Hong
Kong, China, 03 set (Lusa) -- O antigo chefe do Executivo de Hong Kong Tung
Chee-hwa apelou hoje aos deputados da ala democrata para não avançarem com um
veto à controversa reforma política anunciada no domingo por Pequim.
Tung
Chee-hwa, o primeiro chefe do Executivo do território após a transferência da
soberania em 1997, atualmente um dos vice-presidentes da Conferência Política
Consultiva do Povo Chinês (CPCPC), lançou o apelo a "todo o espectro
político" para colocar de lado as suas diferenças para se alcançar o
sufrágio universal em 2017 e de modo a que a próxima eleição possa ser a
"real e substancial" democracia.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Este
domingo, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio
de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas
dois ou três serão selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong
(LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27
do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.
Apesar
de afirmar compreender plenamente a raiva e a desilusão do campo democrata,
Tung Chee-hwa disse, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de
Hong Kong (RTHK) que o território alcançou uma "brilhante conquista"
rumo à democracia desde os dias em que a Grã-Bretanha costumava mandar os seus
governadores e em 1997, quando ele próprio foi escolhido chefe do Executivo por
uma elite de 400 elementos.
Tung
Chee-hwa também deu conta da sua oposição aos atos de desobediência civil
planeados por movimentos da antiga colónia britânica em protesto contra a
reforma política anunciada, no passado domingo, pela Assembleia Popular
Nacional.
A
promessa de levar a cabo uma campanha de desobediência civil foi feita pelo
"Occupy Central", que tem estado na linha da frente das manifestações
em Hong Kong
e ameaçou paralisar o distrito financeiro do território. Porém, Benny Tai, um
dos cofundadores, surpreendeu, como escreve hoje o South China Morning Post, ao
admitir que o movimento fracassou até ao momento e ao reconhecer que o apoio
público à causa do seu movimento se tem vindo a desvanecer.
O
anúncio de domingo sobre o método de eleição do chefe do Executivo em 2017
desencadeou nova onda de contestação na antiga colónia britânica, aliás, palco
de vários protestos massivos nos últimos meses relacionados com o método de
eleição do chefe do Executivo.
Esta
terça-feira, num artigo que assina no jornal Financial Times, o último
governador de Hong Kong, Chris Patten, defende que Londres tem uma
"contínua obrigação moral e política" de garantir que a China
respeita os seus compromissos no sentido de garantir o seu modo de vida por 50
anos, contados a partir da data de transferência, em 1997.
Neste
sentido, Chris Patten insta o Reino Unido a 'erguer-se' pela democracia na sua
antiga colónia.
No
mesmo dia, a China acusou o Reino Unido de ingerência nos seus assuntos
internos, na sequência de um inquérito parlamentar sobre as reformas políticas em Hong Kong , após
informações de que autoridades chinesas escreveram à comissão parlamentar de assuntos
estrangeiros britânica para que deixasse cair a investigação.
DM
// APN - Lusa
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