José
Kaliengue – O País (ao), opinião
O
Parlamento acaba de discutir a nova lei do trabalho, a sua proposta. O PAÍS
traz nesta edição uma matéria sobre os licenciados desempregados.
Portugal
está em pulgas porque a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que Portugal e
Espanha têm demasiados licenciados… ou seja, gente com canudo e que não serve
para nada, pelo menos não encontra soluções para o desenvolvimento dos seus
países.
Nós,
em Angola, já não corremos o risco apenas, já estamos agarrados pelos ares de
Portugal, enchemo-nos de cursos superiores que sabemos que não vão produzir
gente de jeito.
Estamos
a formar desempregados e “descapacitados” ou descopetentes” como diz um amigo
meu.
Em
Benguela, por exemplo, é comum falarmos com jovens que estão a tirar um curso
superior no colégio X. para nós, colégio não é universidade. Mas…
Então
entrevistamos alguns destes jovens, licenciados já, pelos colégios ou mesmo por
algumas universidades… onde os empregaria? Eu? em lado algum. E vão-se
acumulando por aí aos milhares, com os seus canudos. E diremos que temos uma
geração de doutores, etc.
Então,
estamos criar carradas de gente orgulhosa por ter um canudo e triste por não
ter um emprego, por não saber fazer. Porque no nosso país o que importa é ser
Sr. Doutor. Não interessa a felicidade de um bom técnico, bem formado, com
emprego e a ganhar dinheiro. Temos universidade onde se forma mal (com as
devidas excepções, claro) e inventamos cursos que não desembocam em emprego. E vamos
felizes, até um dia alguém de fora, com autoridade, porque fez diferente e tem
bons resultados, nos vir atirar isso ao rosto, e nós, talvez barafustemos, mas
não fará diferença.
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(ao)
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