quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

DHLAKAMA ANUNCIA ENCONTRO COM NOVO GOVERNO MOÇAMBICANO




O Líder da Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, anunciou hoje um encontro com o novo executivo moçambicano, para discutir a sua exigência de um governo de gestão, que a Frelimo, no poder, rejeita.

"Nos próximos dois dias vai haver um frente a frente entre a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] e o novo Governo, que será a primeira reunião para ouvirmos oficialmente a posição da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] sobre o governo de gestão", disse aos jornalistas Afonso Dhlakama, no fim da sessão extraordinária do Conselho Político Nacional, em Caia, província de Sofala, centro de Moçambique.

A reunião com o Governo deverá ter lugar nas cidades de Quelimane (centro), ou em Maputo (sul), , disse Dhlakama, sem avançar de onde partiu a iniciativa de marcar o encontro, sem confirmação oficial do Governo ou da Frelimo.

"Vamos continuar a defender o governo de gestão, para proceder a reformas profundas na administração pública, desde a implantação do multipartidarismo, e eliminar vestígios, que não permitam fraudes nas futuras eleições" afirmou Afonso Dhlakama, acrescentando que não pretende insistir que a Frelimo aceite a sua exigência.

Há duas semanas, a Renamo ameaçou criar uma república autónoma no centro e norte de Moçambique, presidida por Afonso Dhlakama, caso a Frelimo persista em não acatar a sua exigência de um governo de gestão, como forma de ultrapassar o que alega ter sido uma frude eleitoral.

Hoje a Renamo anunciou que vai tentar envolver diplomatas estrangeiros em Maputo e organizações internacionais para impor a sua exigência.

"Só com a recusa (da Frelimo) é que vamos iniciar a nomeação e empossamento dos nossos governadores na região autónoma do centro e norte de Moçambique", declarou o líder da Renamo, cujo partido boicotou as posses das assembleias provinciais, do parlamento e faltou à investidura, na quinta-feira, do novo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

Dhlakama admitiu a possibilidade de o Presidente da República vir a demitir alguns quadros do novo Governo, empossado na segunda-feira, para fazer incorporar membros, da oposição, com vista a uma alegada inclusão governativa.

Entretanto, Afonso Dhlakama, disse que 89 deputados eleitos para a Assembleia da República que boicotaram a investidura, têm sido aliciados, supostamente pela elite da Frelimo, mas sem sucesso, para tomarem posse à revelia.

Hoje de manhã, a Frelimo condenou "a postura de violência" e "pronunciamentos intimidatórios" da Renamo e do seu líder e voltou a manifestar a sua recusa de um governo de gestão.

"A Frelimo repudia e condena veementemente os pronunciamentos intimidatórios e a postura de violência que tem estado ciclicamente a ser utilizada pela Renamo e seu líder", disse hoje Damião José, porta-voz do partido no poder, em conferência de imprensa realizada em Maputo.

Num comício realizado no sábado em Tete, Afonso Dhlakama prometeu reagir numa semana caso a Frelimo persista na recusa da sua exigência.

"Eu não vou ajoelhar-me à Frelimo porque não fui eu que roubei votos, mas os ladrões e comunistas da Frelimo é que se vão ajoelhar a mim, porque vou responder-lhes dentro de uma semana, caso eles continuem a brincar com o povo", declarou então o presidente da Renamo.

A Frelimo, através do seu porta-voz, reiterou hoje que "não haverá lugar a um dito governo de gestão", insistindo que o atual executivo foi legitimado pelo voto nas eleições gerais, cujos resultados foram validados pelo Conselho Constitucional, apesar dos protestos da oposição.

Segundo Damião José, o partido no poder está porém aberto "a trabalhar e dialogar, tendo sempre em vista para a inclusão, que não significa ter membros da oposição no Governo, mas ouvir o pensamento dos moçambicanos e as forças vivas da sociedade".

Tanto o governo empossado na segunda-feira como o elenco de governadores provinciais, investidos hoje, não contemplam qualquer figura da oposição.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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