Martinho Júnior, Luanda
1
– O episódio sangrento de sexta-feira 13 de Novembro de 2015 em Paris, tendo em
conta o estado do mundo e as complexas situações que vão estalando na “periferia” asiática
e africana sobretudo, indiciam que o surgimento da multipolarização emergente é
um parto sangrento que tem a partir deste momento a maior oportunidade de
afirmação.
De
facto uma multipolarização excludente dos Estados Unidos e da União Europeia é
impraticável, mas para isso particularmente os membros da NATO têm de fazer uma “conversão” que
até agora não tinham demonstrado disposição.
As
conversações no G-20 podem entreabrir um postigo na direcção da
multipolarização de que se espera!
2
– É evidente que tendo como fulcros a Síria e o Iraque, é imenso o inventário
das perspectivas a abordar pelos mais diversos intervenientes, até por que os
Estados Unidos demonstraram até agora ser refractários em relação ao
desmantelamento do auto-proclamado Estado Islâmico.
De
facto o que os Estados Unidos por via da administração democrata de Barack
Hussein Obama têm reflectido em relação aos artifícios do Estado Islâmico, da
Al Qaeda e dos respectivos apêndices espalhados pelo mundo, é um exercício de
ambiguidade muito similar ao que por exemplo praticou em relação à África
Austral e Angola (muito particularmente, antes do reconhecimento de Bill
Clinton): zelosamente produziu o “efeito dominó” de forma a prolongar
o exercício do “apartheid” e com isso prolongar o abuso de
mão-de-obra barata (para não dizer escrava) nas estratégicas minas de ouro,
platina e diamantes sujeitas ao velho estro imperialista de Cecil John Rhodes!
Com
um tabuleiro pejado de “efeitos dóminó” no Oriente Médio, os Estados
Unidos vão assumindo a velada geo estratégia de Israel, dividindo e dividindo o
campo adversário para melhor garantir a sobrevivência dos falcões sionistas,
enquanto manipulam peões ao nível duma Arábia Saudita e de outras avassaladas
monarquias arábicas, que sabem que estão a lutar num tudo por tudo no que diz
respeito à sua própria sobrevivência!
3
– O pesadelo de petróleo barato serve de poderoso cacete e tacitamente o
auto-proclamado Estado Islâmico tem servido de argumento encoberto já com um
poder de tal ordem que é extremamente útil à Arábia Saudita em relação à OPEP…
é ela que tem a voz mais activa sobre os valores do barril e por isso é ela que
está a chocar também aí com outros interesses fora da aliança que foi decidida
no Tratado Quincy no fim da IIª Guerra Mundial, forjada entre o Presidente
Roosevelt e o Rei Ibn Saud em pleno Suez!
A
própria Rússia percebe isso e está a levar a cabo uma arriscada estratégia de
bifurcação, que não tem outra alternativa de ir para a frente tendo em conta as
experiências traumatizantes do dobrar do século com a Chechénia:
A
– Ou os Estados Unidos, a NATO e os aliados arábicos convergem no sentido da
vontade de multipolarização…
B
– Ou continuam indefinidamente com a disseminação do caos a ponto de na União
Europeia assistirem à emergência fascista, ou mesmo nazi, numa tendência que se
espalhará também pelo mundo…
C
– Ou estão a caminho duma conflagração que pode chegar à hecatombe nuclear em
relação à qual pode haver um ponto de não retorno para a vida no planeta e para
a Terra tal qual a conhecemos!
A
reunião do G-20 foi importante no sentido da multipolarização, todavia há
imensas provas de fogo que vêm a caminho, em busca dum consenso carregado de
armadilhas, de vulnerabilidades, de constante tensão e de múltiplas
vulnerabilidades!
As
próximas eleições nos Estados Unidos nesse sentido, nunca foram tão dramáticas
como as que irão ocorrer em 2016…
Foto
do encontro Putin – Obama em Antália (reunião do G-20).
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