Díli,
26 fev (Lusa) - Membros da Fretilin podem participar no próximo Governo
timorense, no âmbito da remodelação prevista para fevereiro, mas de forma
individual, como "elementos válidos" que podem contribuir para
corrigir distorções, disse à agência Lusa Mari Alkatiri.
Questionado
sobre se houve já convites a membros do partido, o líder do maior partido da
oposição timorense disse que os convites "são a pessoas da Fretilin e não
à Fretilin".
"Essa
é a nossa contribuição. Exigir que o primeiro-ministro faça remodelação dentro
do bloco (dos partidos que apoiam o Governo) é impossível porque dentro do
bloco o PM já encontrou os melhores", afirmou.
"Não
podemos dizer que tem que fazer remodelação, reduzir o governo e depois dizer
que nós continuamos fora. A Fretilin continua fora, mas (...) não podemos
bloquear essa possibilidade de elementos válidos da Fretilin
participarem", disse ainda.
Trata-se,
afirmou Alkatiri, de "elementos válidos, que são timorenses, que podem dar
uma contribuição nos próximos dois anos e meio para corrigir algumas distorções
(...) económicas e políticas" que considera terem ocorrido no Governo e na
administração pública.
"Agora
a Fretilin vai continuar a colaborar, mas de uma forma muito critica",
afirmou.
Escusando-se
a tecer comentários sobre o detalhe da remodelação, cujos contornos cabem ao
primeiro-ministro Xanana Gusmão definir, Mari Alkatiri insistiu que o Governo é
"pesado" com demasiados Ministérios e Secretarias de Estado e pouca
coordenação.
"Mas
não apenas o Governo. A própria administração pública ficou distorcida, com
muitos diretores nacionais, muitos diretores gerais, e até diretores nacionais
que são diretores de si próprios, mais a sua secretária", disse.
"Isto
é ridículo e é mesmo só distribuição de cadeiras. São vários partidos, cada
partido tem um compromisso com os seus membros e trás os seus membros para
dentro da administração pública", afirmou.
Isso
deixa a administração pública "complemente ineficaz, criando conflitos
internos" e sem "vida institucional que obrigue á coordenação",
tendo-se perdido "o bem comum" e "confundido o bem comum com o
bem pessoal".
Recorde-se
que Xanana Gusmão anunciou que até 18 de fevereiro levará a cabo uma
remodelação do seu executivo.
Nas
últimas semanas têm circulado vários rumores sobre a natureza e dimensão das
mudanças que serão levadas a cabo.
O
Governo timorense integra atualmente membros dos três partidos da coligação de
Governo, o CNRT (30 deputados), o PD (8 deputados) e a Frente Mudança (dois
deputados).
ASP
// JCS
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