sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ILHA ARTIFICIAL EM HONG KONG ATRASA PONTE HONG KONG-ZHUAI-MACAU



Em Hong Kong uma ilha artificial, que é parte essencial do projecto da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, está “a mover-se”. A conclusão da obra já foi adiada para depois do final de 2016. Em Macau, o trabalho está concluído e não se regista nada de semelhante, assegura o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas.

Cláudia Aranda – Ponto Final

Em Hong Kong, uma ilha artificial de cerca de 130 hectares – tida como um elemento-chave da infra-estrutura da ponte que vai ligar Hong Kong-Macau-Zhuhai – está “a mover-se”. As autoridades de Hong Kong estão novamente a rever a data de conclusão do aterro, sendo improvável que a empreitada seja concluída até ao final de 2016.

Em resposta a um pedido de esclarecimento solicitado pelo PONTO FINAL, o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), interlocutor do Governo da RAEM no projecto tripartido da ponte, assegurou que a secção da obra em Macau está concluída e não regista problemas: “Não se regista na ilha artificial de Macau qualquer fenómeno semelhante ao que se tem verificado na ilha artificial de Hong Kong”, esclareceu o gabinete.

O GDI acrescenta que, em Macau, “a ilha artificial da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai foi executada através do método de dragagem e construção de ensecadeira”, sendo esta uma “forma de execução diferente da que foi utilizada em Hong Kong”. Dado que a obra já está concluída, a sua utilização terá início com a abertura do trânsito na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, acrescenta o GDI.

O Governo da vizinha Região Administrativa de Hong Kong confirmou à RTHK (Rádio e Televisão de Hong Kong) que foram detectados movimentos “de até sete metros” na ilha artificial. Um porta voz do Departamento de Transportes de Hong Kong afirmou que há registo de movimentos desde o início da construção do aterro no ano passado, considerando esse facto “normal”, uma vez que está a ser usada uma técnica nova. Os engenheiros optaram por utilizar um método “não-dragado” para a construção do aterro. Esta técnica tem como grande vantagem ser menos prejudicial em termos de impacto para o ambiente marinho.

As autoridades de Hong Kong estão agora a rever a data de conclusão do projecto. De acordo com um porta-voz do Executivo de CY Leung, o departamento do Governo responsável pela acompanhamento da obra já havia comunicado à Assembleia Legislativa no início de 2015 que iria falhar o seu objectivo de conclusão da empreitada no final do próximo ano.

Howard Winn, jornalista independente responsável pelo blogue HowardWinnReports.com, sustenta que o local onde foi conduzida a intervenção abrange uma área considerável de lama e lodo. A abordagem convencional teria envolvido a dragagem desta lama mole e o subsequente preenchimento com areia, uma técnica que provoca danos ecológicos consideráveis, afectando a qualidade da água e criando ruído que pode perturbar o habitat do golfinho cor-de-rosa, espécie em risco de extinção. A opção por outra solução que não a dragagem exigiu a construção de um paredão de aço compreendendo grandes estruturas circulares com um diâmetro de cerca de 30 metros e 450 toneladas. As estruturas são inculcadas na lama até que atinjam uma camada rija.

Howard Winn cita relatórios sobre o projecto que dizem que o “período de execução da obra é apertado”. Muitos das estruturas ainda estão a ser instaladas e a afundar “a uma taxa de 100 milímetros por mês”. “Não se espera que a parede falhe, mas pode não manter a forma correcta”, dizem engenheiros familiarizados com a obra.

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