O
Banco Espírito Santo Angola (BESA) passa a assumir nova denominação, Banco
Económico, e entre os novos accionistas encontram-se o grupo Sonangol e o Novo
Banco Português, ex-BES. A informação é do Banco Nacional de Angola.
As
alterações foram tomadas durante uma Assembleia-Geral extraordinária de
accionistas, realizada hoje em Luanda, em cumprimento das determinações do
banco central angolano, que assim vai cessar a intervenção no BESA.
Na
mesma informação, o Banco Nacional de Angola esclarece que “se confirmou a
subscrição do capital social”, conforme o próprio banco central tinha
deliberado, há uma semana, no âmbito das medidas de saneamento e da intervenção
directa no BESA.
Embora
sem revelar o peso de cada participação, o BNA informa que “sob aprovação
prévia do regulador”, a Assembleia-Geral de hoje decidiu pela “continuidade do
accionista Geni, S.A.”, que anteriormente detinha uma participação de 18,99 por
cento.
A
nova estrutura accionista envolveu também a entrada para o capital do agora
Banco Económico da Lektron Capital, do grupo petrolífero estatal Sonangol e do
português Novo Banco.
A
Sonangol, o braço financeiro do Governo do MPLA e do regime de José Eduardo dos
Santos, terá mais uma vez um papel relevante na manutenção do status quo
vigente, tal como a Geni, ligada ao general Leopoldino do Nascimento (“Dino”).
A
Portmill, tanto quanto parece, salta fora do negócio – pelo menos de forma
assumida – tinha ligações umbilicais ao general Kopelipa e a Manuel Vicente
(ex-presidente da Sonangol e actual vice-presidente de Angola), e era dona de
24% do capital. Já o BES tinha a maioria do capital, com 55,7%. Ao descer a
posição para 9,9%, o Novo Banco conseguiu libertar do balanço parte dos três
mil milhões que tinha provisionado devido à exposição ao BESA.
De
novo como porta-aviões do regime, a Sonangol limita-se a prosseguir as ordens
presidenciais, desta vez num ramo no qual já era perita, pois está no capital
do Banco Atlântico e do Banco Angolano de Investimentos (ambos presentes em
Portugal) e é o principal accionista do BCP, além de deter também capital de
forma directa no banco do BCP em Angola.
Recorde-se
que a 20 de Outubro, o BNA ordenou seis medidas a aplicar em sete dias úteis
visando a continuidade do BESA, depois de analisar a evolução da situação
financeira daquele banco, decorrente das medidas de saneamento adoptadas face
ao volume de crédito malparado. Uma dessas medidas envolvia o aumento de
capital, de 65.000 milhões de kwanzas (494 milhões de euros, à taxa cambial de
4 de Agosto, quando o BESA foi intervencionado), a realizar pelos accionistas
ou entidades “por si convidadas”, aceites pelo banco central, para “assegurar o
cumprimento dos rácios prudenciais mínimos”, explicou na altura o BNA.
Já
o Banco de Portugal tinha confirmado em Agosto que o crédito de 3,3 mil milhões
de euros que o BES tinha concedido ao BESA passou para o Novo Banco, estando
totalmente provisionado. Agora, conforme decisão divulgada também a 20 de Outubro
pelo BNA, o Novo Banco fica com uma participação de 9,9% no capital social do
ex-BESA, por conversão de 53,2 milhões de euros do empréstimo, titulado, àquela
instituição.
Foi
ainda decidido um aumento do capital “por conversão de parte do empréstimo
interbancário sénior” – titulado pelo Novo Banco -, em 360.768 milhões de
kwanzas (2,74 mil milhões de euros, à data de 4 de Agosto), “seguido de uma
redução dos capitais próprios dos accionistas por absorção da totalidade dos
prejuízos acumulados”.
Folha
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