Os
partidos da oposição angolana com representação parlamentar consideraram hoje
que o discurso do Presidente, sobre o estado da Nação, "quebrou
expectativas", sobretudo com o anúncio da exclusão de eleições autárquicas
antes de 2017.
José
Eduardo dos Santos, que discursou hoje sobre o estado da Nação na Assembleia
Nacional, na abertura da terceira sessão legislativa da III legislatura,
iniciada em 2012, anunciou a falta de condições para a realização das primeiras
eleições autárquicas em Angola.
O
chefe de Estado angolano advertiu que a pressa deve ser evitada "para que
não haja tropeços", pedindo unidade e coerência para a concretização
"deste grande desejo dos angolanos" ao invés de se transformar o
assunto em "tema de controvérsia e de retórica político-partidária".
Em
declarações à agência Lusa, o líder da União Nacional para a Independência
Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, que assistiu à cerimónia, referiu que
os argumentos apresentados não foram convincentes.
"Porque
o Presidente levou quatro anos a gizar estratégias para encontrar também
coragem e vir dizer ao povo angolano que não há eleições autárquicas antes das
próximas eleições legislativas", criticou Samakuva, que agendou para
quinta-feira uma posição final ao discurso de José Eduardo dos Santos.
O
líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral
(CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse que esperava um discurso "com mais
visão, mais ambicioso e sobretudo programático".
"(Um
discurso) em que o Presidente anunciasse uma reforma institucional para a
implementação do poder local autárquico. O Presidente veio com um discurso de
inércia, o conceito de realismo e pragmatismo é diferente de inércia. Aqui foi
um discurso em que o Presidente catalogou todas as dificuldades e não deu mais
nenhum calendário nem opção", acusou Chivukuvuku.
Acrescentou
que o discurso de José Eduardo dos Santos "teria sido mais produtivo"
se apontasse caminhos e propostas do que deve ser feito e em que prazos.
"Durante
o ano de 2015 podíamos fazer todas as questões de ordem legal e organizacional
e podíamos ter as eleições autárquicas no ano de 2016, um ano antes das
eleições legislativas. E alguns dos arranjos legais serviriam para 2017",
apontou.
O
presidente da bancada parlamentar do Partido de Renovação Social (PRS),
Benedito Daniel não escondeu a desilusão com o anúncio feito por José Eduardo
dos Santos.
"Realmente,
o discurso correspondeu às expectativas, queríamos que o Presidente abordasse o
assunto e que estabelecesse um horizonte temporal para quando a realização das
eleições autárquicas, mas infelizmente esse discurso caiu como se fosse uma
bomba, porque esperávamos que fosse num curto espaço de tempo", lamentou.
Ainda
assim, considerou importante a abertura da discussão, restando aos angolanos
"encontrar consensos dentro da discussão que o discurso do Presidente
abriu", para se "encontrar um horizonte temporal breve".
José
Eduardo dos Santos reconheceu que o tema das eleições autárquicas, previstas na
Constituição angolana mas ainda por marcar, está "na agenda política de
todos os partidos" e tem "suscitado os mais acesos debates".
Contudo,
alertou, "são várias as questões" que os órgãos de soberania
"têm que tratar até que sejam reunidas as condições necessárias" para
a sua criação.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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