quinta-feira, 16 de abril de 2015

CARRASCOS DOS PORTUGUESES E DE PORTUGAL


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Sob a batuta da austeridade que é fio condutor recomendado e exigido pelas grandes corporações capitalistas globais, europeias e portuguesas, o governo de Passos-Portas-Cavaco tem estado em permanência montado na besta que desde há quase quatro anos esmaga o país e os portugueses, principalmente os mais fragilizados económica e socialmente. Os vulgares trabalhadores ou… escravos de um regime recheado de ganância, de indiferença e desumanidade que serve com todo o esplendor os objetivos de exploração ditados pelo capitalismo selvagem que impera.

Esses propósitos são demonstrados em breves títulos dos jornais de hoje. Alguns só surgidos quase no final do dia.

Podemos ler no jornal Expresso que a “Estratégia do Governo mantém cortes de salários até 2018. E sobretaxa até 2019”. Foi a ministra das Finanças, Luís Albuquerque, que declarou esse propósito. Com a maior das cegueiras sobre a realidade de miséria, de sobreendividamento, de carências várias e enormes que vitimam os portugueses.

Como se tal não bastasse, ainda no mesmo jornal, podemos ler que o “Programa de Estabilidade e Crescimento prevê novos cortes nas pensões em 2016”. Também este título tem base naquilo que a mesma ministra, das Finanças, declarou na apresentação do Plano de Estabilidade e Crescimento em conferência de Imprensa.

Que estabilidade? Que crescimento? Estabilidade e crescimento de quem? Dos trabalhadores certamente que não. Da grande maioria dos portugueses certamente que não. De Portugal certamente que não. Mas é esta a receita dos carrascos perante o país e os portugueses com as cabeças nos cepos a aguardar a machadada terrível e final.

A matéria está muito fresca de tão recente. A análise está para surgir, certamente amanhã, ao que foi anunciado na conferência de imprensa da referida apresentação do Plano. Apesar disso, o que transparece é o propósito deste governo - composto pelo trio radical-direitista onde se inclui o cúmplice Cavaco Silva – em continuar a empobrecer os portugueses, cada vez mais portugueses. Destruindo a classe média ainda mais do que já o fez. Assassinando portugueses pobres nos hospitais devido a carências de recursos causadas pelos cortes orçamentais criminosos.

Com toda a propriedade, uma vez revelada a realidade da penúria que o Plano hoje anunciado contém, o que se pode concluir é que Portugal está sob o domínio de terríveis carrascos dos seus cidadãos. E pior acontecerá se nas eleições que se aproximam os portugueses cometerem o erro de entregar seus votos ao bando de malfeitores que nestes últimos quatro anos têm sido causa da desgraça e miséria de milhões de portugueses e de Portugal.

Nas próximas eleições, em Setembro ou Outubro (deverá ser em Outubro), vamos ver qual a consciência e grau de analfabetismo político (ou não) dos portugueses eleitores. Já há os que apostam na continuação nos poderes políticos dos atuais carrascos dos portugueses e de Portugal.

Consciência política e de classe, precisam-se. Como de pão para a boca.

Portugal – Greve. Pilotos da Portugália param nos mesmos dias que os da TAP – 10 dias




A decisão foi tomada esta tarde, por unanimidade, em Assembleia de pilotos da PGA

Assim, os pilotos decidiram mandatar o presidente do Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil para elaborar e divulgar um pré-aviso de greve, no prazo de dois dias.

O período definido para essa paralisação coincide com o da greve dos pilotos da TAP, ou seja, entre os dias 1 e 10 de Maio.

Questionado pela TSF acerca desta decisão, o porta-voz da TAP, António Monteiro considera que «o que o sindicato dos pilotos pretende é acentuar o dano para a operação da empresa e impedir os passageiros da TAP de optarem por voos da Portugália, agravando o prejuízo da TAP».

António Monteiro reconhece que o efeito da greve será assim muito maior. Antes deste anúncio dos pilotos da Portugália, a empresa já estimava um prejuízo de 70 milhões de euros.

Artur Carvalho - TSF

Leia mais em TSF

Portugal. GREVE DOS FERROVIÁRIOS SUPRIMIU MAIS DE METADE DOS COMBOIOS




A greve desta quinta-feira dos ferroviários causou a supressão de mais de metade dos 1.038 comboios previstos para circular até às 18 horas, o que levou os sindicatos envolvidos a considerar que os objetivos da luta foram alcançados.

Segundo fonte oficial da CP, realizaram-se 447 comboios a nível nacional, o que corresponde a 43% da operação normal e representa mais do que os serviços mínimos decididos pelo Tribunal Arbitral nomeado pelo Conselho Económico e Social.

Na zona suburbana de Lisboa, por exemplo, fizeram-se 204 dos 496 comboios previstos diariamente.

A paralisação contra a política de fusões e privatizações levou à supressão de 591 comboios a nível nacional e de 292 na zona suburbana de Lisboa.

O coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, disse à agência Lusa que a greve atingiu os objetivos pretendidos, pois as perturbações na circulação ferroviária "lançaram na opinião pública a discussão dos motivos que levaram à paralisação".

O sindicalista admitiu que, nalgumas linhas a circulação ultrapassou os serviços mínimos exigidos, nomeadamente na linha do Sado.

"Apesar da exigência dos serviços mínimos, fazemos um balanço positivo da greve, porque teve uma adesão significativa", disse, acrescentando que na CP carga e na Emef a adesão foi de 80 e 90%, respetivamente.

A greve de hoje, em curso até ao final do dia, abrange trabalhadores da CP, CP Carga, Refer, EMEF e Estradas de Portugal (EP), que contestam a privatização da CP Carga e da empresa de manutenção ferroviária, a fusão da EP com a Refer e a concessão de linhas da CP.

Há uma semana, o Governo aprovou em Conselho de Ministros a fusão da EP e da Refer na Infraestruturas de Portugal, que será uma realidade a 1 de maio ou a 1 de junho, dependendo da promulgação do diploma pela Presidência da República.

Antes o Governo tinha aprovado os processos de privatização da CP Carga e da EMEF, que deverão estar concluídos até ao final da legislatura, depois de um longo processo negocial com Bruxelas sobre as ajudas do Estado às duas empresas.


Segundo informação divulgada pela Estradas de Portugal, "o impacto da greve na atividade da EP foi nulo, com a adesão de 0,7%" e a adesão na REFER foi de 10,04%.
Jornal de Notícias

CRÓNICA DA MORTE DE UM ESTATUTO DOS POLÍTICOS EM CABO VERDE




Depois de muita pressão popular, os dois principais partidos do país deixaram cair o polémico Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos, que previa, entre outras coisas, um aumento dos salários, congelados há 17 anos.

Quinze dias depois do Movimento de Ação Cívica (MAC#114) ter organizado uma manifestação contra o Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos que juntou nas principais cidades do país milhares de pessoas, os principais partidos políticos do país (PAICV e MpD) deitaram a toalha ao chão.

Eis o resumo dos acontecimentos no dia em que a proposta caiu por terra.

Cabo-verdianos ameaçam com novos protestos

Na manhã de segunda-feira (13.04), os dirigentes da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS) e do Movimento de Ação Cívica (MAC#114) admitiram que, se os deputados voltassem a aprovar o Estatuto, poderiam avançar para uma ação conjunta de protesto. As duas organizações anunciaram que iriam transformar o 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, numa jornada nacional de luta contra o Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos.

"Continuamos a defender que o momento não é oportuno para a aprovação desse documento", disse o secretário-geral da UNTC-CS, Júlio Ascensão Silva.

"Não há condições políticas"

Poucas horas depois, o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, anunciou o fim do consenso com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

"Não há condições políticas para continuarmos no processo de aprovação do Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos, nem para a sua revisão, tendo em conta a situação interna do PAICV", afirmou. "Não temos um interlocutor válido neste momento, é um partido com um corpo e três cabeças. A relação de confiança foi posta em causa durante todo este processo."

O líder parlamentar do PAICV, Felisberto Vieira, e o primeiro-ministro, José Maria Neves, defendiam a aprovação do estatuto, mas a líder do partido, Janira Hopffer Almada, manifestara-se contra.

Fim "doloroso"

Por ser um diploma que exige a maioria qualificada, Felisberto Vieira anunciou ao final da tarde que, assim sendo, também caía o processo de reforma do Parlamento.

"Temos um conjunto de alterações no processo negocial, com a surpreendente notícia dada hoje pelo líder do MpD. Há uma movimentação cívica e política e ainda um conjunto de ruídos à volta deste processo. Pensamos que não existem efetivamente as condições necessárias para se avançar."

Felisberto Vieira falou de um dia triste para a democracia cabo-verdiana, contrariamente à satisfação manifestada pela sociedade civil.

"É doloroso que todo o trabalho feito até este momento chegue a este fim de uma forma abrupta", disse Vieira. "Penso que a democracia parlamentar sai a perder, o Estado de Direito de Cabo Verde sai a perder, mas é assim a vida política."

Estatuto poderá ser aprovado em 2017?

Esta terça-feira (14.04), o primeiro-ministro cabo-verdiano lamentou o facto de o PAICV e o MpD terem retirado da agenda a discussão e votação do Estatuto dos Titulares dos Cargos Políticos. José Maria Neves espera que o pacote que conduzirá a uma reforma profunda do Parlamento venha a ser aprovado em 2017, depois das eleições gerais do próximo ano.

“O Parlamento já tomou a decisão de suspender este debate", afirmou. "Espero que as próximas eleições legislativas, autárquicas e presidenciais sejam jornadas democráticas para o debate aprofundado dessas questões com a sociedade cabo-verdiana, e após essas eleições, eventualmente em 2017, se faça uma profunda reforma do Parlamento, incluindo a problemática do Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos.”

Na semana passada, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, vetou o projeto de lei do Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos, depois de muitos apelos nesse sentido feitos por diversos sectores da sociedade cabo-verdiana, entre os quais, pelo cardeal de Cabo Verde, Dom Arlindo Furtado.

Nélio dos Santos (Cidade da Praia) – Deutsche Welle

TENSÃO ENTRE XIITAS E SUNITAS NA GUINÉ-BISSAU




Há uma semana, um porta-voz da juventude islâmica da Guiné-Bissau chamou a atenção para os "perigos da presença dos xiitas" no país. Em entrevista à RFI, o jurista guineense Fodé Mané, membro da comunidade muçulmana, minimizou as tensões entre sunitas e xiitas no país.

Na quinta-feira passada, 9 de Abril, em conferência de imprensa, um porta-voz da juventude islâmica da Guiné-Bissau, Braima Sanhá, pediu ao governo guineense para ter em atenção "as movimentações dos xiitas". 

Citado pelo jornal África21online, o responsável declarou: "Temos que ter atenção com essa gente. Querem o protagonismo, a liderança (da comunidade muçulmana), mas para isso recorrem ao dinheiro. Queremos chamar a atenção do nosso Estado para que repare no que se passa".

Os sunitas são a corrente islâmica dominante na Guiné-Bissau.

RFI

Mikko Pyhälä. Amílcar Cabral é um dos "maiores pensadores" africanos




O embaixador emérito da Finlândia Mikko Pyhälä defendeu hoje, em Coimbra, que Amílcar Cabral e Nelson Mandela foram os maiores pensadores e dirigentes políticos de África.

Mas o dirigente sul-africano não hesitava em afirmar que Amílcar Cabral tinha sido "o principal pensador e maior dirigente político do continente africano", sublinhou o diplomata finlandês, que falava à agência Lusa, hoje, em Coimbra, à margem da conferência 'Entre a Finlândia e a Guiné. Mikko Pyhälä e Amílcar Cabral (1970-1971): Testemunho de um antigo dirigente da União Internacional de Estudantes (UIE)'.

A comparação entre os dois nomes da história africana não é, no entanto, "fácil nem, porventura, legítima", sustentou o antigo embaixador finlandês, salientando que Mandela e Cabral "viveram realidades e em países muito diferentes".

É "totalmente pacífico" que o fundador do Partido Africano da Independência (PAI), que esteve na "génese do PAIGC [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde], organização de luta pela libertação destes dois países do colonialismo [português]", foi "genial", designadamente ao reconhecer "a importância da cultura na luta pela libertação", defendeu o diplomata.

Amílcar Cabral foi "o líder mais brilhante das lutas africanas pela independência", foi "o grande ator político e pensador", sintetizou Mikko Pyhälä, concluindo que ele e Nelson Mandela "são gigantes".

Pyhälä "visitou Conacri e as regiões libertadas pelo PAIGC em finais de 1970, integrando uma missão da UIE" e, mais tarde "teve um grande papel na organização da célebre visita de Cabral à Finlândia em 1971, que provocou uma reviravolta nas relações que este país mantinha com Portugal", disse, na abertura da conferência, Julião Soares Sousa, historiador guineense e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20), entidade promotora da iniciativa.

Mikko Pyhälä foi também o primeiro estrangeiro a gravar as chamadas "canções da luta de libertação nacional", recentemente reeditadas na Finlândia.

Embaixador designadamente em "vários países sul-americanos e asiáticos", Pyhälä é autor de "diversas obras sobre Amílcar Cabral e a luta de libertação da Guiné[-Bissau] e de Cabo Verde".

A Guiné-Bissau foi "praticamente a única colónia africana que logrou conquistar a independência através da luta armada", disse, durante a conferência, o diplomata finlandês, referindo as suas visitas àquele país e a Cabo Verde (antes e depois do 25 de Abril de 1974), entre outros momentos da luta destes povos pela independência, particularmente no plano diplomático.

Após grande disputa política interna, a Finlândia acabou, em 1972, por dar apoio humanitário aos movimentos de libertação africanos (à semelhança daquilo que, então, já faziam a Suécia e a Noruega), recordou.
Cabo Verde é hoje um país onde "a democracia está muito enraizada" e com assinalável "evolução económica e social", afirmou à Lusa Mikko Pyhälä, considerando a história mais recente do arquipélago "um monumento à sabedoria".

Já a Guiné-Bissau "é um país pobre" e que, sobretudo nos últimos tempos, "tem sido vítima da máfia da droga", mas "parece começar a tender para a normalização", embora sejam "muitas e profundas as contradições" que o país tem de resolver, concluiu o diplomata.

Lusa, em Notícias ao Minuto (ontem)

São Tomé e Príncipe. O CAVALO, A ÉGUA, O POTRO E A MULA




Há um conto popular russo, se não me engano no nome do país em causa, que ridiculariza, de forma soberba, a mentalidade submissa, por um lado, e tiques de chico-espertismo, por outro lado, um pouco disseminado na nossa sociedade, momentaneamente em transformação acelerada, que caracteriza muito bem aquilo que somos como povo.

Diz o referido conto, em termos sintéticos, que um homem rico e um outro muito pobre viajavam juntos numa grande caminhada. Neste propósito, o homem rico montava um bonito exemplar de um cavalo castrado e o homem pobre seguia montado numa velha égua.

Durante a viagem em causa, numa noite, numa paragem específica para descanso, a égua do homem pobre pariu um potro. Sem que ambos dessem por isso, o potro em causa deslizou para baixo do ventre do cavalo do homem rico. Este, sem cerimónias nenhumas, de imediato, aproveitou a ocasião para dizer ao homem pobre que o seu cavalo tinha parido o potro em causa reclamando-o, portanto, para si.

Alguns acontecimentos recentes, passados em S.Tomé e Príncipe, refletem a realidade retratada acima, configurador da forma como o governo nos trata como cidadãos. Ou seja, somos uma espécie de tolos de um reino chefiado por Chicos-espertos que entendem que a realidade política, social e económica do país depende, em grande medida, somente das informações que recebemos, nalguns casos, de forma interesseira, por parte deste mesmo governo.

Num contexto como o nosso onde os instrumentos que permitem a informação pública constituem, simultaneamente, uma propriedade privada, torna-se difícil que a inteligência individual nos proteja das idiotices e chico-espertismo compagináveis com as atuações do homem rico e do homem pobre na história narrada acima.

O primeiro acontecimento, passado recentemente em S.Tomé e Príncipe, amplamente divulgado, pela generalidade dos órgãos de comunicação social nacionais e alguns estrangeiros, informa-nos que uma estrada que se começara a fazer, há doze anos, só agora foi concluída pelo governo do ADI. A notícia em causa, passada diversas vezes nalgumas rádios, tentava passar a ideia de que o governo atual do ADI, fora reformador neste domínio, quando comparado com outros governos da república. Só que todos nos esquecemos, de repente, que o ADI esteve no governo, durante dois anos, recentemente e, provavelmente, também se esquecera de concluir a referida estrada, naquele contexto temporal concreto.

Da mesma forma, a missa, um pouco por todo o país, em torno da iniciativa relacionada com o famoso “orçamento do cidadão” reflete, de forma fiel, todas as incongruências deste estilo político. Ou seja, com o dinheiro dos outros, que andam a financiar o nosso orçamento de Estado, o governo andou a perguntar aos cidadãos o que querem para as suas respetivas freguesias incluindo, nesta autêntica brincadeira, todos os devaneios e luxos populares, em detrimento de criação de condições, paulatinamente, para a produção de riqueza internamente que minimize, no médio e longo prazos, a nossa quase total dependência do exterior. Comportamo-nos, neste caso, como ricos e donos do potro, sabendo, todavia, que ele provém de éguas alheias.

Imaginem o que seria uma família, constituída por um pai, mãe, filhos, netos, avó, avô, etc., tecnicamente falidos, pedirem dinheiro emprestado a alguém e utilizarem-no, como meio de saírem desta situação de falência crónica, solicitando a cada membro da família em causa o que queriam fazer com o dinheiro em causa para satisfação do luxo e ambição pessoal, em detrimento de um plano de investimento familiar inclusivo que, no médio e longo prazos, acabasse por resolver ou minimizar todos os problemas da família em causa. Duvido que alguém, no seu perfeito juízo, daria, sistematicamente, dinheiro emprestado a esta família.

Temo que, decorrente deste autêntico luxo com o potro dos outros, no futuro, aqueles que têm assegurado, sistematicamente, as nossas necessidades orçamentais, comecem a refletir sobre as consequências da nossa insanidade neste âmbito e ponderem a utilidade e prosseguimento deste ato.

A corrida governamental desenfreada, para inauguração de chafarizes, um pouco por todo o país, é o retrato mais pálido e inconsistente desta política de um governo montado por cima de um cavalo castrado reivindicando os potros de éguas alheias.

Também sei que a política é feita destes atos simbólicos e que a posição voluntária do atual governo do ADI, querendo-se mostrar, desde o princípio da legislatura, elegantemente, como um rico por cima de um cavalo castrado, o que foi determinante para a assunção do slogan “Vamos Construir o Novo Dubai”, não deixa alternativas para outra postura política mais humilde, inclusiva, realista e pragmática que o país necessitaria nesta fase do seu desenvolvimento.

Só que quem tem uma postura tão assertiva e reivindicativa neste e noutros domínios, aparentemente em defesa dos interesses do país, tem que generalizá-la transversalmente noutros contextos.

De repente, desta vez, uma mula apareceu debaixo do ventre do cavalo castrado do homem rico e este fingiu que não era nada com ele comportando-se como os três macacos sábios: cego, surdo e mudo.

De facto, foi este o comportamento do governo do ADI relativamente ao navio Thunder, segundo as informações dos diversos órgãos de comunicação social, perseguido pela Interpol, que acabou por naufragar, de forma súbita, na nossa costa, depois de solicitar apoio logístico às autoridades nacionais para fazer o transbordo da sua mercadoria no país, mudança de tripulação e, eventualmente, adquirir um novo registo para continuar a sua prática predatória nas nossas águas.

Custa-me muito compreender que um governo que reivindica a propriedade de todos os potros alheios que lhe aparecem pela frente e, neste caso, perante uma boa mula recém-nascida, finge que não viu nada, não sabe nada e nem fala sobre nada.

Ninguém pede ao governo proclamações rocambolescas ou precipitadas sobre o assunto em causa. Não é isto que nos interessa como cidadãos. Todavia, perante um caso desta gravidade, esperava-se que, passados sensivelmente oito dias da ocorrência deste caso, o governo nos informasse coisas simples sobre o referido assunto. Desde logo: o navio em causa estava ou não sendo perseguido pela Interpol como sugere as notícias? Se tal facto estava, de facto, a ocorrer, e mediante o desfecho do mesmo que contactos o governo em causa já estabeleceu com a referida organização como parte integrante, voluntária ou involuntariamente, no mesmo?

Informalmente, o governo, ou a instituição vocacionada para o efeito, aparentemente, preparava-se para dar apoio logístico ao referido navio, permitir o transbordo da sua mercadoria no país bem como a mudança de tripulação e, eventualmente, permitir um novo registo para que o referido navio continuasse a sua prática predatória nas nossas águas. Perante as informações ulteriores, relacionadas com a perseguição do navio em causa pela Interpol, continua a ser esta a atitude e disponibilidade das entidades governamentais envolvidas no caso perante a situação em causa?

Deve ser esta a prática recomendável ou modus operandi, em termos de autorização para transbordo de mercadorias, registo de navios e decisão sobre a pesca nas nossas águas, por parte das entidades nacionais, demonstradas neste processo, bastando para tal o contacto informal e distante com as entidades interessadas negligenciando-se, todavia, outras informações mais pertinentes que nos proteja de práticas indesejáveis com eventuais consequências criminais e ambientais?

Que consequências ou impactos ambientais terá o referido naufrágio nas nossas águas? O governo tentou saber junto do comandante e da tripulação em causa a carga do referido navio e eventuais efeitos ou impactos ambientais decorrentes do referido naufrágio que possa contribuir para tranquilizar os cidadãos nacionais?

A resposta para estas e outras questões seriam importantes para o sossego e tranquilidade das pessoas. É para isto que o governo foi eleito. Mas, a impressão que dá, voluntária ou involuntariamente, de acordo com a postura do governo no assunto em causa, é que o comandante do navio e respetiva tripulação são vítimas da atuação da Sea Shepherd Conservation Society ou mesmo da Interpol e estes é que são os carrascos desta história. Ou seja, voluntária ou involuntariamente, transmitimos a ideia, perante a comunidade internacional, de um Estado frágil, permeável, ligeiro e condescendente com os eventuais infratores, onde, aliás, estes procuram refúgio mediante perseguições de entidades não-governamentais vocacionadas para o efeito ou mesmo policiais.

Tudo isto parece contraditório com a promoção de palestras, conferências e outras iniciativas em prol da atração de investimentos estrangeiros para o país. Quem vai investir num país que trata assuntos sérios e perigosos com esta ligeireza? Até que ponto a publicitação internacional deste assunto, sem esvaziamento oportuno do mesmo pelo governo central, coloca em causa os esforços de alguns empresários estrangeiros e do governo regional do Príncipe, decorrentes de uma estratégia organizada e implementada, em prol da inclusão do Príncipe na rede biosfera da Unesco e opção estratégica assumida para um desenvolvimento regional sustentável?

Quem vai assumir os estragos que a mula, recentemente nascida, está a provocar no reino? O governo não pode só assumir a paternidade dos potros. As mulas também têm que ter donos.

Adelino Cardoso Cassandra – T+ela Nón (st), opinião

Professores portugueses vão lecionar no ensino superior de São Tomé e Príncipe




O ensino superior de São Tomé e Príncipe pode vir a receber, no ano letivo 2015/2016, um conjunto de professores portugueses. A notícia foi corroborada pela reitora da Universidade de Évora, Ana Freitas, que revelou que as inscrições vão decorrer no próximo mês de setembro.

Ana Freitas esteve reunida com o ministro de Educação, Cultura e Ciências de São Tomé e Príncipe, Olinto Daio, chegando à conclusão de que a cooperação será «importante para os dois países», acrescentando que «todos os professores portugueses vão passar por uma seleção» antes de virem a lecionar em São Tomé e Príncipe.

No que se refere ao Instituto Superior Técnico de Bragança, o seu presidente, Sobrinho Teixeira, igualmente, recebido pelo ministro de Educação, Cultura e Ciências, sublinhou que todos os santomenses «têm a potencialidades para chegar longe».

Recorde-se que Ana Freitas e Sobrinho Teixeira integraram a delegação portuguesa encabeçada pelo ministro da Educação, Nuno Crato, que, concluiu hoje, uma visita oficial de três dias a São Tomé e Príncipe. 

Manuel Dênde, São Tomé e Príncipe – A Bola

SENADO APROVA MEMORANDO DE COOPERAÇÃO ENTRE GUINÉ EQUATORIAL E BRASIL




O  senado da Guiné Equatorial aprovou por unanimidade o memorando de cooperação entre o país e o Brasil, anunciou nesta quinta-feira o Escritório de Informação e Imprensa em seu site.

Em março, o governo do presidente Teodoro Obiang pediu ao Senado a aprovação desse memorando, no qual, entre outros assuntos, está incluso o acordo de cooperação de supressão de vistos a favor dos cidadãos de ambos países com passaportes diplomáticos, oficiais e de serviço.

O memorando conta também com acordos para a criação de uma Comissão Mista de Cooperação, Educação, Técnica e do Exercício da Atividade Remunerada para dependentes do pessoal diplomático, consular, militar, administrativo e técnico das missões diplomáticas, consulares e de organismos internacionais.

A câmara alta do país aprova este memorando nove meses depois do ingresso da Guiné Equatorial no clube da língua portuguesa, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que em julho realizou uma cúpula em Díli (Timor- Leste).

Guiné Equatorial e Brasil iniciaram suas relações diplomáticas em 1974 e, durante a visita de Obiang a dito país em fevereiro de 2008, foram assinados 14 projetos de cooperação em matéria de agricultura, saúde, esporte, transporte, petróleo e educação, entre outras.

A troca comercial entre os dois países aumentou significativamente nos últimos anos e passou desde US$ 3 milhões em 2003 até US$ 243 milhões em 2007, segundo fontes oficiais de ambos países.

Em janeiro de 2006, a companhia petrolífera Petrobras anunciou sua entrada na Guiné Equatorial mediante a compra de uma participação de 50% em uma concessão para o exploração de petróleo.

Terra Brasil

UNIÃO EUROPEIA VOLTA A FINANCIAR O ZIMBABWE



Roger Godwin – Jornal de Angola

 A União Europeia entregou um cheque de 270 milhões de dólares ao governo do Zimbabwe destinado a financiar projectos de carácter social, 13 anos depois da imposição de sanções económicas ao país, como uma manifesta forma de pressão política sobre o Presidente Robert Mugabe.

Este é o primeiro financiamento que os 28 países membros da União Europeia aceitaram entregar directamente ao governo do Zimbabwe para que o possa gerir directamente sem a intervenção fiscalizadora da entidade doadora, facto que foi devidamente sublinhado pelas autoridades de Harare. É evidente que a entrega destes 270 milhões de dólares pode ser o primeiro passo para o reatamento normal das relações entre o Zimbabwe e a União Europeia mas, está longe de ser o início do fim do ostracismo a que os europeus votaram o Presidente Mugabe.

A atestar isto, está o facto, considerado “muito preocupante” pelo governo zimbabweano, que tem a ver com a manutenção das sanções políticas que ainda pendem sobre a família Mugabe que continua, por força dessas determinações, impedido de viajar para território europeu. Tentando separar, aparentemente, as relações económicas das políticas, a União Europeia continua a ter em relação ao Zimbabwe uma posição que configura uma continua pressão política com o objectivo, cada vez mais claro, de influenciar a sua gestão em termos de liderança e de programa de governo.

Ao condicionar essa ajuda de 270 milhões de dólares a projectos sociais, a União Europeia transmite a ideia de se querer aproveitar da fragilidade económica do país para condicionar o seu programa de acção sufragado em 31 de Maio de 2013, com mais de 62 por cento dos votos da população e expressos em eleições legislativas e presidenciais internacionalmente consideradas como tendo sido “exemplares”.

Ao receber o cheque dos 270 milhões de dólares, o ministro zimbabweano das Finanças, Patrick Chinamasa, considerado como sendo da “linha dura” da ZANU-Frente Patriótica, de Robert Mugabe, foi claro ao dizer que a ajuda é bem vinda mas que, por si só, não é razão suficiente para relançar definitivamente as relações entre as duas partes. Chinamasa lamentou que a União Europeia continue a querer condicionar a liderança política de Robert Mugabe, mantendo o impedimento de viajar para território europeu e criando balizas para orientar a forma de aplicação deste financiamento.

Mas a verdade é que desde há alguns meses que se vinha assistindo como que a um “namoro discreto” entre o Zimbabwe e alguns países da União Europeia, conduzido no sentido de encontrar mecanismos personalizados de cooperação e que não ferissem as determinações e condicionalismos impostos pela União Europeia, a alguns dos seus membros.

Desde sempre, a Inglaterra e mais recentemente a França e a Alemanha, se relacionam com algumas empresas privadas do Zimbabwe no sentido do estabelecimento de parcerias que sirvam os interesses das partes e não afectem as negociações em curso com a União Europeia.

Logo no início de 2013 que o governo zimbabweano aguardava com alguma impaciência que a União Europeia desse um passo, no sentido de reconhecer os esforços que Harare estava a fazer, no sentido de reconquistar a confiança perdida em 2002, altura em que entraram em vigor as sanções,  que com algum pudor apelidaram de económicas mas que, inquestionavelmente, sempre tiveram um forte cariz político.

Depois da realização das eleições de 31 de Maio de 2013 que o governo zimbabweano esperava o levantamento da sanções, uma vez que o pleito havia obedecido aos preceitos exigidos por Bruxelas.

A verdade é que, por uma razão ou por outra, a União Europeia foi buscando argumentos políticos para dilatar no tempo o cumprimento da promessa feita, limitando-se a suavizar algumas medidas impostas a partir de 2002 mas que, reconhecidamente, estavam – como ainda estão – longe de ir bem ao fundo da questão.

O passo agora dado com a entrega de um financiamento de 270 milhões de dólares foi, para a União Europeia, difícil de dar, por representar um importante esforço económico com escassos dividendos políticos, pelo menos no imediato.

Mas, para o Zimbabwe tratou-se de uma ajuda importante que ajuda a resolver alguns problemas imediatos mas que, por razões óbvias, fica longe de responder às suas melhores expectativas.

Entre essas expectativas está o reatamento normal e sem condicionalismos das relações com a União Europeia, o que obriga a que esta organização reconheça, de forma explícita e com todo o seu envolvimento, a legitimidade da liderança política de Robert Mugabe libertando-o, assim, dos impedimentos que sobre ele pesam para viajar livremente para onde muito bem entender.

E foi devido à grave crise económica e financeira que afectam o seu quotidiano, que o governo do Zimbabwe se viu quase “obrigado” a receber este cheque de 270 milhões de dólares com os quais conta poder resolver alguns problemas da sua população. 

Mas, é bom que fique claro, que não vai ser com este dinheiro que a União Europeia conseguiu ainda comprar a submissão de um líder, que o seu povo aclama e que o continente africano respeita, conforme disse o ministro zimbabweano das Finanças, na cerimónia oficial que pode ter marcado uma nova era nas relações do seu país com a União Europeia

SOBREVIVENTE DO ÉBOLA APRESENTA VÍRUS NO SÉMEN VOLVIDOS SEIS MESES




Genebra, 16 Abr (AIM) Testes realizados no sémen de um sobrevivente detectaram traços do vírus do Ébola, volvidos seis meses depois de ter sido declarado curado da doença, anunciou quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), apelando aos sobreviventes a praticarem sexo seguro até nova ordem.

O homem tinha sido declarado livre daquela mortífera doença na Libéria em Setembro último, disse à AFP o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

Ele forneceu uma amostra de sémen que foi testado...positivo ao Ébola, 175 dias depois de exames de sangue terem testado negativo, escreveu Jasarevic em e-mail.

A OMS tinha dito anteriormente que o vírus tinha sido detectado no sémen de sobreviventes três meses depois de um paciente ser declarado livre do Ébola.

A nova descoberta levou a OMS a recomendar que os sobreviventes se abstenham de sexo ou que pratiquem sexo seguro com o uso do preservativo para além do período de três meses prescrito anteriormente.

Os sobreviventes de Ébola devem considerar o correcto e constante uso do preservativo em todo o acto sexual para além de três meses até que que mais informações estejam disponíveis, diz a OMS.

Jasarevic disse ser necessárias mais pesquisas antes de a organização poder dar um conselho mais detalhado.

Precisamos de saber se este caso particular é uma anomalia ou se existem realmente grupos de pessoas que podem ter partes do vírus do Ébola por mais tempo, disse.

Até que se saiba mais, os sobreviventes do Ébola devem abster-se do sexo ou praticarem sexo seguro
até nova ordem, disse Bruce Aylward, chefe da resposta da OMS ao Ébola.

Acrescentou que alguns estudos já estão em curso, bem como discussões sobre se os sobreviventes do Ébola devem ou não ser sistematicamente testados depois de três meses para determinar o seu estado.

Devemos encontrar respostas que nos permitam dar um conselho definitivo aos sobreviventes, muito, mas muito rapidamente, disse ele.

O mais mortífero surto de Ébola na História começou em finais de 2013 e matou mais de 10.600 pessoas, a maior parte das quais na Libéria, Serra Leoa, e Guiné Conakry.

(AIM) Times/bm/sg

NYUSI ANGUSTIADO COM SOFRIMENTO DE MOÇAMBICANOS VÍTIMAS DE XENOFOBIA




Maputo, 16 Abr (AIM) O Presidente da República, Filipe Nyusi, manifestou hoje, em Maputo, a sua angústia com o sofrimento de seus compatriotas moçambicanos que estão sendo vítimas de uma onda de ataques xenófobos na cidade portuária de Durban, na vizinha África do Sul.

Assistimos com grande preocupação e angústia o sofrimento dos nossos concidadãos que estão a ser vítimas de actos de xenofobia no país irmão, África do Sul, disse estadista moçambicano, que falava durante a cerimónia de tomada posse de três novos procuradores-gerais adjunto.

Por isso, Nyusi asseverou que o governo moçambicano vai fazer tudo o que for possível para tentar mitigar o impacto desta situação.

Perante as vítimas e as suas respectivas famílias no país quero manifestar a determinação do meu governo de tudo fazer para mitigar o sofrimento desses nossos irmãos, prestando-os toda assistência necessária, vincou.

Efectivamente, uma das medidas adoptadas pelo governo moçambicano, segundo o ministro dos negócios estrangeiros e cooperação, Oldemiro Baloi, foi pressionar as autoridades sul-africanas para tomarem medidas mais severas contra os prevaricadores como forma de tentar desencorajar actos desta natureza.

Baloi, que falava no término de uma sessão do Conselho de Ministros havida terça-feira em Maputo, anunciou que pelo menos 100 moçambicanos residentes na África do Sul já haviam manifestado o seu desejo de regressar ao país na sequência da intensificação da onda de ataques xenófobos que se registam em Durban.

Enquanto isso, a agência noticiosa
Lusa noticiou hoje que cerca de 600 moçambicanos, dos 22.000 que se estimam estar a viver em Durban, dos quais apenas 6.600 estão registrados no consulado, estão refugiados em centros de acolhimento na região de Durban.

Os ataques xenófobos já provocaram a morte de pelo menos dois moçambicanos.

Entretanto, o primeiro grupo de repatriados regressa hoje ao país, onde já foi criado um centro de trânsito.

Segundo a imprensa sul-africana a eclosão do actual surto de violência xenófoba é uma das consequências das declarações do Rei Goodwill Zwelithini, convidando os cidadãos estrangeiros de abandonar o país, embora ele tenha afirmado ter sido mal interpretado.

Em 2008, uma orgia de violência xenófoba, a pior de que há memória, culminou com a morte de pelo menos 62 pessoas, entre os quais vários moçambicanos. Na altura, mais de e mais de 15.000 moçambicanos regressaram ao país.


(AIM) ht/sg

ATAQUES XENÓFOBOS CHEGAM A JOANNESBURG



Adérito Caldeira – Verdade (mz)

Vários imigrantes fecharam as suas lojas na baixa de Johannesburg, a mais importante cidade comercial da África do Sul, nesta quarta-feira (15), com o receio de serem alvo dos sul-africanos que têm atacado estrangeiros, nas últimas semanas mataram cinco pessoas nos arredores da cidade de Durban, e obrigaram milhares a procurarem refúgio fora das suas residências. O Governo moçambicano afirma que vai usar “um modelo que funcionou em 2008”, altura em que pelo menos 20 moçambicanos foram mortos, um dos quais queimado vivo por cidadãos sul-africanos que nunca foram responsabilizados.

Alguns media sul-africanos reportaram focos de violência durante a manhã desta quarta-feira, o que levou a Polícia a reforçar a sua presença nas ruas, particularmente onde existem lojas de imigrantes.

A maioria dos imigrantes optou por fechar os seus pequenos estabelecimentos comerciais após receberam mensagens de texto ameaçadoras nos seus telemóveis. “Os zulus estão a chegar à cidade para matar todos os estrangeiros que encontrarem”.

Em Durban não param de aumentar os imigrantes, entre eles moçambicanos, que chegam aos campos de refugiados erguidos pelo Governo de Jacob Zuma.

Esta vaga de violência começou poucos dias depois de o rei zulu, Goodwill Zwelithini, ter, nos finais de Março, desafiado os estrangeiros "a fazerem as malas e irem embora" do país. Este apelo foi apoiado por Edward Zuma, filho do Presidente sul-africano, que disse à agência de notícias local, News24, que a África do Sul estava "em cima de uma bomba-relógio e eles (estrangeiros) a tomarem conta do país".

O Governo moçambicano, que só esta semana condenou os ataques xenófobos, anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para apoiar o regresso dos seus cidadãos do país vizinho. Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano, Oldemiro Baloi, está também prevista a abertura de centros de trânsito no sul de Moçambique para prestar assistência no repatriamento dos residentes na África do Sul que pretendam regressar, bem como no apoio à reinserção nas suas terras de origem.

"Temos um modelo que funcionou em 2008 e que está pronto para funcionar outra vez", declarou Oldemiro Baloi, à saída do Conselho de Ministros, nesta terça-feira (14) em Maputo. Entre Abril e Maio de 2008, o Governo de Moçambique prestou assistência no regresso de mais de 40 mil moçambicanos vítimas da xenofobia, e 23 cidadãos moçambicanos perderam a vida na altura.

A África do Sul, com uma população de cerca de 50 milhões de pessoas, é o lar de cerca de cinco milhões de imigrantes, muitos deles ilegais, que são apontados pelos sul-africanos como os responsáveis pelas altas taxas de criminalidade do país e pelas dificuldades sociais em que vivem.

Vivem ilegalmente, segundo as autoridades sul-africanas, mais de 800 mil zimbabweanos, 400 mil moçambicanos e 300 mil congoleses.

ISABEL OIÉ! ISABEL OIÉ!




Desde 2008 que a rainha santa Isabel dos Santos tem vindo a acumular um autêntico império em Portugal. Nada de anormal. O facto de ser filha do Presidente de Angola, no poder desde 1979 sem nunca ter sido nominalmente eleito, é perfeitamente irrelevante para a multiplicação dos ovos de ouro.

Segundo o Diário Económico, a esposa de Sindika Dokolo, recentemente medalha de ouro das “olimpíadas” demagógicas da Câmara Municipal do Porto, tem investimentos directos na banca, nas telecomunicações, na energia e no imobiliário, e indirectos em quase tudo o resto. Diz o jornal que já investiu um total de três mil milhões de euros em Portugal.

A próxima chocadeira deverá ser a compra de uma participação maioritária na Efacec Power Solutions pela módica quantia de 200 milhões de euros. Isabel dos Santos, indiferente à crise petrolífera do país onde o seu pai é rei, continua a não ter dificuldades em descobrir onde chocar os ovos de ouro.

Admitem os observadores que, ao comprar a Efacec, a rainha santa pretende transportar o centro de gravidade da multinacional para Angola, beneficiando das competências de engenharia do grupo que também atua nos sectores da energia, ambiente, serviços e transportes em vários países africanos, americanos e asiáticos.

E porque Isabel não põe os ovos todos numa única chocadeira, no que à banca diz respeito, Isabel dos Santos detém 19% do BPI e 42% no BIC. Caso se concretize a OPA dos espanhóis sobre o BPI – a empresária opõe-se ao negócio com o CaixaBank – Isabel dos Santos poderá sair do BPI e, segundo o Económico, investir noutros bancos, como o Millennium BCP ou o Banif. E só a participação de Isabel dos Santos no BPI, à cotação actual, vale 406 milhões de euros.

Nas telecomunicações, Isabel dos Santos é parceira da Sonae na ZOPT, holding que é dona da NOS, valendo hoje a sua participação na empresa cerca de 875 milhões de euros. Na energia, a filha do presidente vitalício de Angola detém 45% do capital da Amorim Energia, que por sua vez tem 38,4% da Galp. A posição indirecta da empresária na maior petrolífera portuguesa pode valer-lhe 1,6 milhões.

Feitas as contas, as participações de Isabel dos Santos em empresas cotadas em Portugal valem cerca de três mil milhões de euros, somando-se ainda, diz o Económico, os investimentos pessoais da empresária no sector imobiliário.

Nascida em 1973 em Baku (Azerbaijão, ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS), Isabel é a primeira filha de José Eduardo dos Santos, um presidente que é um sério candidato a um qualquer Prémio Nobel e, igualmente, uma figura cuja visão é muito superior – segundo os seus súbditos – a Amílcar Cabral e Nelson Mandela.

Perante a separação dos pais (a mãe é a jogadora de xadrez russa Tatiana Kukanova), Isabel foi viver com a mãe em Londres, onde estudou engenharia no King’s College, e conheceu seu futuro marido, Sindika Dokolo, com quem se casou em 2002.

Nessa época, contam os cronistas do reino, Isabel abriu o seu primeiro negócio, um bar na baía de Luanda. Terá sido nos recantos desse negócio que descobriu a mina ou chocadeira que a transformaria na mulher mais rica do continente africano… e arredores.

Os cronistas anti-regime (leia-se defensores de um Estado de Direito) falam que o autor do milagre é, isso sim, o seu pai que, no uso dos seus poderes (que gosta de dizer que são democráticos), tem uma comissão em tudo quanto envolva dinheiro. Ainda ontem foi notícia que todos os investimentos superiores a 10 milhões de dólares serão exclusivamente tramitados pelo Presidente da República

A ideologia socialista/comunista de Eduardo dos Santos só durou até o final dos anos 1990, altura em que já tinha quase 20 anos de comando do regime. Foi então que, por obra divina, abraçou o capitalismo e começou a assinar contratos de concessão com o capital privado estrangeiro para a exploração dos inesgotáveis recursos naturais que deveriam ser de todos mas que, obviamente, passaram a ser seus e dos seus comparsas.

Por alguma razão, afirmam os cronistas anti-regime, cerca de 70% da população sobreviva com menos de dois dólares por dia e, segundo a organização Transparency International, no mundo há apenas 10 países mais corruptos do que Angola (posição 168 no ranking entre os 178 países analisados).

Passada a fase do bar, Isabel entra de alma, coração e tudo o mais no negócio dos diamantes. O presidente cria a Endiama, empresa estatal para a exploração dos mesmos, aparecendo a sua filha como proprietária de 25% da sociedade.

Por outro lado, já incapaz de dar luz ao seu Povo, muito menos – como outrora – ao mundo, Portugal regressa em força a Angola. Foi o caso do “descobridor” Américo Amorim que, a bordo de uma lucrativa nau de cortiça, consegue que Eduardo dos Santos conceda uma licença a um banco privado, o BIC. E, na velha tradição, Isabel dos Santos lá aparece com 25%. E, ganhando-lhe o gosto, Isabel leva tudo à sua frente.

Isabel dos Santos, como bem defendem os cronistas e arautos do regime, rejeita as insinuações de que seus negócios estão muito relacionados com a presidência vitalícia do seu pai. Faz sentido. Importa não esquecer que, como ela disse ao “Financial Times”, aos seis anos de idade vendia ovos como uma qualquer zungueira dos nossos dias.

O seu marido, o tal a quem o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, atribuiu a medalha de ouro da cidade, é mais assertivo quando fala da Isabel: “É muito tranquila e muito estável, gosta de ter uma perspectiva a longo prazo. Possui três qualidades que a transformam na grande força de Angola: autoconfiança, estabilidade e ambição.”

Enquanto isso, no final do século passado nasceu, obviamente por decreto presidencial, a primeira operadora de telecomunicações privada de Angola, a Unitel. Em 2001, entrou no negócio de telefonia móvel, já com 25% nas mãos de Isabel dos Santos. Apenas um ano depois, a Portugal Telecom (PT) pagou uma batelada de dinheiro para ficar com 25% da empresa angolana.

A Unitel é a maior operadora privada de Angola, com mais de 10 milhões de clientes, quase metade da população, e com lucros elevados.

Recentemente aporta nas praias lusitanas a Terra Peregrin, a empresa que Isabel dos Santos usou para lançar a OPA (Oferta Pública de Aquisição) à PT SGPS. Foi criada no dia 7 de Novembro de 2014 e tem um capital social de 51 mil euros.

Alguns supostos especialistas portugueses revelaram, indignados, que a Terra Peregrin possui dois administradores, Isabel dos Santos e Mário Leite, o homem forte da filha do Presidente para os negócios em Portugal, e que o capital social é ridículo tento em conta que ofereceu 1,21 mil milhões de euros pela Portugal Telecom, 1,35 euros por acção.

Ao que parece, os areópagos políticos e jornalísticos de Lisboa estão a duvidar da sustentabilidade financeira da Terra Peregrin (pelo seu parco capital social, 51 mil euros), bem como da sua idoneidade empresarial, por ter sido fundada há poucos dias.

Ledo engano. Dinheiro é coisa que não falta a Isabel dos Santos. Para ela tanto faz ter um capital social de 51 mil euros, 510 mil, ou cinco milhões. O montante foi escolhido por que era suficiente para mexer com as águas putrefactas em que se encontra a PT.

Quanto a ser uma empresa recente, não parece ser um argumento válido. Em Angola, por exemplo, até seria possível à filha do Presidente avançar com uma empresa a constituir futuramente.

Além disso, como cortina de fumo (espesso e opaco) foi uma jogada de mestre. Enquanto o pessoal anda entretido com estas histórias de embalar (tolos, sipaios e similares), Isabel está calmamente a preparar outras jogadas, outras compras. É só esperar.

Folha 8 (ao)

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Cabinda - Angola. FALTA DE SOLUÇÃO DO GOVERNO PROVOCA CONTESTAÇÃO




Angola gasta muito dinheiro em segurança e “têm que inventar ameaças e têm de inventar vítimas para mostrar trabalho”, diz o padre Raul Tati.

O padre angolano Raul Tati afirmou hoje que a situação vivida na província de Cabinda nos últimos dias, em termos de direitos humanos, resulta da falta de uma “solução do Governo de Angola” para aquela região.

Raul Tati, igualmente activista, falava à agência Lusa à margem de uma conferência sobre direitos humanos, em Luanda, comentando as recentes detenções de activistas angolanos naquele enclave, onde também reside, quando tentavam organizar manifestações de contestação.

Defendeu que o que está acontecer em Cabinda é “o recrudescimento da repressão contra todas aquelas vozes sonantes e dissidentes do Memorando do Namibe”, acordado em 2006, então colocando de parte a autonomia daquele enclave.

“O que está a acontecer é que praticamente todas essas pessoas estão a ser perseguidas e são aquelas que não aderiram ao Memorando de Entendimento e o Governo de Angola tenta fazer um forcing para que os cabindas o aceitem como uma solução para o problema de Cabinda”, referiu Tati.

A conferência sobre “O Direito à Verdade e à Memória Coletiva como Direitos Humanos na Construção do Estado Democrático de Direito”, organizada pela Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), decorre na capital angolana até amanhã.

Tati, que é também professor universitário, considera que a situação em Cabinda – um dos temas analisados neste fórum – decorre da necessidade de os serviços de segurança justificarem as elevadas verbas disponibilizadas pelo Governo para garantir a segurança naquela província, no norte de Angola.

“Cabinda é uma questão estratégica para Angola, então metem muito dinheiro por questões de segurança e eles de tempos em tempos têm que inventar ameaças e têm de inventar vítimas para mostrar trabalho e de alguma maneira garantir as suas promoções, isso é que está a acontecer em Cabinda”, explicou.

“Não posso entender que um jovem civil, que trabalha honestamente para a Chevron [petrolífera norte-americana que opera no enclave], se lhe possa imputar crimes de terrorismo, que está a preparar explosivos para fazer explodir o aeroporto, isso não cabe na cabeça de ninguém, só pode ser daquelas invenções macabras”, disse Tati em alusão à detenção do activista de direitos humanos José Marcos Mavungo.

Marcos Mavungo e o presidente do Conselho Provincial de Cabinda da Ordem de Advogados de Angola, Arão Tempo, estão detidos desde 14 de Março na sequência de uma tentativa de manifestação contra a má governação e violação dos direitos humanos na província.

No passado sábado, mais três pessoas – Alexandre Kuanga, Zeferino Puati e o sobrinho deste – foram detidas na sequência do anúncio da realização de uma manifestação – igualmente frustrada – para exigir a libertação de Marcos Mavungo e Arão Tempo.

Lusa, em Rede Angola - na foto padre Raul Tati

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