Organizadores
das contestações pela liberdade dos 15 jovens detidos desde junho dizem que as
vigílias terão continuidade, apesar da intimidação da polícia angolana. Em
Luanda, três ativistas foram espancados numa missa.
Apesar
da intimidação e da repressão por parte da polícia angolana, vão continuar as
manifestações para exigir o fim das prisões dos 15
ativistas detidos desde junho, asseguram os organizadores das
iniciativas.
Na
segunda-feira (12.10), a igreja católica de São Domingos, em Luanda, foi
invadida por polícias, enquanto decorria uma missa de acção de graças a favor
dos presos políticos, acusados de rebelião e de preparação de um atentado
contra o Presidente José Eduardo dos Santos.
Lacerda
da Costa Van-dunem, uma das organizadoras da contestação e da missa, diz que a
ameaça do Governo não a intimida e que a luta não terminou. "Nós vamos
continuar e não vamos ficar por aqui até porque não nos sentimos intimidados
com as ameaças do Governo", diz.
Além
de impedir a realização da vigília, a polícia deteve o padre que celebrava a
missa e espancou três ativistas que se encontravam dentro da igreja. Adolfo
Campos, Mário Faustino e Baixa de Cassange chegaram a ser detidos, mas já foram
libertados.
Em
declarações à DW África, o jornalista e jurista William Tonet disse ser
"algo indescritível" o que se viveu na igreja de São Domingos.
"Numa simples homília, as pessoas estavam a rezar pelos presos políticos
detidos injustamente e, de repente, sentiu-se uma invasão da polícia. O foco
foi algumas pessoas ligadas ao movimento de contestação", disse.
Este
incidente surge depois da forte mobilização policial já observada no domingo
(11.10), na Igreja Sagrada Família, também na capital angolana. Mais de cem
pessoas estavam concentradas no local para exigir a libertação dos detidos e
condenar a insensibilidade do Governo no caso do ativista Luaty
Beirão , em greve de fome há três semanas e cujo estado de saúde
continua a inspirar cuidados.
Com
receio da polícia, dos canhões de água e dos cães, os participantes acabaram
por sair da igreja. Segundo analistas próximos do regime, tratava-se de uma
"vigília ilegal".
Violência
gera indignação
A
acção da polícia está a gerar uma onda de indignação. Um padre católico
publicou um vídeo no Youtube a condenar os recentes acontecimentos. "Estou
aqui para deplorar a acção da polícia na igreja de São Domingos. Com esta
atitude a única coisa que o Governo consegue é descredibilizar as instituições
do Estado. A igreja é um espaço de oração, de paz. É um espaço onde as pessoas
reflectem sobre a vida", afirma.
Para
o jornalista William Tonet, a polícia conseguiu fazer na segunda-feira o que
não fez no domingo: derramamento de sangue. "No domingo, a polícia não
conseguiu fazer verter sangue. Na segunda-feira, já o conseguiu. As pessoas
foram depois libertadas, mas isto demonstra infelizmente a natureza perversa do
regime, mostra que não estamos numa democracia", diz.
Apesar
da onda de intimidação, William Tonet ressalta que "quanto mais há
ditadura mais há força para resistência."
Manuel
Luamba (Luanda) – Deutsche Welle
1 comentário:
Quero rectificar a notícia dada acima. A Polícia Nacional não entrou na Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Manteve o transito impedido no acesso à Igreja da parte sul e impedia o estacionamento na praça em frente à Igreja. Manteve vários agentes na praça desde as 14h30 do dia 12 até a madrugada do dia 13. Não impediu a a Missa das 18h30 nem tocou ou falou com o sacerdote que celebrava. Quando a polícia em frente à Igreja deteve alguns jovens houve alguns minutos da alvoroço que se sentiu na Igreja. A verdade liberta.
Enviar um comentário