quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Estudantes de Hong Kong planeiam boicote de uma semana pela democracia




Hong Kong, China, 04 set (Lusa) -- Estudantes de Hong Kong anunciaram hoje planos para fazer este mês uma semana de greve, em resposta à controversa reforma política anunciada no passado domingo por Pequim.

Uma coligação de grupos pró-democracia prometeu avançar com uma nova "era de desobediência civil" contra a decisão, apelando aos residentes de Hong Kong para ocuparem e bloquearem as principais artérias do distrito financeiro do território, Central.

O plano dos estudantes passa por faltar às aulas no próximo dia 22, numa iniciativa que designam como um ultimato antes de uma ampla ação de desobediência civil.

A proposta carece ainda de ser aprovada por uma coligação de grupos de estudantes no próximo sábado, de acordo com dirigentes estudantis.

"Nós fazemos greve como uma forma de ultimato para advertir o governo para que ouça as nossas opiniões", disse Yvonne Leung, presidente da união de estudantes da Universidade de Hong Kong (HKU), à agência noticiosa AFP.

Os estudantes afirmam que o governo de Hong Kong se "rendeu e vergou" perante Pequim no que diz respeito ao sufrágio universal, num comunicado assinado pela união da HKU em circulação nas redes sociais, refere a agência noticiosa francesa.

Nessa declaração refere-se ainda que os estudantes pretendem exercer pressão para que o próximo líder da Região Administrativa Especial seja plenamente escolhido pelos residentes, rejeitando a ideia de "democracia parcial usufruída por apenas algumas pessoas".

"Se eles continuarem a agir contra a vontade pública, vamos avançar para uma ação de desobediência mais forte", indica a mesma nota.

Em declarações publicadas hoje no jornal South China Morning Post, o diretor do departamento de Antropologia da Universidade Chinesa de Hong Kong, Gordon Mathews, defende que a participação no movimento 'Occupy Central' é uma razão legítima para os alunos faltarem às aulas, afirmando que talvez não venha a penalizar os seus estudantes por isso.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Este domingo, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27 do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

Hoje, de acordo com declarações reproduzidas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), Shih Wing-ching, democrata moderado e cofundador da agência imobiliária Centaline, disse que a reforma política desenhada por Pequim não é perfeita, mas manifestou-se disposto a aceitá-la por se considerar uma pessoa "realista".

Shih Wing-ching disse que Hong Kong não tinha outra escolha, defendendo que a proposta "é melhor do que nada" e que podem ser feitas melhorias no futuro caso esta reforma seja aceite agora.

DM // APN - Lusa

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