O
MEDO DA MUDANÇA
William Tonet* - Folha 8 digital, opinião
O
país está a ser irresponsavelmente levado para o pico de saturação social,
fruto das más políticas económicas, empreendidas pelo titular do poder executivo.
Se é certo que a crise mundial tem alguma influência, ela não pode servir de
manga justificativa para o desnorte total da actual situação financeira. Os
cofres da banca central estão quase vazios e depois da saída do ex-ministro das
Finanças, Carlos Lopes, a reserva financeira do Estado, então avaliada em mais
de 31 mil milhões de dólares, foi “selvaticamente” delapidada, a menos de
metade, por uma “gang” alojada na mais alta roda do poder, originando o actual
sufoco da falta de reacção do Estado aos inúmeros projectos públicos, bem como
de divisas, na banca comercial, para atender as operações regulares da classe
empresarial emergente e dos cidadãos em geral.
Os
larápios partidocratas estão devidamente identificados, nominá-los não seria
fastidioso, mas uma perda de tempo, sabendo-se da impunidade que grassa pelos
corredores palacianos do poder, que os torna, inimputáveis, ainda que
traficantes de armas ou lavadores internacionais de dinheiro. E para blindar,
institucionalmente, a ladroagem do erário público, os poderes, judicial,
policial, militar e legislativo, foram, prévia e astutamente feitos reféns
pela suprema magistratura, que untando as mãos, lhes aprisionou eventuais
motivações contestatárias.
Mas,
para coroar a “alibabagem regimental”, a oposição enfraquecida na utopia da
existência de carris democráticos é silenciada, em função da cabimentação financeira
mensal, atribuida pelos algozes, que dizem querer derrubar, esquecendo-se
serem, aqueles, os detentores das chaves de toda máquina do aparelho do Estado.
Assim,
só resta mesmo esperança na juventude irreverente, nacionalista e patriótica
que, pese a sua fraqueza financeira, dá peito ao manifesto da honorabilidade e
coerência de princípios, cônscios da ingente tarefa de terem de lutar, para
resgatar a cidadania da maioria dos autóctones, cada vez mais empobrecida e
carente de oportunidades iguais e democracia.
Agora
fica mais claro, as razões que levaram o Tribunal Constitucional a subverter a
Constituição, inviabilizando a interpelação do executivo por parte dos
deputados da Assembleia Nacional.
Num
país normal, com instituições fortes e independentes, os corruptos seriam
chamados a barra dos tribunais e enclausurados na Comarca de Luanda ou em
Calomboloca, infelizmente, neste, cada vez mais anormal, as cadeias só
escancaram as portas das fedorentas celas, aos inocentes, que denunciam os
gatunos institucionais ou os “pilha galinhas”…
Uma
pergunta, no final. Será por este e outros roubos milionários que os jaguares
passaram a engalanar as garagens dos juízes do Tribunal Constitucional, levando-os,
magistralmente, a subverter a formalidade constitucional de inviabilizar a
interpelação devida, dos deputados da Assembleia Nacional ao Executivo, sob o
argumento estapafúrdio de o Presidente da República ser órgão de soberania,
sem nunca ter sido nominalmente eleito, nem ter sido caucionado pelo Titular
do Poder Constituinte: o povo!
Assim
com a perca precoce da virgindade e vitalidade parlamentar, a maioria dos cidadãos
autóctones, não conseguem, ver quem os possa defender da opressão colonial a
que estão sujeitos, com o roubo desenfreado das riquezas nacionais, por um
grupo restrito de “ladrões de colarinho branco”, que prendem, torturam,
assassinam e dão medalhas aos assassinos regimentais, como os bispos da Igreja
Universal e o de Hilbert Ganga, absolvidos por “relevantes serviços, ao regime
totalitário que nos (des)governa.
*Diretor
do Folha 8
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