O
primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Correia, reenviou ao Presidente da
República, José Mário Vaz, a proposta de Governo que já tinha entregado há uma
semana e que o chefe de Estado rejeitou na terça-feira, anunciou a Presidência
em comunicado.
A
manutenção do elenco "revela uma incompreensível obstinação e desmesurado
apego ao poder", considerou a Presidência da República, no comunicado
divulgado na quinta-feira, em que critica Domingos Simões Pereira,
ex-primeiro-ministro e presidente do PAIGC, partido maioritário no Parlamento.
Vaz
negou dar posse a um executivo de que diz fazerem parte nomes do Governo que
demitiu em agosto, um executivo com apoio unânime do parlamento, mas que na
altura derrubou com a justificação de suspeitar de crimes e ilegalidades.
Na
terça-feira, ao rejeitar a proposta de Governo, o Presidente recomendou a
Carlos Correia que refletisse sobre o assunto, mas em resposta, o presidente do
PAIGC pediu ao chefe de Estado que mostre as provas que sustentam as suspeitas.
Simões
Pereira garantiu que se houver alguém sob suspeita, sairá da proposta.
No
comunicado desta quinta-feira, a Presidência responde, referindo que não lhe
cabe fazer isso, porque "não é e nem pretende substituir-se ao Ministério
Público".
Apesar
das tentativas junto da Procuradoria-Geral da República da Guiné-Bissau, a
agência Lusa ainda não conseguiu obter esclarecimentos sobre se há processos em
que membros da proposta de Governo sejam suspeitos.
Ao
longo de seis páginas da Presidência, Simões Pereira é o alvo destacado de
críticas, expressões e adjetivos que o qualificam de forma depreciativa.
O
documento é mais um na sequência da troca acesa de acusações, através de
comunicados, entre o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)
e a Presidência.
Na
quinta-feira, pela primeira vez, um parceiro internacional da Guiné-Bissau fez
uma crítica direta a um dos intervenientes na crise política.
"A
rejeição de um novo Governo pelo Presidente da Guiné-Bissau está a reavivar a
tensão política no país e a pôr em risco os esforços para ultrapassar a crise
política", referiu a Alta-Representante da União Europeia para os Negócios
Estrangeiros, Federica Mogherini.
A
Guiné-Bissau está sem Governo há quase dois meses, desde 12 de agosto.
Lusa,
em RTP
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