Rui Peralta*, Luanda
1º
Exemplo
Mais
de 25 Estados europeus cooperaram com o programa de tortura e de prisão em
segredo e facilitaram essa violação aos direitos humanos. É uma história
sórdida, que deixa a Europa mergulhada na vergonha. Os raptados – era de rapto
que se tratava - eram detidos em prisões secretas na Polónia, Albânia, Roménia
e Lituânia e aí eram torturados.
Em
2012 o Tribunal Europeu para os Direitos do Homem ouviu o cidadão alemão Khalid
El-Masri, raptado pela CIA na Macedónia em 2003, quando visitava familiares,
que descreveu a forma como foi enviado para uma prisão no Afeganistão, onde
permaneceu durante meses, sendo depois transferido para um centro de detenção
na Albânia. Khalid foi torturado no Afeganistão (onde terá sido sodomizado por
diversas vezes) e na Albânia. O Tribunal condenou o governo da Macedónia por
ter entregado Khalid á CIA.
Casos
similares passaram-se com centenas de inocentes, vítimas de erro de
identificação por parte do Centro de Luta Contra o Terrorismo da CIA, todos com
participação de autoridades da União Europeia e que estão a ser analisados pelo
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Onde estão os protestos e as campanhas
contra estes atentados aos Direitos Humanos? Onde estão as resoluções do
Parlamento Europeu? Por onde anda a “indignação” da Amnistia Internacional e os
avisos do Alto-Comissário e respectivos Relatores Especiais da ONU para os
Direitos do Homem?
2º
Exemplo
A
violência na Síria, Iraque, Afeganistão e em alguns países africanos como a
Líbia, a Republica Centro-Africana, Somália, Sudão do Sul, Eritreia e outros,
geraram uma vaga de milhões de refugiados que procuram refúgio na Europa. Nessa
viagem os refugiados são sujeitos a situações degradantes. A Agência das Nações
Unidas para os Refugiados denuncia um número crescente de casos de crianças que
são submetidas a práticas sexuais para pagarem a viagem. Mais recentemente a
República Checa foi acusada de violações sistemáticas dos direitos humanos
devido ao tratamento a que submete os refugiados que cruzam as suas fronteiras.
Os refugiados são detidos e permanecem em instalações sem o mínimo de
condições, por tempo superior a 40 dias sendo submetidos a tratamento a
degradante, mesmo em frente das crianças. Existem muitas denúncias de casos em
que as crianças são retiradas aos pais, permanecendo separadas durantes
semanas. São comuns casos de furto perpetrados por agentes da “eventual
autoridade.”
Mas…e as Resoluções, as Campanhas, os Avisos e os Protestos?
3º
Exemplo
A
tragédia dos refugiados atinge proporções dantescas se levarmos em linha de
conta as rupturas de muitos sistemas nacionais para asilados e refugiados, como
a Grécia, cujo sistema humanitário entrou em colapso ou a Itália que atingiu o
seu ponto de ruptura (e estes são dois países fundamentais na área do
Mediterrâneo, a de maior fluxo). Mas e os USA?
Enquanto
a Arménia, um pequeno e pobre país esforça-se por receber 10 mil refugiados
sírios, enquanto diversos países europeus albergam centenas de milhares de
refugiados sírios, os USA anunciam ao som de estridentes trompetas que albergam
centenas de sírios. Eis a preocupação humanitária dos USA, os super-defensores
dos direitos humanos, os patrocinadores de “activistas” que destruturam nações
africanas: centenas de refugiados sírios, num universo de milhões.
De
quem é a responsabilidade destes refugiados percorrerem a Síria, a Jordânia, o
Líbano, a Turquia e tentarem a sorte na Europa? Quem é o criador da situação
que levou milhões de pessoas a iniciarem esta trágica vaga de desgraças? Quem foi
o responsável pelos bombardeamentos que impedem os sírios de habitar no seu
país, devido á destruição das bombas da NATO e dos bandos financiados pelos
Estados do Golfo e treinados pela CIA? Centenas de refugiados sírios?
E
onde estão as marchas, os protestos, os avisos, as recomendações, as
resoluções, a Amnistia Internacional? É só coisa para Angola?
*Rui
Fernando Peralta Reis / Evy Eden Batista Martins
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