domingo, 28 de dezembro de 2014

Angola: AUMENTO DE COMBUSTÍVEIS ENFURECE LUANDENSES




Surpresa com subida do preço em vigor desde ontem

Domingos Bento.- Rede Angola

A subida na ordem dos 20 por cento no preço dos combustíveis foi mal recebida pelos luandenses. Ontem, os automobilistas foram surpreendidos com um comunicado do Ministério das Finanças que autoriza a Sonangol a proceder um ajuste  aos preços dos produtos derivados de petróleo. Doravante, o Decreto Executivo 405/14 de 24 de Dezembro, define o preço do litro da gasolina de Kz 75 para 90 e o gasóleo que era Kz 50 passa a ser comercializado agora a Kz 60 o litro.

Este aumento é o segundo do ano em curso, depois de no passado mês de Setembro os preços dos combustíveis terem sofrido um ajuste na ordem dos 46,4 por cento. Entretanto, cidadãos entrevistados pelo Rede Angola, mostram-se surpreendidos  com o aumento e manifestaram total desánimo com esta “mexida”.

É o caso do funcionário público Mário Jorge, 62, que disse que quando havia saído de casa não sabia deste aumento. Segundo o funcionário público, esta atitude é a demonstração na prática do desrespeito das autoridades para com os cidadãos.

“Então, como é possível fazer-se o ajuste sem antes comunicarem as pessoas? E ainda mais sendo o segundo deste ano. As autoridades devem ter respeito pelos cidadãos porque estas mexidas acabam por criar embaraços nas nossas vidas. É muito negativa a forma como o nosso governo age”.

Quem também se surpreendeu com o aumento do preço da gasolina foi a dona de casa Rofina Pemba, residente em Viana. De acordo com a dona de casa, o aumento de mais Kz 15 vai complicar muito a sua economia doméstica que já anda fragilizada devido à sua condição de desempregada.

“Não ouvi na rádio, nem vi na televisão que deviam aumentar o preço dos combustíveis. Eu que dependo do gerador para ter luz em casa, nem sei o que fazer. Já sei que terei muitas dificuldades”, afirmou.

Por sua vez, o taxista Pedro Soto fez saber que este aumento terá implicações negativas na sua rotina diária e nas contas com o patrão. O mesmo já começa a pensar na possibilidade de aumentar o preço do táxi, que custa Kz 100.

“Só este ano já vamos no segundo aumento do preço. E para quem, como eu, trabalha com carro do patrão, fica ainda mais complicado. Acho que desta vez não teremos outra saída senão o aumento da corrida de táxi. Se a polícia nos actuar, vamos ter que fazer linhas curtas ou então paralisar a nossa actividade”, atestou.

Entretanto, o decreto do Ministério das Finanças esclarece ainda que a alteração nos preços dos combustíveis está dentro da estratégia de melhoria da qualidade da despesa pública, consubstanciada na redução da carga de subsídios. Por outro lado, o mesmo Decreto sublinha que passam a ser excluídos do regime de preços fixados o Fuel Leve, o Fuel Pesado e o Asfalto, passando os seus preços a ser formados no âmbito do regime de preços livres, cessando assim o ónus do Estado com o custeio de subvenções.

Medida previsível

Contactado pelo RA, o economista José Rafael fez saber que cada vez mais o governo está a dar prova do tão esperado fim da subvenção aos combustíveis. De acordo com o também professor universitário, só em 2012, o valor total da subvenção atingiu cerca de USD 4 mil milhões. No entanto, o especialista fez saber que, na eventualidade de se retirar a subvenção aos combustíveis, os angolanos poderão conhecer grandes subidas do preço da gasolina e do gasóleo nos próximos tempos.

“Esta subida foi uma medida previsível. Portanto, a retirada da subvenção aos combustíveis é o desejo do governo, que não é de todo mau. Mas é preciso se pôr em conta uma série de factores porque o país ainda não está preparado para este processo. A maioria da nossa população é pobre ainda depende muito dos combustíveis. Não temos uma linha de transporte público eficaz e a nossa energia ainda é muito deficitária. Eu acho que este processo todo devia estar acompanhado com o ajuste equilibrado do salário da função pública que ainda é muito baixo ”, finalizou.

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