Hong
Kong, China, 04 set (Lusa) -- Estudantes de Hong Kong anunciaram hoje planos
para fazer este mês uma semana de greve, em resposta à controversa reforma
política anunciada no passado domingo por Pequim.
Uma
coligação de grupos pró-democracia prometeu avançar com uma nova "era de
desobediência civil" contra a decisão, apelando aos residentes de Hong
Kong para ocuparem e bloquearem as principais artérias do distrito financeiro
do território, Central.
O
plano dos estudantes passa por faltar às aulas no próximo dia 22, numa
iniciativa que designam como um ultimato antes de uma ampla ação de
desobediência civil.
A
proposta carece ainda de ser aprovada por uma coligação de grupos de estudantes
no próximo sábado, de acordo com dirigentes estudantis.
"Nós
fazemos greve como uma forma de ultimato para advertir o governo para que ouça
as nossas opiniões", disse Yvonne Leung, presidente da união de estudantes
da Universidade de Hong Kong (HKU), à agência noticiosa AFP.
Os
estudantes afirmam que o governo de Hong Kong se "rendeu e vergou"
perante Pequim no que diz respeito ao sufrágio universal, num comunicado
assinado pela união da HKU em circulação nas redes sociais, refere a agência
noticiosa francesa.
Nessa
declaração refere-se ainda que os estudantes pretendem exercer pressão para que
o próximo líder da Região Administrativa Especial seja plenamente escolhido
pelos residentes, rejeitando a ideia de "democracia parcial usufruída por
apenas algumas pessoas".
"Se
eles continuarem a agir contra a vontade pública, vamos avançar para uma ação
de desobediência mais forte", indica a mesma nota.
Em
declarações publicadas hoje no jornal South China Morning Post, o diretor do
departamento de Antropologia da Universidade Chinesa de Hong Kong, Gordon
Mathews, defende que a participação no movimento 'Occupy Central' é uma razão
legítima para os alunos faltarem às aulas, afirmando que talvez não venha a
penalizar os seus estudantes por isso.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Este
domingo, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio
de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas
dois ou três serão selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong
(LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27
do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.
Hoje,
de acordo com declarações reproduzidas pela Rádio e Televisão Pública de Hong
Kong (RTHK), Shih Wing-ching, democrata moderado e cofundador da agência
imobiliária Centaline, disse que a reforma política desenhada por Pequim não é
perfeita, mas manifestou-se disposto a aceitá-la por se considerar uma pessoa
"realista".
Shih
Wing-ching disse que Hong Kong não tinha outra escolha, defendendo que a
proposta "é melhor do que nada" e que podem ser feitas melhorias no
futuro caso esta reforma seja aceite agora.
DM
// APN - Lusa
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