Adriano
Moreira considerou ainda que a melhoria de indicadores não mostra uma
verdadeira melhoria das condições de vida.
O
antigo presidente do CDS-PP Adriano Moreira defendeu hoje que aquilo que impede
o consenso são os incitamentos à separação entre portugueses, sobretudo entre
ricos e pobres, argumentando que estes precisam de "pão na mesa e
trabalho".
Numa
intervenção sobre a democracia cristã na "escola de quadros" do
CDS-PP, que decorre em Peniche, Adriano Moreira desafiou os jovens centristas a
fazerem um manifesto à ministra das Finanças a lembrar que o fundador da
nacionalidade, D. Afonso Henriques, não pagou ao Papa as onças em ouro que lhe
prometeu.
"Acentuou-se
a circunstância que há desde o começo da nacionalidade de que o país precisa de
um apoio externo. Precisou logo da Santa Sé, D. Afonso Henriques. Prometeu ao
Papa, de quem era súbdito, de que pagaria seis onças de ouro, quatro onças de
ouro por ano, e o cronista diz que nunca pagou, por muito bem lembrado. Não sei
se podem escrever algum manifesto à ministra das finanças sobre D. Afonso
Henriques", afirmou.
O
vice-primeiro-ministro e presidente do CDS-PP, Paulo Portas, fez um
"desvio lúcido" para passar por Peniche e abraçar Adriano Moreira, a
quem ofereceu uma "aguardente antiga e bem portuguesa" como presente
do aniversário que o antigo líder democrata-cristão celebrou recentemente.
O
professor universitário, que assinou o chamado manifesto dos 70 pela
reestruturação da dívida, criticou, na sua intervenção, os "incitamentos à
separação entre velhos e novos, entre funcionários públicos e trabalhadores
privados, sobretudo, entre ricos e pobres".
Segundo
o antigo presidente do CDS, é isso que "impede muito aquilo que hoje se
chama de uma maneira muito eloquente o consenso".
"É
tao fácil descobrir qual é o problema essencial hoje dos portugueses, para os
unir: é pão na mesa e trabalho, esta coisa simples", disse.
Adriano
Moreira considerou ainda que a melhoria de indicadores não mostra uma
verdadeira melhoria das condições de vida.
"Quando
falam das estatísticas que melhoram, há um aspeto que eu acho que não melhora,
parece que melhora. Porque a miséria está a expulsar a pobreza, emigra a
pobreza, vai ficando a maior das incapacidades", afirmou.
O
antigo presidente do CDS criticou a União Europeia que, considerou,
"substituiu as diferenças ideológicas por um unificador
‘neoriquismo'", e está atualmente dividida entre "Europa dos
pobres" e "Europa dos ricos".
Adriano
Moreira defendeu ainda que a crise europeia já devia ter levado à convocação do
Conselho Económico e Social das Nações Unidas e referiu-se à situação de
"protetorado", expressão usada por Paulo Portas para designar a
intervenção externa.
"Eu
dispensava na minha vida ter visto ministros portugueses a ter que discutir com
empregados de organizações internacionais", lamentou, sublinhando que
"o lugar dos ministros é no Conselho Europeu", acreditando que
"o poder da voz é muitas vezes capaz de vencer a voz do poder".
A
"escola de quadros" do CDS-PP, um novo modelo de rentrée política
centrista, começou na quinta-feira em Peniche, onde até domingo se reunirão
cerca de 150 jovens com idades entre os 16 e os 30 anos.
Lusa,
em jornal i
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