domingo, 9 de novembro de 2014

Angola: E NÓS E OS NOSSOS DOUTORES?



José Kaliengue – O País (ao), opinião

O Parlamento acaba de discutir a nova lei do trabalho, a sua proposta. O PAÍS traz nesta edição uma matéria sobre os licenciados desempregados.

Portugal está em pulgas porque a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que Portugal e Espanha têm demasiados licenciados… ou seja, gente com canudo e que não serve para nada, pelo menos não encontra soluções para o desenvolvimento dos seus países.

Nós, em Angola, já não corremos o risco apenas, já estamos agarrados pelos ares de Portugal, enchemo-nos de cursos superiores que sabemos que não vão produzir gente de jeito.

Estamos a formar desempregados e “descapacitados” ou descopetentes” como diz um amigo meu.

Em Benguela, por exemplo, é comum falarmos com jovens que estão a tirar um curso superior no colégio X. para nós, colégio não é universidade. Mas…

Então entrevistamos alguns destes jovens, licenciados já, pelos colégios ou mesmo por algumas universidades… onde os empregaria? Eu? em lado algum. E vão-se acumulando por aí aos milhares, com os seus canudos. E diremos que temos uma geração de doutores, etc.
Então, estamos criar carradas de gente orgulhosa por ter um canudo e triste por não ter um emprego, por não saber fazer. Porque no nosso país o que importa é ser Sr. Doutor. Não interessa a felicidade de um bom técnico, bem formado, com emprego e a ganhar dinheiro. Temos universidade onde se forma mal (com as devidas excepções, claro) e inventamos cursos que não desembocam em emprego. E vamos felizes, até um dia alguém de fora, com autoridade, porque fez diferente e tem bons resultados, nos vir atirar isso ao rosto, e nós, talvez barafustemos, mas não fará diferença.

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