quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Xanana Gusmão diz não estar preocupado com queda no preço do petróleo




Díli, 20 jan (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, disse hoje não estar preocupado com a queda do preço do petróleo, afirmando que o mais importante é como se gerem as receitas para "garantir o desenvolvimento do país".

"Não me preocupa. Já dei instruções para realizarmos estudos e consultarmos os especialistas. Não podemos tirar conclusões imediatas. Vamos acompanhar a questão", disse à Lusa em Díli.

"O que me compete agora é saber como vamos continuar a investir este fundo de petróleo para gerar rendimento e para consolidar o próprio fundo e o país", sublinhou.

Gusmão respondia à Lusa sobre questões relacionadas com a situação do orçamento de Estado de Timor-Leste para 2015 em que o executivo estima receitas petrolíferas totais de 2.275 milhões de dólares - que incluíam 900,7 milhões de dólares de juros do Fundo Petrolífero.

Esse valor é calculado com base num preço por barril de 107,9 dólares quando a cotação atual é inferior aos 50 dólares por barril, mais de metade da estimativa orçamentada.

"Dizem que os países da UE estão preocupadísssimos com a descida do preço do petróleo porque pode afetar o crescimento económico. Pergunto porquê e vejo que alguns países também recebem receitas dos investimentos que fazem no fundo", disse.

"Mas temos que pensar de outra forma: quando (o então MNE australiana) Gareth Evans e (o seu homólogo indonésio) Ali Alatas assinaram o Tratado de Timor Gap para a exploração do Bayu Undan (a 11 de dezembro de 1989), o petróleo estava abaixo dos 18 dólares por barril", ironizou.

Ao mesmo tempo o primeiro-ministro recordou que, no passado, em Timor-Leste se celebraram as grandes subidas nos preços do crude que, na prática, também se deviam a vários conflitos em curso em países como Iraque, Afeganistão ou Líbia.

"Somos hipócritas. Estamos a gritar para o mundo não fazer mais guerra mas era toda esta guerra, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, que estava a levar a esse aumento todo. E nós estávamos a beneficiar-nos da guerra, a beneficiarmo-nos do sofrimento dos outros", disse.

"Não quero ser levado só pela corrente do mais ou menos dinheiro. Temos que pensar no resto. Por isso, se calhar agora é uma excelente oportunidade para os investidores desenvolverem o nosso mar, a menor custo, sabendo que no futuro terão mais receitas", disse.

ASP // APN

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