O
Líder da Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama,
anunciou hoje um encontro com o novo executivo moçambicano, para discutir a sua
exigência de um governo de gestão, que a Frelimo, no poder, rejeita.
"Nos
próximos dois dias vai haver um frente a frente entre a Renamo [Resistência
Nacional Moçambicana] e o novo Governo, que será a primeira reunião para
ouvirmos oficialmente a posição da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique]
sobre o governo de gestão", disse aos jornalistas Afonso Dhlakama, no fim
da sessão extraordinária do Conselho Político Nacional, em Caia, província de
Sofala, centro de Moçambique.
A
reunião com o Governo deverá ter lugar nas cidades de Quelimane (centro), ou em
Maputo (sul), , disse Dhlakama, sem avançar de onde partiu a iniciativa de
marcar o encontro, sem confirmação oficial do Governo ou da Frelimo.
"Vamos
continuar a defender o governo de gestão, para proceder a reformas profundas na
administração pública, desde a implantação do multipartidarismo, e eliminar
vestígios, que não permitam fraudes nas futuras eleições" afirmou Afonso
Dhlakama, acrescentando que não pretende insistir que a Frelimo aceite a sua
exigência.
Há
duas semanas, a Renamo ameaçou criar uma república autónoma no centro e norte
de Moçambique, presidida por Afonso Dhlakama, caso a Frelimo persista em não
acatar a sua exigência de um governo de gestão, como forma de ultrapassar o que
alega ter sido uma frude eleitoral.
Hoje
a Renamo anunciou que vai tentar envolver diplomatas estrangeiros em Maputo e
organizações internacionais para impor a sua exigência.
"Só
com a recusa (da Frelimo) é que vamos iniciar a nomeação e empossamento dos
nossos governadores na região autónoma do centro e norte de Moçambique",
declarou o líder da Renamo, cujo partido boicotou as posses das assembleias
provinciais, do parlamento e faltou à investidura, na quinta-feira, do novo
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
Dhlakama
admitiu a possibilidade de o Presidente da República vir a demitir alguns
quadros do novo Governo, empossado na segunda-feira, para fazer incorporar
membros, da oposição, com vista a uma alegada inclusão governativa.
Entretanto,
Afonso Dhlakama, disse que 89 deputados eleitos para a Assembleia da República
que boicotaram a investidura, têm sido aliciados, supostamente pela elite da
Frelimo, mas sem sucesso, para tomarem posse à revelia.
Hoje
de manhã, a Frelimo condenou "a postura de violência" e
"pronunciamentos intimidatórios" da Renamo e do seu líder e voltou a
manifestar a sua recusa de um governo de gestão.
"A
Frelimo repudia e condena veementemente os pronunciamentos intimidatórios e a
postura de violência que tem estado ciclicamente a ser utilizada pela Renamo e
seu líder", disse hoje Damião José, porta-voz do partido no poder, em
conferência de imprensa realizada em Maputo.
Num
comício realizado no sábado em Tete, Afonso Dhlakama prometeu reagir numa
semana caso a Frelimo persista na recusa da sua exigência.
"Eu
não vou ajoelhar-me à Frelimo porque não fui eu que roubei votos, mas os
ladrões e comunistas da Frelimo é que se vão ajoelhar a mim, porque vou responder-lhes
dentro de uma semana, caso eles continuem a brincar com o povo", declarou
então o presidente da Renamo.
A
Frelimo, através do seu porta-voz, reiterou hoje que "não haverá lugar a
um dito governo de gestão", insistindo que o atual executivo foi legitimado
pelo voto nas eleições gerais, cujos resultados foram validados pelo Conselho
Constitucional, apesar dos protestos da oposição.
Segundo
Damião José, o partido no poder está porém aberto "a trabalhar e dialogar,
tendo sempre em vista para a inclusão, que não significa ter membros da
oposição no Governo, mas ouvir o pensamento dos moçambicanos e as forças vivas
da sociedade".
Tanto
o governo empossado na segunda-feira como o elenco de governadores provinciais,
investidos hoje, não contemplam qualquer figura da oposição.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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