistas que dizem que Washington está a correr atrás de prejuízos,
e que tudo indica que se não o fizer será para sempre.
Apontam o baixo volume das trocas comerciais como sendo a prova de que
Washington terá de acelerar e eliminar muitos dos condicionalismos para o
acesso aos seus fundos, se quiser ter uma cooperação dinâmica e mutuamente
benéfica.
Um dos aspectos apontados como prova de que Washington está a dar passos de
camaleão, é o facto de ter apenas pouco menos de 15 adidos comerciais nas suas
embaixadas em todo o continente africano, contra 155 da China mantém em todo o mundo,
estando a maioria no chamado continente mãe da espécie humana.
A China está apostada em fazer trocas comerciais com África e os factos são
evidentes pois só nos últimos 10 anos, aquele gigante asiático investiu no
continente 75 biliões de dólares contra os 500 milhões em igual período contado
até 2003.
Beijing fez trocas comerciais com as 47 nações africanas que passaram de 60
biliões de dólares em 2012, para 210 biliões em 2013, segundo um estudo da
“United World Lda”, publicado num suplemento inserido nas edições de terça e
quarta-feira da USA TODAY, um dos maiores jornais diários americanos.
(AIM) GM/SG
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