sexta-feira, 20 de março de 2015

Portugal – Campanha. “Mais Espaço, mais Festa” já deu 250 mil euros a PCP para terrenos




Meio ano após anunciar a compra de novos terrenos para alargar a Festa do "Avante!", o PCP angariou um quarto de milhão de euros para a Quinta do Cabo da Marinha, entre militantes, instituições e amigos.

A lembrar a "Operação Coração" benfiquista de 1994, quando os sócios 'encarnados' foram convidados a contribuir para o depauperado cofre do Estádio da Luz, os comunistas uniram-se na campanha "Mais Espaço, Mais Festa" e contribuíram, apesar das dificuldades económicas, através de "títulos" e "cartões de comparticipação" e até "compromissos mensais", além das normais quotas.

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, abriu a Festa do "Avante!" de 2014 congratulando-se com a compra, por 950 mil euros, dos sete hectares contíguos à Quinta da Atalaia, com vista sobre a baía do Seixal, mas o novo espaço só será utilizado no 40.º aniversário do evento, em 2016, após trabalhos de requalificação, totalizando aí mais de 200.000 m2, quase o dobro da área do centro comercial Colombo.

"Este partido vive do apoio dos seus militantes e amigos. Esse é um sentimento muito próprio dos comunistas, da forma de estarem na política. A campanha tem também esse significado, de saber que este partido não conta com benesses do grande capital. Tem de contar com o apoio da sua organização, das suas próprias forças, foi assim na clandestinidade, foi assim com a aquisição de outros bens, como a Quinta da Atalaia, centros de trabalho ou a sede nacional", disse à Lusa o responsável operacional pela Festa, Alexandre Araújo, do secretariado nacional, referindo-se à campanha, na década de 1980, "60 mil contos para o Vitória", antigo hotel na avenida da Liberdade, reconvertido em centro de trabalho do PCP, e ao edifício da rua Soeiro Pereira Gomes.

O dirigente do PCP avaliou que a compra teve bom acolhimento, "muito em resultado do que é a Festa e do que significa para este partido" e "está a correr muito bem", encontrando-se em fase de estudo a futura utilização do novo espaço, com um previsível novo portão para o recinto, a acomodação do acampamento central e serviços de apoio, entre numerosos pinheiros centenários.

"Estão centralizados, na caixa central, já mais de 250 mil euros, correspondentes a cerca de 2.500 contribuições de pessoas diferentes e alarga-se este movimento de contribuição para a campanha de fundos com muitos membros do partido, mas também amigos, crescendo o número de donativos, a comprometerem-se, até abril de 2016, data do encerramento da campanha, com uma contribuição regular para esta aquisição", continuou.

Alexandre Araújo considerou que o PCP está "ainda muito longe de aproveitar todas as possibilidades que existem", mas prometeu "procurar fazer crescer também para fora do partido as contribuições".

"Editámos títulos de comparticipação de entre 50 e 1.000 euros, com valores diferenciados, várias possibilidades. O título em papel dá expressão ao sentimento real de que este é um espaço nosso, construído e adquirido por nós, com a nossa participação e militância", afirmou, referindo-se aos "títulos de comparticipação" (50, 10, 200, 300, 400, 500, 1.000 euros), "cartões de comparticipação" (5, 10, 20 euros) e às "folha de contribuição" (compromissos mensais variáveis) - estas últimas contam com 5.400 subscritores, segundo Araújo.

A menos de seis meses da 39.ª festa, marcada para entre 04 e 06 de setembro, executam-se trabalhos de manutenção nos terrenos para "criar melhores condições, vencer condicionalismos" e "a Festa poder respirar melhor", desejando o responsável do PCP que a futura disposição crie "novos polos de atração" para as "dezenas de milhares de visitantes enchem as praças e alamedas" do certame anualmente.

"Esta era uma aspiração muito antiga, alargar o espaço da Festa e este terreno era o espaço natural para o fazer. Não foi fácil. Era uma aspiração de há 20 anos. Foi possível agora também, eventualmente, pela situação económica do país. Era uma oportunidade que não podíamos perder. Para respondermos à eventual passagem de uma estrada no atual terreno, que está em projeto e nos corta uma das pontas da Quinta da Atalaia, e termos uma Festa não condicionada, não mais pequena, mas uma Festa maior e mais agradável para os visitantes", disse.

Notícias ao Minuto com Lusa

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