Ramos Miguel – Voz da América
Analistas
moçambicanos dizem que a proposta do líder da Renamo Afonso Dhlakama de criação
de províncias autónomas pode agravar ainda mais o risco de tribalismo e
regionalismo que já é evidente em Moçambique.
A
proposta da Renamo domina o debate politico em Moçambique e o
constitucionalista Giles Cistac, defensor das ideias de Afonso Dhlakama, diz
que há fantasmas de algumas pessoas para assustar a população.
Cistac
afirma que Moçambique "devia optar por uma lei experimental, ou seja, um
modelo não para a totalidade das províncias, mas apenas algumas, para
experimentar este modelo de gestão mais democrática em relação àquele que existe hoje".
Aquele
especialista explicou que depois de um determinado prazo, que pode ser de três
ou cinco anos, fazia-se uma avaliação desta nova figura de autarquia
provincial, e posteriormente outro debate no Parlamento, "para vermos se
devemos estender este modelo a todas as províncias do país".
O
jurista Baltazar Fael é peremptório: "olhando para questões objectivas, eu
penso que neste momento, essa situação seria impraticável no nosso país".
Por
seu turno, o jurista Tomás Vieira Mário diz que não se pode pegar num contexto
que resultou de uma outra lei para adaptá-lo a uma legislação que ainda
não é conhecida, sendo necessário que Dhlakama fundamente melhor a sua
proposta.
"Ele
deve fundamentar muito bem o seu projecto para que passe no Parlamento e mostre
como é que podemos acomodar os seus interesses sem violar a Constituição e sem
criar o risco de um país dividido, porque não podemos excluir esse risco",
destacou.
De
acordo com aquele jurista, África é muito complicada: "mexe-se num fio e,
de repente, toda a camisa descose-se, se não houver cuidado, e agora com o
anúncio dos recursos minerais e energéticos, o risco de tribalismo e
regionalismo é muito evidente. Dhlakama tem que mostrar na proposta que preveniu
todos estes riscos".
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