segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Timor-Leste reconhece que não vai cumprir Objetivos do Milénio até 2015




Díli, 29 set (Lusa) - O Governo de Timor-Leste reconhece, num relatório divulgado pelo Ministério das Finanças, que não vai cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) até 2015, apesar dos progressos registados no país desde a independência, em 2002.

"Embora seja possível que nenhum dos ODM seja alcançado, muitos indicadores mostram uma melhoria significativa e sustentada dos níveis de vida em Timor-Leste", refere o relatório sobre a situação dos ODM em Timor-Leste em 2014 a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Segundo o documento, o progresso registado é "notável", tendo em conta a situação em que se encontrava o país em 2002, quando foi restaurada a independência, sem quaisquer infraestruturas, serviços e instituições de Estado.

Em relação ao objetivo número um, eliminar a pobreza extrema e a fome, dados relativos a 2009 indicam que 41 por cento dos cerca de um milhão de habitantes continuavam pobres, apesar de a percentagem ter diminuído comparando com os 49,9 por cento registados em 2007.

"É improvável que Timor-Leste consiga atingir a meta de ter apenas 14 por cento da população a viver abaixo da linha da pobreza em 2015", refere o documento, salientando que a análise pode não estar correta devido à falta de dados desde 2009 e ao forte crescimento do Produto Interno Bruto não petrolífero e consumo das famílias.

"É possível que a pobreza tenha caído drasticamente durante o período entre 2009 e 2012", pode ler-se no relatório.

Timor-Leste também admite ser improvável diminuir o número de crianças com menos de cinco anos abaixo do peso normal, salientando que em 2013 a taxa era de 37,7 por cento. A meta da ONU estabelece que seja de 31 por cento ou menos em 2015.

No objetivo sobre acesso universal à educação primária, Timor-Leste também não deverá cumprir, porque, segundo o relatório, 91,9 por cento das crianças timorenses frequentavam o ensino primário em 2013, contra os cerca de 97 por cento registados em 2011. Ao nível da literacia, era em 2007 de 85,1 por cento entre as pessoas com idades entre 15 e os 24 anos.

Na questão referente à igualdade de género, Timor-Leste já cumpriu os indicadores para o número de mulheres no parlamento e para a frequência de alunas no ensino pré-secundário e secundário, faltando aumentar a frequência no ensino primário.

Os progressos para o combate à mortalidade infantil é o único alcançado por Timor-Leste.

Segundo os dados do relatório, a mortalidade em crianças com menos de cinco anos era em 2009 de 64 em cada mil e recém-nascidos de 44 em cada 1000 nascimentos em 2009.
"Esta diminuição do número de mortos entre crianças com menos de cinco anos e de recém-nascidos foi uma das mais rápidas do mundo e faz de Timor-Leste um dos países com melhor execução daquele ODM", sublinha o relatório.

Já no que diz respeito à mortalidade materna, o país continua com uma taxa muito elevada de 557 mortes entre 100 mil mulheres em 2010.

No combate ao vírus da SIDA e à malária, as autoridades timorenses reconhecem o aumento do número de pessoas contaminas com o VIH, sublinhando que o primeiro caso foi detetado em 2003 e que desde então o número aumentou para 426. A doença já provocou 41 mortos no país.

Atualmente, a incidência de malária no país é de 5,3 casos por cada 1.000 habitantes.

O ODM relativo à sustentabilidade ambiental não será também alcançado, segundo o Governo timorense, apesar do aumento da população com acesso à água potável e saneamento.

No que respeita à parceria global para o desenvolvimento, o documento refere que a ajuda externa para o programa de desenvolvimento diminuiu para 230 milhões de dólares por ano e que o acesso às novas tecnologias aumentou, com o último censo a indicar que quase metade da população tem acesso a um telemóvel.

MSE // VM - Lusa

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