A
defesa de nove dos 15 jovens activistas detidos em Luanda há um mês, por
suspeita de prepararem um golpe de Estado, deu entrada com um ‘habeas corpus’ a
solicitar a sua libertação.
Ainformação
foi avançada hoje pelo advogado Walter Tondela, confirmando que o processo já
deu entrada no Tribunal Supremo de Angola e que deverá ser decidido “nos
próximos dias”.
“Sabemos
que o processo [de ‘habeas corpus’] está a correr com alguma celeridade no
Tribunal Supremo, estamos satisfeitos. Aguardamos que nos notifiquem de uma
decisão, mas estamos confiantes”, afirmou o advogado.
De
acordo com informação anterior enviada pela Procuradoria-Geral da República
(PGR), o grupo de 15 jovens activistas – detidos desde 20 de Junho – estaria a
preparar, em Luanda, um atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos e
outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado.
Os
activistas, estudantes e licenciados, foram entretanto distribuídos por
estabelecimentos prisionais em Viana (4), Calomboloca (7) e Caquila (4), na
região de Luanda, e ainda não têm qualquer acusação formada, decorrendo o
processo de investigação.
Associados
ao designado Movimento Revolucionário, estes jovens alegam que se encontravam
regularmente para discutir intervenção política e cívica, inclusive com acções
de formação, como a que decorria na altura de detenção.
Este
caso tem sido alvo de interesse nacional e internacional, com vários pedidos
públicos de organizações, artistas, escritores e activistas para a sua
libertação.
Segundo
Walter Tondela, na origem do pedido de ‘habeas corpus’, em que é defendida a
libertação dos jovens, com termo de identidade e residência ou mediante o
pagamento de uma caução, estão “irregularidades várias”, como a “ausência de um
flagrante delito”. Mas na generalidade “a violação das normas constitucionais”,
explicou o advogado, preferindo não adiantar mais pormenores nesta fase.
“Eles
vão sair das celas solitárias, onde estavam, e passar para as celas comuns. Já
estão mais animados e esperançados que o Tribunal Supremo seja célere e que aja
com Justiça, libertando-os”, disse ainda.
Para
29 de Julho foi entretanto convocada uma manifestação de outros activistas
angolanos, a realizar em Luanda, para exigir a libertação destes jovens.
A
propósito deste caso, o Presidente da República e do MPLA, também chefe do
Governo, afirmou no início deste mês que “não se deve permitir” que o povo
“seja submetido a mais uma situação dramática como a que viveu em 27 de maio de
1977″, aludindo à morte de milhares de pessoas numa suposta tentativa de golpe
de Estado protagonizada por elementos do próprio MPLA.
“Quem
quer alcançar o cargo de Presidente da República e formar Governo, que crie, se
não tiver, o seu partido político, nos termos da Constituição e da Lei, e se
candidate às eleições. Quem escolhe a via da força para tomar o poder ou usa
meios para tal anti-constitucionais não é democrata. É tirano ou ditador”,
acusou José Eduardo dos Santos que, por sinal, esta no poder desde 1979 sem
nunca ter sido nominalmente eleito.
Segundo
a PGR, os detidos em prisão preventiva são Henrique Luati Beirão (conhecido
como “Brigadeiro Mata Frakuzx”), Manuel “Nito Alves”, Afonso Matias
“Mbanza-Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de
Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Albano Evaristo Bingocabingo, Fernando
António Tomás “Nicola”, Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes,
Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo
(tenente das Forças Armadas Angolanas).
Folha 8 (ao)
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