Poucos
dias depois de o governo guineense ter alertado para a proximidade do Ébola, a
Guiné-Bissau está mais exposta ao vírus. O sistema de saúde do país é frágil e
o fim precipitado dos controlos de despistagem na fronteira com a vizinha
Guiné- Conacri vem baixar uma defesa essencial do país, um dos raros na
sub-região que ainda não foi afetado.
A
Cruz Vermelha retirou nos últimos dias o seu pessoal do controlo de Boke, na
fronteira da Guiné-Conacri com a Guiné- Bissau, depois de protestos violentos
contra a identificação de cidadãos suspeitos de terem contraído o vírus. Na
zona foi detetado um aumento de casos de Ébola, e a organização manifesta
"muita preocupação" com a possível entrada do vírus em território
guineense.
"Este
ataque impede-nos de conter a epidemia de se espalhar e de identificar aqueles
que possam ter estado em contacto com pessoas infectadas", afirmou Corinne
Ambler, responsável regional de comunicações da Cruz Vermelha.
Os
protestos contra a Cruz Vermelha surgiram depois de as equipas médicas terem
tentado identificar uma mulher que terá estado em contacto com vítimas de
ébola. Nos desacatos, foram atacados um posto da polícia e outros edifícios
públicos, viaturas da Cruz Vermelha e ainda a casa de um funcionário desta
organização.
Foi
ainda incinerado um armazém onde estava armazenado material de contenção,
nomeadamente utilizado em funerais de vítimas do vírus, considerado essencial
para conter a epidemia. Para impedir os protestos foi necessário o envio de
forças de segurança para a cidade.
Milhares
de cidadãos da Guiné-Conacri entram diariamente na Guiné-Bissau, para comércio
e outras atividades de subsistência. Segundo a Organização Mundial de Saúde, um
cidadão que esteve em contacto com uma vítima de ébola em Boke terá regressado
a uma comunidade piscatória na Guiné-Bissau, país que é considerado frágil por
não ter sequer laboratórios capazes de diagnosticar o vírus.
Cerca
de 230 pessoas estarão em risco de contrair a febre hemorrágica na cidade de
Boke, depois de um aumento acentuado de casos desde maio, diz a OMS. No resto
do país, o número de casos tem vindo a decair, e na vizinha Libéria o vírus já
foi praticamente contido. A epidemia já fez mais de 11 mil mortos na África
Ocidental.
Na
semana passada, a ministra da Saúde Pública da Guiné- Bissau, Valentina Mendes,
alertou a população para o facto de o vírus do Ébola “estar perto”, frisando
que é preciso manter a vigilância e medidas de higiene. Referiu o facto de a
doença ter sido redescoberta nalgumas localidades da Guiné-Conacri próximas da
fronteira com a Guiné-Bissau.
África
Monitor
Sem comentários:
Enviar um comentário