Os
bispos de Moçambique estão até quarta-feira (13.05) no Vaticano. Há sete anos
que não se encontravam com o Papa. Esta é uma oportunidade para falarem sobre
os principais problemas que a Igreja moçambicana enfrenta.
O
bispo Luiz Fernando Lisboa está há dois anos à frente da diocese de Pemba, no
norte de Moçambique. Antes de ser nomeado pelo Papa Francisco, foi missionário
no país. Da província de Cabo Delgado, o brasileiro vê o avançar dos
megaprojetos na região com muita preocupação.
"Até
que ponto estes megaprojetos beneficiam o povo moçambicano? Eles têm uma capa
de benefícios, mas acabarão por beneficiar os grupos externos, as grandes
empresas multinacionais e 'alguns' moçambicanos. Nós tememos que esses
megaprojetos sejam uma nova colonização."
O
norte é a nova mina de ouro de Moçambique: carvão, gás e petróleo, pedras
preciosas.
A
corrida pela riqueza tem um lado obscuro, que o bispo denuncia. O garimpo de
pedras semi-preciosas é algo que o desassossega.
"Há
pessoas que estão ali que arriscam a vida, perdem a saúde ou morrem
soterradas", sublinha Luiz Fernando Lisboa. "Constrói-se quase que
uma cidade à volta da mina, predomina o alcoolismo, droga, prostituição. São
todos problemas que desafiam a Igreja. Ainda não temos como dar uma resposta."
A
situação é agravada pela instabilidade política no país, que ameaça a paz
conquistada.
"Ninguém
mais suporta a guerra", diz o bispo de Pemba.
"99%
por cento do povo moçambicano quer o diálogo e a paz. Infelizmente, alguns
líderes insistem em ser donos da verdade e isso dificulta o diálogo. A
insistência da Igreja é nisso. É preciso sentar, cada um, e ceder para que haja
a paz."
Rafael
Belincanta (Vaticano) - Deutsche Welle
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