Bento
dos Santos ou ‘Kangamba’, o general angolano que estará na mira da Policia
Judiciária por suspeita de branqueamento de capitais, tem um passado incerto.
Desde o tráfico de carne/frango do exército, que o levou à prisão por dois
anos, passando por um escândalo no Mónaco, ao qual só escapou por ter visto
diplomático, mas também a um processo no Brasil, onde era acusado de manter uma
rede de prostituição, o currículo deste general angolano está longe de ser
irrepreensível.
Bento
dos Santos nasceu a 6 de junho de 1965. Aos 49 anos, depois do envolvimento em
várias polémicas, apelida-se de empresário, e do mundo dos negócios destaca-se
a propriedade de um clube de futebol, o Kabuscorp, que disputa o campeonato de
futebol angolano. Ainda no universo desportivo, em Portugal, já foi o principal
patrocinador do Vitória de Guimarães.
No
regime angolano já ocupou lugares de destaque, tendo inclusivamente sido
inscrito nas listas do Presidente. Mas a sua influência vem do seu casamento. É
que Bento dos Santos é casado com a filha de Avelino dos Santos, irmão do
Presidente do seu país.
As
suas ligações e negócios são longas, densas, opacas ou pouco claras. Ainda
durante o ano passado, o sobrinho por afinidade de José Eduardo dos Santos, era
notícia em Portugal, no Jornal de Notícias, por um alegado envolvimento num
esquema de prostituição no Brasil.
"O
Estado [de São Paulo] apurou que, na "Operação Garina", deflagrada
nessa quinta-feira, 24 [de outubro de 2013], a Polícia Federal pediu e a
Justiça concedeu a prisão do general Bento dos Santos "Kangamba",
caso ele desembarque no Brasil, e incluiu seu nome e o de um comparsa na lista
de procurados da Interpol", escrevia o jornal Estadão a 25 de outubro de
2013.
O
empresário faria parte de uma rede que seduziria mulheres para venderem o corpo
em Angola, Portugal, África do Sul e Áustria, a troco de 10 mil dólares
(aproximadamente 7.300 euros). Os investigadores brasileiros estimavam que a
rede de Kangamba teria movimentado cerca de 45 milhões de dólares no total,
durante os anos em que operou. Em julho deste ano, o general foi ilibado pela
justiça brasileira, por falta de provas.
Na
Wikipedia, o nome deste general de três estrelas surge também com um destaque
particular. Alegadamente, Bento dos Santos está numa lista vermelha da
Interpol, a polícia europeia.
Mas
há mais factos no currículo do empresário. A meados de junho do ano passado,
segundo o Diário Económico, o nome de Kangamba surgia novamente na imprensa
europeia.
O
jornal La Provence
dava conta de que a polícia alfandegária francesa tinha apreendido 3 milhões de
euros no porta-bagagens de dois Mercedes com matrícula portuguesa. Dessa
apreensão, resultaram cinco detidos, de nacionalidades portuguesa, angolana e
cabo-verdiana, acusados de branqueamento de capitais e crime organizado.
E
entre os homens detidos em França encontravam-se, supostamente, Carlos Silva,
funcionário de Bento Kangamba em Portugal, e José Francisco 'Chico
Kamanguista', seu amigo.
No
seguimento deste episódio, vários sites dão conta de que José Eduardo dos
Santos, de visita a Barcelona, Espanha, terá convocado o sobrinho de
emergência. Na altura, Kangamba estava no Mónaco e envolvido no processo acima
descrito, estando as autoridades francesas no seu encalço. É que os três
milhões de euros teriam um destinatário: o general.
Já
em tempos idos, o nome de Kangamba foi associado a uma polémica envolvendo a
venda de carne/frango do exército, processo que lhe valeu uma pena de prisão de
dois anos, depois de duas vendedoras terem feito queixa de Bento, alegando que
lhe tinham pago a mercadoria mas que não tinham recebido qualquer produto.
Esta
quarta-feira, segundo os relatos da imprensa nacional este homem volta estar na
mira das autoridades, nomeadamente das portuguesas, com a Polícia Judiciária a
fazer diversas buscas por suspeitas de envolvimento num esquema de
branqueamento de capitais.
Noutros
casos menos mediáticos, de referenciar que, em 2002, o Supremo Tribunal
angolano condenou Bento à pena de quatro anos de prisão por crime de burla,
ficando este ainda encarregue de pagar 75 mil dólares às empresas Nutritiva e
Lokali.
Ainda
a 7 de maio de 2012, um tribunal de Sintra, ordenou a penhora de bens detidos
por Bento dos Santos para a execução de uma dívida de mais de um milhão de
euros, que tinha para com Manuel Lapas.
Entre
os bens apreendidos constavam um apartamento, em Oeiras, dois Mercedes de luxo
e seis contas bancárias em entidades portuguesas.
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