A
consultora Business Monitor Internacional considerou hoje que a corrupção
"frequente em todos os níveis da sociedade" é um dos principais
problemas que o novo Governo moçambicano vai ter de resolver nos próximos anos.
No
relatóario relativo ao primeiro trimestre deste ano sobre o ambiente
empresarial no país (Business Forecast Report), a que a Lusa teve acesso, os
analistas desta consultora internacional consideram que "a corrupção, que
é frequente em todos os níveis da sociedade moçambicana, é uma das mais
difíceis e prementes tarefas com que o Governo tem de lidar nos próximos
anos".
A
isto junta-se a redução da pobreza e a garantia que todos os cidadãos
beneficiam do desenvolvimento económico, que devem ser encaradas como
"preocupações sérias".
No
documento que analisa o ambiente empresarial e as perspetivas económicas, o
'Business Forecast Report' relativo ao primeiro trimestre deste ano, os
analistas sustentam que "o domínio do panorama político de Moçambique pela
Frelimo 'joga bem' com a continuidade politica, mas a falta de uma oposição
credíviel reduz o âmbito dos freios e contrapesos necessários para garantir a
responsabilização e a transparência".
No
relatório, que tem o subtítulo 'Riscos pós-eleitorais persistem",
defende-se que os resultados eleitorais não vão ser contestados, mas será
preciso um "acordo" que dê aos líderes da Renamo mais status, no
seguimento de um aumento da votação da oposição nas eleições presidenciais do
final do ano passado.
A
subida da votação dos partidos da oposição, de resto, é encarado como negativa
do ponto de vista da análise dos riscos políticos e de segurança: "A
previsão de crescimento permanece a mesma no seguimento da vitória da Frelimo,
mas a forte votação da oposição aumenta os riscos políticos e de segurança, e
pode resultar num crescimento económico mais baixo do que o previsto
atualmente".
A
previsão da Business Monitor aponta para taxas de crescimento acima dos 8% até
2020, ano em que o crescimento de Moçambique dispara para 14,5%, alicerçado no
início da exportação das vastas reservas de gás natural, que esta semana o
Banco Mundial estimou serem equivalentes a 20 mil milhões de barris de
petróleo, mais que Nigéria e Angola, os dois maiores produtores africanos.
"Uma
política macroeconómica prudente, uma gestão orçamental e um Presidente focado
no investimento e determinado a reduzir o grande nível de pobreza vão, na nossa
opinião, ajudar a sustentar o corrente crescimento anual robusto do PIB, que
deverá rondar os 10%, em média, na próxima década", escrevem os analistas
da BMI, que antecipam um crescimento médio de 8,8% nos próximos dez anos.
Os
fortes crescimentos económicos, dos maiores do mundo, escondem no entanto a
realidade do ponto de partida: o país é dos mais pobres do mundo, e aparece
sistematicamente entre os mais debilitados no que diz respeito aos sistemas de
governação e às infrasestruturas, bem como à percentagem de população a viver
na pobreza.
Os
recursos naturais de Moçambique, nomeadamente o carvão e o gás natural,
"vão dar um impulso significativo ao crescimento e têm o potencial
suficiente para transformar a economia", acrescenta a BMI, considerando
que "a produção de carvão vai chegar aos 76,1 milhões de toneladas por
ano, quando em 2009 era praticamente inexistente".
Entre
os maiores riscos reconhecidos pelos analistas da BMI, contam-se as condições
meteorólogicas, "que afetam a proidução e causam escassez de alimentos
nalgumas regiões, desequilibrando a posição orçamental do Governo", e a
alteração dos preços no mercado da energia, nomeadamente no petróleo.
"Apesar
de os preços mais baixos nos mercados energéticos internacionais beneficiarem a
balança de pagamentos do país, uma redução abrupta e prolongada arrisca-se a
manietar a vontade do país em apostar na produção e exportação de gás natural e
carvão, o mesmo acontecendo com os preços mais baixos das 'commodities', que
diminuem o incentivo para as empresas aumentarem a exploração e as operações
mineiras".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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