quinta-feira, 4 de junho de 2015

Guiné-Bissau exposta ao Ébola com fim de controlo na fronteira com Guiné-Conacri




Poucos dias depois de o governo guineense ter alertado para a proximidade do Ébola, a Guiné-Bissau está mais exposta ao vírus. O sistema de saúde do país é frágil e o fim precipitado dos controlos de despistagem na fronteira com a vizinha Guiné- Conacri vem baixar uma defesa essencial do país, um dos raros na sub-região que ainda não foi afetado.

A Cruz Vermelha retirou nos últimos dias o seu pessoal do controlo de Boke, na fronteira da Guiné-Conacri com a Guiné- Bissau, depois de protestos violentos contra a identificação de cidadãos suspeitos de terem contraído o vírus. Na zona foi detetado um aumento de casos de Ébola, e a organização manifesta "muita preocupação" com a possível entrada do vírus em território guineense.

"Este ataque impede-nos de conter a epidemia de se espalhar e de identificar aqueles que possam ter estado em contacto com pessoas infectadas", afirmou Corinne Ambler, responsável regional de comunicações da Cruz Vermelha.

Os protestos contra a Cruz Vermelha surgiram depois de as equipas médicas terem tentado identificar uma mulher que terá estado em contacto com vítimas de ébola. Nos desacatos, foram atacados um posto da polícia e outros edifícios públicos, viaturas da Cruz Vermelha e ainda a casa de um funcionário desta organização.

Foi ainda incinerado um armazém onde estava armazenado material de contenção, nomeadamente utilizado em funerais de vítimas do vírus, considerado essencial para conter a epidemia. Para impedir os protestos foi necessário o envio de forças de segurança para a cidade.

Milhares de cidadãos da Guiné-Conacri entram diariamente na Guiné-Bissau, para comércio e outras atividades de subsistência. Segundo a Organização Mundial de Saúde, um cidadão que esteve em contacto com uma vítima de ébola em Boke terá regressado a uma comunidade piscatória na Guiné-Bissau, país que é considerado frágil por não ter sequer laboratórios capazes de diagnosticar o vírus.

Cerca de 230 pessoas estarão em risco de contrair a febre hemorrágica na cidade de Boke, depois de um aumento acentuado de casos desde maio, diz a OMS. No resto do país, o número de casos tem vindo a decair, e na vizinha Libéria o vírus já foi praticamente contido. A epidemia já fez mais de 11 mil mortos na África Ocidental.

Na semana passada, a ministra da Saúde Pública da Guiné- Bissau, Valentina Mendes, alertou a população para o facto de o vírus do Ébola “estar perto”, frisando que é preciso manter a vigilância e medidas de higiene. Referiu o facto de a doença ter sido redescoberta nalgumas localidades da Guiné-Conacri próximas da fronteira com a Guiné-Bissau.

África Monitor

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