Hong
Kong, China, 12 dez (Lusa) -- A Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA)
manifestou a sua "preocupação" pela compra, anunciada esta noite, do
diário South China Morning Post (SCMP), um dos mais importantes da ex-colónia
britânica, por parte do gigante chinês da Internet Alibaba.
A
aquisição "comprometerá ainda mais a liberdade de imprensa em Hong
Kong", assinalou, em comunicado, a HKJA que tem vindo a denunciar a
deterioração do direito à informação no território desde os protestos
pró-democracia que tiveram a cidade como palco em 2014.
A
compra ocorre após semanas de especulação sobre o futuro do jornal, escrito em
inglês, e de preocupação sobre se se tornará um porta-voz de Pequim.
A
preocupação com a liberdade de imprensa em Hong Kong tem crescido após ataques
a jornalistas, relatos de pressões das autoridades sobre os editores e uma cada
vez maior autocensura.
A
HKJA recorda que, na sexta-feira, após o anúncio da compra, o vice-presidente
executivo da Alibaba, Joseph Tsai, garantiu numa carta dirigida aos leitores
que a operação não irá afetar a independência do diário, mas que também afirmou
que também pretendia que o SCMP "espalhasse" um ângulo diferente
sobre a China.
"A
atual cobertura não é completa nem saudável, porque tem sempre o ângulo ocidental,
e espero que possamos usar outro ângulo, mais objetivo, para estudar a China,
afirmou Joseph Tsai.
Do
ponto de vista da Associação de Jornalistas de Hong Kong, estas declarações
alimentam o receio de que esse "outro ângulo" se traduza em maiores
restrições à informação sobre a China.
O
SCMP, com mais de um século de história, é um dos poucos meios de comunicação
social que tem garantido aos leitores internacionais uma perspetiva interna de
Hong Kong e da China, tirando proveito da maior liberdade de imprensa de que
goza a Região Administrativa Especial face ao interior da China.
Outra
preocupação que a compra despertou é a de que o grupo Alibaba use o diário como
plataforma publicitária das suas atividades empresariais, o que Tsai também
tentou negar numa entrevista publicada pelo próprio jornal de Hong Kong.
"As
pessoas não têm porquê se preocupar. A política editorial será determinada
pelos editores, não apenas na cobertura do Alibaba mas também na relativa a
outras empresas", assegurou.
Também
destacou que os novos proprietários do jornal vão manter a edição em papel,
apesar dos problemas económicos que se arrastam nos últimos anos, ainda que
esteja previsto o desenvolvimento de uma versão digital melhorada, que
atualmente é paga, mas que, segundo adiantou, poderá começar a ser gratuita.
DM
(JH) // DM
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