domingo, 13 de dezembro de 2015

Jornalistas de Hong Kong expressam preocupação sobre compra do jornal South China Morning Post



Hong Kong, China, 12 dez (Lusa) -- A Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA) manifestou a sua "preocupação" pela compra, anunciada esta noite, do diário South China Morning Post (SCMP), um dos mais importantes da ex-colónia britânica, por parte do gigante chinês da Internet Alibaba.

A aquisição "comprometerá ainda mais a liberdade de imprensa em Hong Kong", assinalou, em comunicado, a HKJA que tem vindo a denunciar a deterioração do direito à informação no território desde os protestos pró-democracia que tiveram a cidade como palco em 2014.

A compra ocorre após semanas de especulação sobre o futuro do jornal, escrito em inglês, e de preocupação sobre se se tornará um porta-voz de Pequim.

A preocupação com a liberdade de imprensa em Hong Kong tem crescido após ataques a jornalistas, relatos de pressões das autoridades sobre os editores e uma cada vez maior autocensura.

A HKJA recorda que, na sexta-feira, após o anúncio da compra, o vice-presidente executivo da Alibaba, Joseph Tsai, garantiu numa carta dirigida aos leitores que a operação não irá afetar a independência do diário, mas que também afirmou que também pretendia que o SCMP "espalhasse" um ângulo diferente sobre a China.

"A atual cobertura não é completa nem saudável, porque tem sempre o ângulo ocidental, e espero que possamos usar outro ângulo, mais objetivo, para estudar a China, afirmou Joseph Tsai.

Do ponto de vista da Associação de Jornalistas de Hong Kong, estas declarações alimentam o receio de que esse "outro ângulo" se traduza em maiores restrições à informação sobre a China.

O SCMP, com mais de um século de história, é um dos poucos meios de comunicação social que tem garantido aos leitores internacionais uma perspetiva interna de Hong Kong e da China, tirando proveito da maior liberdade de imprensa de que goza a Região Administrativa Especial face ao interior da China.

Outra preocupação que a compra despertou é a de que o grupo Alibaba use o diário como plataforma publicitária das suas atividades empresariais, o que Tsai também tentou negar numa entrevista publicada pelo próprio jornal de Hong Kong.

"As pessoas não têm porquê se preocupar. A política editorial será determinada pelos editores, não apenas na cobertura do Alibaba mas também na relativa a outras empresas", assegurou.

Também destacou que os novos proprietários do jornal vão manter a edição em papel, apesar dos problemas económicos que se arrastam nos últimos anos, ainda que esteja previsto o desenvolvimento de uma versão digital melhorada, que atualmente é paga, mas que, segundo adiantou, poderá começar a ser gratuita.

DM (JH) // DM

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