Díli,
20 jan (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, disse hoje não
estar preocupado com a queda do preço do petróleo, afirmando que o mais importante
é como se gerem as receitas para "garantir o desenvolvimento do
país".
"Não
me preocupa. Já dei instruções para realizarmos estudos e consultarmos os
especialistas. Não podemos tirar conclusões imediatas. Vamos acompanhar a
questão", disse à Lusa em Díli.
"O
que me compete agora é saber como vamos continuar a investir este fundo de
petróleo para gerar rendimento e para consolidar o próprio fundo e o
país", sublinhou.
Gusmão
respondia à Lusa sobre questões relacionadas com a situação do orçamento de
Estado de Timor-Leste para 2015 em que o executivo estima receitas petrolíferas
totais de 2.275 milhões de dólares - que incluíam 900,7 milhões de dólares de
juros do Fundo Petrolífero.
Esse
valor é calculado com base num preço por barril de 107,9 dólares quando a
cotação atual é inferior aos 50 dólares por barril, mais de metade da
estimativa orçamentada.
"Dizem
que os países da UE estão preocupadísssimos com a descida do preço do petróleo
porque pode afetar o crescimento económico. Pergunto porquê e vejo que alguns
países também recebem receitas dos investimentos que fazem no fundo",
disse.
"Mas
temos que pensar de outra forma: quando (o então MNE australiana) Gareth Evans
e (o seu homólogo indonésio) Ali Alatas assinaram o Tratado de Timor Gap para a
exploração do Bayu Undan (a 11 de dezembro de 1989), o petróleo estava abaixo
dos 18 dólares por barril", ironizou.
Ao
mesmo tempo o primeiro-ministro recordou que, no passado, em Timor-Leste se
celebraram as grandes subidas nos preços do crude que, na prática, também se
deviam a vários conflitos em curso em países como Iraque, Afeganistão ou Líbia.
"Somos
hipócritas. Estamos a gritar para o mundo não fazer mais guerra mas era toda
esta guerra, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, que estava a levar a esse aumento
todo. E nós estávamos a beneficiar-nos da guerra, a beneficiarmo-nos do
sofrimento dos outros", disse.
"Não
quero ser levado só pela corrente do mais ou menos dinheiro. Temos que pensar
no resto. Por isso, se calhar agora é uma excelente oportunidade para os
investidores desenvolverem o nosso mar, a menor custo, sabendo que no futuro
terão mais receitas", disse.
ASP
// APN
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