Ministros
defendem direto de livre manifestação e, em resposta a protestos, se
comprometem a acelerar medidas para combater impunidade. Durante entrevista,
várias cidades têm panelaços.
Designados
pela presidente Dilma Rousseff, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo,
e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, comunicaram neste
domingo (15/03) que o governo federal vai acelerar uma série de medidas de
combate à corrupção e à impunidade nos próximos dias.
Em
entrevista coletiva no Palácio do Planalto para comentar as manifestações
que tomaram as ruas de cidades em todos os estados e do Distrito Federal,
ambos reforçaram que o governo está aberto ao diálogo, defenderam a livre
manifestação em todo o Brasil e culparam a conjuntura econômica mundial pelo
baixo crescimento econômico do país.
Durante
a entrevista, panelaços foram ouvidos em São Paulo , Rio de
Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e outras cidades. A ação
foi convocada via redes sociais, a exemplo do que havia ocorrido no domingo
passado, durante pronunciamento de Dilma.
"O
Brasil assistiu hoje a manifestações que foram realizadas dentro da ordem
democrática, dentro dos padrões da legalidade", disse o ministro da
Justiça, acrescentando que o país continuará a assegurar a liberdade de
manifestação. "O Brasil está muito longe de golpismos. A manifestação
democrática de hoje revela claramente isso. O governo está atento e revela a
disposição que sempre teve de ouvir a voz das ruas. Não há democracia sem
diálogo, sem tolerância de posições divergentes."
Atual
conjuntura exige reforma política
No
entanto, o ministro da Justiça admitiu a necessidade de uma reforma política.
"A atual conjuntura aponta para uma necessária mudança no nosso sistema
político eleitoral. Na nossa avaliação é um sistema anacrônico, que ainda temos
nos dias de hoje, que constitui a porta de entrada principal para a corrupção
no país. Então, é preciso mudá-la por meio de uma ampla reforma política",
declarou.
Além
disso, Cardozo comunicou que o governo anunciará nos próximos dias um conjunto
de medidas de combate à corrupção. Um dos principais pontos será o fim do
financiamento privado de campanhas eleitorais. De acordo com o ministro, parte
das propostas que serão anunciadas por Dilma já está tramitando no Congresso e
precisa ainda de aperfeiçoamento.
"O
governo, que tem uma clara postura de combate à corrupção, que ao longo desses
últimos tempos tem criado mecanismos que propiciam as investigações com
autonomia, vai anunciar algo que já era uma promessa eleitoral: um conjunto de
medidas de combate à corrupção e à impunidade. A postura do governo é que sua
posição não se limite a essas medidas. Estamos abertos ao diálogo", disse
Cardozo.
"Manifestantes
não votaram em Dilma"
Durante
a entrevista, enquanto Cardozo destacou a legitimidade das manifestações e
pediu reformas, o ministro da Secretária-Geral da Presidência salientou que
aqueles que foram às ruas votaram no senador tucano Aécio Neves.
"Os
protestos que ocorreram hoje são de setores críticos ao governo e seguramente
essa participação parece ser de eleitores que não votaram na presidente Dilma.
Manifestações contrárias ou favoráveis ao governo são legítimas. O que não é
legítimo e não é aceitável é o golpismo, a intolerância", disse Rossetto.
O
ministro afirmou ainda que a presidente lidera, e bem, um projeto de
desenvolvimento para o país, mas que a rota de crescimento foi afetada pela
conjuntura econômica mundial, que também prejudicou o Brasil.
Por
fim, Rossetto afirmou que a economia vai reagir no segundo semestre e que a
situação no Brasil é sólida. "Nada aqui se assemelha a situações como
Grécia e Espanha, com brutais desempregos", disse.
PV/ots
- Deutsche Welle
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